Em audiência na Comissão de Seguridade e Família da Câmara
dos Deputados, médicos, odontólogos e parlamentares divergiram nesta
terça-feira (14) sobre o projeto de lei (PL 9001/17, do Senado) que autoriza a
prescrição da ozonioterapia como tratamento médico de caráter complementar.
A
principal discordância foi em relação a existência de estudos científicos que comprovem
a eficácia da prática.
O ozônio é um gás
formado por três moléculas de oxigênio. Procedimento utilizado desde o final do
século 19 em diversos países, a ozoniterapia é a mistura de oxigênio e ozônio
usada como antibactericida em infecções agudas e crônicas, problemas
inflamatórios e dores crônicas (principalmente as de coluna e artrose de
joelho), para evitar a amputação de pés de diabéticos e em variados tratamentos
odontológicos, entre outras formas de medicação complementar às terapias
tradicionais.
Relatora
da proposta, a deputada Carmen Zanotto (PPS-SC), que é enfermeira de formação,
pediu cautela na análise do tema. “Na área da saúde, a
gente tem de ter muito cuidado porque é necessário ter a comprovação do uso
clínico de algumas terapias. O que me
preocupa bastante são as afirmações, sem base científica, de que a
ozonioterapia cura várias patologias”, disse.
Conflito
de interesses
Por
sua vez, a médica Maria Emília Gadelha Serra, da Associação Brasileira de
Ozonioterapia, afirmou que essa prática está
cientificamente comprovada e tem um custo bem mais barato que os medicamentos
tradicionais.
Segundo
ela, há interesses da indústria farmacêutica e do próprio Conselho Federal de
Medicina (CFM) em impedir o uso da ozonioterapia. “Infelizmente, há uma série de
dificuldades, começando por preconceitos e terminando em conflitos de
interesses: presença de membros convidados na câmara técnica ligados à
indústria de curativos, além de lobistas contratados pelo próprio CFM para
atuar junto a deputados e senadores”, declarou.
Na opinião dela, os
estudos sobre a ozonioterapia são frágeis. “As pesquisas existentes deixam
dúvidas se o que funciona é o ozônio ou ocorre uma autossugestão do paciente,
que acredita que vai melhorar. Os estudos têm de eliminar a possibilidade de
interferências no resultado”, argumentou.
Odontologia
Representante do Conselho Federal de Odontologia, o
dentista e pesquisador da Universidade de São Paulo Carlos Goes Nogales defendeu a ozonioterapia, que, de
acordo com ele, já foi formalmente aceita pela entidade.
“A aplicação na
odontologia é bem ampla e superdocumentada. Pode ser utilizada em praticamente
todas as especialidades: tratamento de canal, de cáries, inflamação gengival,
em cirurgias, auxiliando a recuperação e a cicatrização”, comentou.
Cautela
Assim como a relatora,
os deputados Hiran Gonçalves (PP-RR), Juscelino Filho (DEM-MA), que é
presidente da Comissão de Seguridade Social e Família, e Mandetta (DEM-MS),
todos médicos, recomendaram cautela na análise do projeto de lei que autoriza a
prescrição da ozonioterapia como tratamento médico complementar.
Grifo nosso
Fonte: poderesaude.com.br
Imagem:
drestevamluiz.med.br
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