quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Senado Federal: Para especialistas, fibromialgia deve ser considerada doença crônica

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Em audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), nesta quarta-feira (17), especialistas defenderam a classificação da fibromialgia como doença crônica e a oferta de tratamento adequado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para os casos identificados.

Ainda não aceita por muitos médicos e de difícil diagnóstico, a doença é caracterizada por dores por todo o corpo, sensibilidade nas articulações e músculos, entre outros sintomas.

Requerida pela senadora Ana Amélia (PP-RS), a audiência contou com a presença de representantes do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor, da Associação Brasileira de Fibromiálgicos (Abrafibro) e de médicos.

De acordo com os especialistas, o tratamento da fibromialgia deve ser acompanhado por vários profissionais da saúde e não apenas por médicos.

Segundo o coordenador de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas do Ministério da Saúde, Sandro José Martins, a diretriz clínica para o controle do paciente com dor crônica apresenta a orientação para o paciente com fibromialgia, destacando a importância de tratamentos não farmacológicos, como acupuntura, exercícios físicos, terapia, entre outros.

Martins afirmou que a fibromialgia, apesar de não ser uma doença progressiva, demanda cuidado total do paciente, e o medicamento pode ter papel importante quando as dores se acentuam. O mais importante, no entanto, disse ele, é o autocuidado e o conhecimento sobre sua doença.

Fibromialgia é uma doença crônica? Se a gente entender a definição da Organização Mundial de Saúde, é uma condição permanente, incurável, produz incapacidade e alguma limitação residual, tem causas não muito bem conhecidas, mas irreversíveis, exige educação e reabilitação para essa pessoa poder ter uma vida funcional.

Então, não preenche um ou dois, mas todos os critérios para ser considerada uma doença crônica nos termos sanitários — firmou Martins.

Ao final da audiência pública, a senadora Ana Amélia informou sua intenção de propor um projeto para que a doença seja classificada como crônica. [...]

Doença feminina

De acordo com a médica e pesquisadora da fibromialgia, Elia Tie Kotaka, a síndrome atinge um homem para cada 20 mulheres.

Segundo a diretora-geral da Abrafibro, Sandra Santos Silva, cerca de 16 milhões de pessoas no Brasil sofrem da doença.

O diretor da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor, Paulo Renato da Fonseca, afirmou que a fibromialgia não é uma doença psiquiátrica nem reumatológica, mas, sim, neurológica.

Comparando-a ao computador, explicou que a dor da fibromialgia não está no hardware, ou seja, na máquina física, mas no software, isto é, nos programas do computador.

— Eu tenho 30 anos de formado e me dedico ao estudo da dor nos últimos 15 anos.

A síndrome dolorosa mais difícil de tratar é exatamente a síndrome de dor difusa, em que a síndrome dolorosa miofacial e a fibromialgia estão elencadas — afirmou.

De acordo com Elia Kotaka, que escreveu um livro sobre a fibromialgia, a síndrome tem um espectro muito amplo, mas a dor é uma das características.

A médica afirmou que tanto a Organização Mundial da Saúde quanto a Sociedade Brasileira de Reumatologia aceitam critérios para a classificação da síndrome publicados em um estudo de 1980 na Universidade do Kansas, nos Estados Unidos.

Elia explicou ainda que o início da doença geralmente se dá quando a pessoa tem alguma perda, seja a de um amor ou de um trabalho. A pesquisadora explicou ainda o motivo de ser mais frequente na mulher.

— É uma situação psicológica em que a mulher se sente num estágio diferente de evolução quanto ao seu psiquismo. Ela tem um apego mais ao pai ou mais à mãe, o que faltou para apoiá-la na condução da sua vida normal. Amor, desamparo e dor: são condições que realmente estimulam a incidência da fibromialgia. Seja o desamparo que ela sente em casa, seja o desamparo na sociedade — afirmou.[...]

Grifo nosso
Fonte: Agência Senado
Imagem:vencendoafibromialgia.blogspot.com

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