Associações
ameaçam ir à Justiça para impedir que médicos estrangeiros atuem no SUS.
BRASÍLIA
- As entidades médicas nacionais divulgaram neste sábado, 22, nota de repúdio
ao anúncio da presidente Dilma Rousseff de que médicos de outros países irão
ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em carta aberta aos
médicos e à população brasileira, a Associação Médica Brasileira (AMB), a Associação Nacional de Médicos
Residentes (ANMR), o Conselho
Federal de Medicina (CFM) e a
Federação Nacional dos Médicos (Fenam)
manifestam preocupação com a medida e ameaçam ir à Justiça para evitar a
entrada de médicos estrangeiros no País. Afirmam que "o caminho trilhado é
de alto risco e simboliza uma vergonha nacional".
Segundo
estas entidades, a decisão de importar médicos expõe a população, sobretudo a
parcela mais vulnerável e carente, "à ação de pessoas cujos conhecimentos
e competências não foram devidamente comprovados".
Para elas, a medida
"tem valor inócuo, paliativo, populista e esconde os reais problemas que
afetam o SUS".
Com
o objetivo de conter as manifestações que ocorrem pelo País, a presidente fez
na sexta um pronunciamento, em cadeia nacional de rádio e televisão, e informou
que irá conversar, nos próximos dias, com os chefes dos outros poderes,
governadores e prefeitos para tentar fazer um grande pacto em torno da melhoria
dos serviços públicos.
Entre as linhas de ação, está trazer de imediato
milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do SUS.
As
entidades lembram que Dilma foi vítima de grave problema de saúde, há alguns
anos quando foi tratada por centros de excelência do País, com médicos
capacitados em escolas brasileiras. "O povo quer acesso ao mesmo e não
quer ser tratado como cidadão de segunda categoria, tratado por médicos com
formação duvidosa e em instalações precárias", reagem.
A
nota de repúdio diz que os "médicos importados" não irão compensar a
falta de leitos, de medicamentos e de ambulâncias, além das más condições dos
hospitais, e cobram ações e recursos para a área da saúde. "Os protestos
não pedem médicos estrangeiros, mas um SUS público, integral, gratuito, de
qualidade e acessível a todos.
É preciso reconhecer que é a falta de
investimentos e a gestão incompetente desse sistema que afastam os médicos
brasileiros do interior e da rede pública, agravando o caos na
assistência", avaliam.
As
associações afirmam que os médicos e a população não admitirão que se coloque
em risco o futuro de um modelo enraizado na Constituição e a vida dos cidadãos
brasileiros. Tomarão todas as medidas possíveis, inclusive jurídicas, para
assegurar o Estado Democrático de Direito no Brasil, com base na dignidade
humana.
Fonte: Agência Estado / Renata Veríssimo
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