A Sociedade Brasileira de
Ortopedia e Traumatologia denunciou que em todos os grandes hospitais
brasileiros persistem filas de até cinco anos para que um paciente do SUS seja
operado para receber uma prótese.
As filas existem não por falta de médicos,
mas porque o governo não financia a infraestrutura, não dá condições de
trabalho, principalmente na área de urgência e emergência e faltam salas
cirúrgicas, ambulatórios, equipamentos para anestesia, aparelhos para exames de
imagem, material e financiamento, afirmam os ortopedistas.
Ao anunciar total apoio da
SBOT ao manifesto A Saúde Pública e a Vergonha Nacional, divulgado pelo
Conselho Federal de Medicina, AMB, ANMR e FENAM, o presidente da entidade,
Flávio Faloppa, garantiu que “os 10 mil ortopedistas brasileiros são mais que
suficientes para atender a toda a população necessitada, a eliminar as filas
nos hospitais, desde que sejam dadas a eles as mínimas condições necessárias”.
Enquanto essas condições não
são garantidas e o governo federal engana a população, dizendo que basta trazer
médicos de fora para resolver o problema, “há dezenas de milhares de vítimas de
acidentes de trânsito, de motocicleta, principalmente, incapacitados de
trabalhar porque não há condições de infraestrutura para promover a cirurgia
reparadora”, insiste Faloppa, para quem o mais grave problema do setor é a
falta de atendimento decorrente da carência de meios, não de médicos.
O símbolo dessa carência de
infraestrutura pode ser visto toda manhã nas estradas paulistas, diz o
especialista, por onde trafegam dezenas de ambulâncias vindas das cidades do
Interior, para descarregar os pacientes nos poucos hospitais da Capital que tem
infraestrutura, entenda-se o equipamento adequado para atender a um
politraumatizado ou a um idoso que sofreu uma fratura decorrente da
osteoporose.
Flávio Faloppa, que integra
os quadros do Hospital São Paulo, pertencente à Unifesp, exemplifica dizendo
que no hospital em que trabalha, um dos melhores do Brasil, a fila para colocar
uma prótese de quadril, de joelho ou para uma revisão – substituição da prótese
após uma década de uso – é de cinco anos, “mas eu tenho médicos,
pós-graduandos, professores, anestesistas e pessoal de enfermagem mais que
suficiente para zerar essa fila em pouquíssimo tempo, se houvesse recursos para
fazer mais de duas próteses de semana, que é o número que nossa equipe está
autorizada a fazer”.
Para o especialista, a
situação é idêntica nos demais hospitais de São Paulo, Santa Marcelina,
Hospital das Clínicas entre eles, e nos grandes hospitais do Brasil inteiro, e
não é fazendo festas que representarão votos nas Prefeituras das pequenas
cidades, quando os médicos estrangeiros chegarem, que o problema será
resolvido.
“Temos depoimento de dezenas de ortopedistas os quais, idealistas,
foram trabalhar em cidades pequenas, logo depois de se formarem, e acabaram
voltando”, diz ele, “porque o médico é o elo final de uma corrente que precisa
preexistir, ou então o profissional se torna inútil”.
Exame
rigoroso é absolutamente necessário
A SBOT lembra também que um
médico formado no Brasil só recebe o título de Ortopedista depois de passar
pelo TEOT, um exame muito rigoroso, que só na parte teórica tem 200 perguntas e
demora quatro horas para ser feito, depois do qual o candidato a ortopedista
precisa examinar uma pessoa que faz o papel de paciente na frente de um grupo
de professores.
Para Faloppa, a Medicina e
em especial a Ortopedia evolui tão rapidamente que, mesmo os ortopedistas
formados no Brasil, onde o curso dura seis anos, depois dos quais fazem três
anos de residência médica, seguindo-se a especialização de pelo menos mais um
ano, precisam se submeter à Educação Continuada oferecida pela SBOT, para
acompanhar o “estado da arte” na Ortopedia.
E não tem cabimento algum, diz, que
o Brasil importe como ‘médicos’ pessoas que se formaram nas mesmas Faculdades
cubanas das quais dezenas de brasileiros escolhidos por sua filiação partidária
vieram recentemente diplomados, mas incapazes de passar num exame para
validação dos seus conhecimentos o qual, no ano passado, teve mais de 92% de
reprovados.
Ao concluir, o presidente da
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia afirmou que, “como sempre, o
Governo acena com uma solução milagrosa, tenta mostrar que basta trazer alguns
milhares de médicos do exterior e o problema estará resolvido, porque essa
decisão demagógica é muito mais barata e mais visível do que o trabalho
necessário e inadiável, de melhorar a infraestrutura de saúde do Brasil”.
Grifo nosso
Fonte: SBOT
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