A
agressão contra médicos vem ganhando cada vez mais expressão, tanto no sistema
público quanto privado de saúde.
No Estado de São Paulo, 47%
dos médicos conhecem um colega que viveu algum episódio de violência por parte
de pacientes.
Outros 17% foram vítimas e tiveram conhecimento
colegas que viveram essa situação, sendo que 5% deles sofreram agressão
pessoalmente.
Preocupados
com a escalada de violência contra profissionais de saúde, o Cremesp o Conselho Regional de Enfermagem do Estado
de São Paulo (Coren), realizaram pesquisas sobre o tema.
Para
compreender melhor a situação, o Cremesp encomendou a pesquisa Percepção da
Violência na relação médico-paciente ao Datafolha, ouvindo 617 médicos e 807 cidadãos em setembro e outubro deste ano, na
Capital e Interior do Estado.
Os
resultados dos estudos foram apresentados em coletiva à imprensa pelo
presidente do Cremesp, Bráulio Luna Filho, e pela presidente do Coren-SP,
Fabíola Mattozinho, na manhã desta
quarta-feira, 9 de dezembro, na
nova Sede do Cremesp.[...]
Em
ação conjunta, Cremesp e Conselho Regional de Enfermagem de SP (Coren-SP)
levaram a discussão do problema ao secretário de Segurança Pública do Estado,
Alexandre de Moraes, em busca de soluções.
Pesquisa com médicos
►
47% tiveram conhecimento de episódios de violência com algum colega;
►17%
sofreram violência e tiveram conhecimento de agressões a colegas de profissão,
sendo a maioria médicos jovens (78% de 24 a 34 anos) e mulheres (8%) mais que
homens (3%); já 5% relataram ter sido agredidos pessoalmente; desses, 20%
sofreram agressão física; em 70% desses casos a agressão foi por praticada pelo
paciente;
►
84% dos que sofreram agressão alegam terem sido atacados verbalmente, 80%
sofreram agressão psicológica;
►
60% alegam que os problemas geralmente acontecem durante a consulta;
►
32% dos médicos relataram que episódios de violência acontecem sempre ou quase
sempre;
►
85% dos profissionais têm a percepção de que os episódios ocorram mais no SUS.
Pesquisa com população
►
34% dos cidadãos entrevistados afirmam ter passado por alguma situação de
stress no atendimento à Saúde nos últimos doze meses;
►
10% destes relatam ter tomado alguma atitude, como reclamar da qualidade do
atendimento médico (6%); reclamar do atendimento na recepção (3%); etc;
►
Também entre os que disseram que tiveram um momento de stress, são poucos os
que afirmaram ter praticado agressão verbal; 35% afirmaram que presenciaram
este tipo de agressão, 14% presenciaram ameaças psicológicas e 4%, agressões
físicas;
►24%
destes relatam que o stress ocorre na recepção do local de atendimento; 9% em
procedimentos médicos; 5% na espera pelo atendimento;
►
Os agressores se disseram levados pelo comportamento do médico (mal educado,
irônico ou desrespeitoso com o médico ou porque teria demonstrado falta de
atenção, insensibilidade para ouvir o problema etc), pela qualidade dos médicos
(prescrição ou medicação errada, despreparo) ou por conta do atendimento
demorado.
Insatisfação pela demora no
atendimento é principal causa de violência
Para os médicos:
►
39% dos médicos consideram como principais causas das agressões o comportamento
do paciente, que estariam insatisfeitos com a Saúde Pública e descontam nos
profissionais;
►
29% disseram que o problema é o atendimento no hospital, com muita demora e
que, com isso, o paciente entra no atendimento estressado porque há muitos
pacientes e poucos médicos;
►
11% dos entrevistados atribuem o stress à falta de estrutura, com hospitais
superlotados e sem suporte para atendimento.
►
5% admitem que os episódios acontecem por conta do comportamento dos colegas
que não atendem como deveriam, não examinam, não dão atenção ou erram
diagnósticos.
Para a população:
►
41% dos cidadãos paulistas acreditam que a principal causa das agressões
sofridas por médicos é o atendimento (demora, stress, muitos pacientes para
poucos médicos, consultas muito rápidas e superficiais);
►19%
dos entrevistados também relataram que se incomodam com o comportamento/postura
dos médicos, alegando que eles não dão atenção, são insensíveis, arrogantes,
não tem paciência etc.;
►
18% dizem que o atendimento nos hospitais também leva a situações de agressão e
reclamam da falta de estrutura, atendimento precário, superlotação e demora
para ser atendido no pronto-socorro, entre outros. Essa percepção não sofre
muita oscilação em relação ao tipo de atendimento (SUS, saúde suplementar ou
particular).
Satisfação dos médicos com a
profissão
►
Quando pensam na profissão três anos atrás, 55% dos médicos entrevistados
disseram que estavam satisfeitos com a profissão, consideração que passou a 45%
atualmente;
►
Médicos de 24 a 34 anos (61%) e com mais de 60 anos (60%) são os mais
satisfeitos com a profissão;
►
Para 77% dos médicos as condições de trabalho pioraram nos últimos três anos;
e
a sensação é maior entre as mulheres médicas (81%) e os médicos jovens (82%);
quanto ao local de trabalho, não há muita disparidade: para 78% as condições
pioraram no SUS; 77%, no atendimento particular; e 76%, na saúde suplementar.
Satisfação dos pacientes com
os serviços de Saúde
►Na
percepção dos cidadãos, apesar das queixas e situações que podem gerar stress,
os serviços público e privado têm avaliações semelhantes e boas, principalmente
em relação a procedimentos específicos (nota média de 9,5), cirurgias (9,4),
internações hospitalares (9) e exames de laboratório (8,3), atendimento médico
da rede pública em casa (8,3) e remédios gratuitos (8,2);
►
O serviço pior avaliado é o pronto-socorro (6,6), seguido pelos postos de saúde
(7,0) e consultas com médicos (7,9).
Grifo nosso
Fonte: Cremesp/saudejur
Imagem:vitorjaci.com.br
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