Vários grupos de defesa
dos direitos das mulheres estão fazendo uma forte campanha na Inglaterra para que
elas possam abortar em casa.
O
aborto é legal no país desde 1967, mas a legislação
inglesa ainda exige que todos os procedimentos abortivos sejam feitos num hospital
ou clínica especializada.
Por conta das normas
escritas há mais de 50 anos, as mulheres inglesas são obrigadas a se deslocar
para as clínicas mesmo nos casos em que podem simplesmente tomar pílulas para
interromper a gravidez nos primeiros meses.
Trata-se
de um procedimento muito simples. A mulher tem que tomar duas pílulas, com uma
diferença de cerca de 48 horas entre elas.
O aborto começa cerca
de 30 minutos depois da ingestão da segunda pílula. Mas as mulheres costumam
ser liberadas das clínicas assim que tomam a última medicação.
Afinal, a legislação
exige a presença de uma enfermeira no momento da ingestão da pílula. Mas não há
nenhuma necessidade de internação ou de acompanhamento médico nesses casos.
Como resultado, muitas
começam a sentir os feitos do aborto —incluindo sangramentos, náuseas e fortes
cólicas— no táxi, ônibus ou trem a caminho de casa.
Para evitar o
constrangimento e o desconforto, muitas inglesas passaram a comprar ilegalmente
as pílulas pela internet. Nestes casos, não há nenhuma garantia da qualidade do
medicamento.
As autoridades de saúde
da Escócia e do País de Gales, que assim como a Inglaterra e a Irlanda do Norte
formam o Reino Unido, já resolveram o problema e liberaram o uso das pílulas em
casa.
Nos dois países, as
mulheres podem procurar as clínicas e lá obtém as duas pílulas depois de uma
consulta médica. A primeira é tomada na própria clínica e a segunda, em casa,
onde o aborto acontece.
Mas na Inglaterra essa
decisão ainda não foi tomada e os grupos de mulheres passaram a pressionar o
governo para agir.
O Royal College of
Obstetricians and Gynaecologists (Colégio Real de Obstetras e Ginecologistas)
também decidiu apoiar esses grupos de direitos das mulheres.
O presidente do RCOG,
Professor Lesley Regan, afirmou recentemente que as mulheres deveriam ter
liberdade para tomar a segunda pílula em casa.
“Nós sabemos que esse
procedimento em casa é seguro, muito eficiente e que as mulheres o preferem”,
disse ele, ao pedir que o governo revise a legislação.
A Organização Social da
Saúde (OMS) também defende a prática em casa.
O novo ministro da
Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, está agora sob pressão para decidir se o
procedimento será liberado para as inglesas da mesma forma que foi para as
escocesas e galesas —onde as autoridades locais decidiram fazer a mudança sem
consultar Londres.
É provável que a norma
seja alterada. Ela manteria a segurança das mulheres e acabaria com a diferença
de procedimentos entre as diversas partes do Reino Unido.
Grifo nosso
Fonte: folhaonline/Américo
Martins
Imagem: elo7.com.br
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