Em vez de fazer uma romaria
de médico em médico,
cada um especialista em uma coisa, a professora Maria Alice Rondini, 46, só vai
em um: no médico de família Giuliano Dimarzio, de Amparo (a 59 km de Campinas).
É
assim desde 2007, quando Dimarzio passou a cuidar da avó dela, que até então ia
em vários especialistas. "Cada um receitava um remédio e, quando acontecia
uma emergência, não sabíamos para quem ligar. Estávamos perdidos", diz
Maria Alice.
Após
cuidar da avó, Dimarzio herdou a família toda: além de Maria Alice, foi médico
de seu avô e de seu pai.
"Ele já sabe toda a história da família.
Tenho o celular dele e o Facebook. Quando preciso de um especialista, ele que
indica. Isso dá segurança, é como aquele médico de antigamente."
Esse
modelo de cuidado focado no paciente, e não na doença, tem se espalhado no
Brasil nos últimos quatro anos, segundo Thiago Trindade, presidente da SBMFC
(Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade).
Os
especialistas na área, que até então eram quase todos absorvidos pelo sistema
público de saúde e atendiam famílias de baixa renda, têm migrado para o serviço
privado, seja para convênios ou consultório particular.
Trindade
estima que dos 5.000 especialistas da Sociedade, 10% já trabalhem no sistema
particular. "Há cinco anos, eram só 10 ou 15 médicos de família que
atendiam fora do serviço público", diz.
MÉDICO CONCIERGE
O crescimento é uma
tendência mundial que
surgiu como resposta à superespecialização de medicina.
Nos
EUA, esse profissional foi denominado "médico concierge":
generalistas que ficam disponíveis 24 horas que até acompanham o paciente em
visitas a especialistas.
Isso
ainda não existe por aqui. Dimarzio, por exemplo, faz atendimentos
domiciliares, fica sempre disponível e indica especialistas, mas não acompanha
consultas.
"A nossa principal
função é coordenar o cuidado, e isso inclui uma interação com outros
profissionais",
diz Dimarzio, que atua na área há nove anos. Em 2014, sua lista de pacientes
cresceu 25%.
A
consulta com outros especialistas é uma exceção. Em geral, os generalistas são capazes de solucionar 80% dos casos que chegam a
eles, de acordo com Rodrigo Lima, diretor da SBMFC. "Mesmo quando
encaminhamos, continuamos responsáveis pelo paciente", diz. [...]
[...] A maior disponibilidade tem um preço.
Boa parte desses médicos não
atende por planos de saúde e uma consulta, com retorno, pode custar R$ 500. [...]
[...] A
atuação generalista não é exclusividade da médicos da família.
Geriatras,
cardiologistas e os chamados clínicos gerais também podem agir assim. [...]
[..]
Os planos de saúde já perceberam isso.
Em
algumas capitais, a Unimed tem um projeto piloto em que médicos de família
ficam responsáveis pelo encaminhamento do paciente dentro do sistema.
"Isso
reduz o percurso da pessoa. Evita consultas e exames desnecessários e idas e
vindas ao pronto atendimento", diz José Ferreira, diretor de provimento de
saúde da Unimed de Belo Horizonte.
Grifo nosso
Fonte: Jornal Folha de São Paulo / Juliana Vines
Imagem: ptdreamtime.com
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