Em audiência pública na Comissão
de Assuntos Sociais (CAS), nesta quarta-feira (17), especialistas
defenderam a classificação da fibromialgia como doença crônica e a oferta de
tratamento adequado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para os casos
identificados.
Ainda não aceita por muitos médicos e de difícil diagnóstico, a doença
é caracterizada por dores por todo o corpo, sensibilidade nas articulações e
músculos, entre outros sintomas.
Requerida pela senadora Ana Amélia (PP-RS), a audiência contou com a presença
de representantes do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira para o Estudo
da Dor, da Associação Brasileira de Fibromiálgicos (Abrafibro) e de médicos.
De acordo com os especialistas, o
tratamento da fibromialgia deve ser acompanhado por vários profissionais da
saúde e não apenas por médicos.
Segundo o coordenador de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas do
Ministério da Saúde, Sandro José Martins, a diretriz clínica para o controle do
paciente com dor crônica apresenta a orientação para o paciente com
fibromialgia, destacando a importância de tratamentos não farmacológicos, como
acupuntura, exercícios físicos, terapia, entre outros.
Martins afirmou que a fibromialgia, apesar de não ser uma doença
progressiva, demanda cuidado total do paciente, e o medicamento pode ter papel
importante quando as dores se acentuam. O mais importante, no entanto, disse
ele, é o autocuidado e o conhecimento sobre sua doença.
— Fibromialgia é uma doença
crônica? Se a gente entender a definição da Organização Mundial de Saúde, é
uma condição permanente, incurável, produz incapacidade e alguma limitação
residual, tem causas não muito bem conhecidas, mas irreversíveis, exige
educação e reabilitação para essa pessoa poder ter uma vida funcional.
Então, não preenche um ou dois, mas todos os critérios para ser
considerada uma doença crônica nos termos sanitários — firmou Martins.
Ao final da audiência pública, a
senadora Ana Amélia informou sua intenção de propor um projeto para que a
doença seja classificada como crônica. [...]
Doença feminina
De acordo com a médica e pesquisadora da fibromialgia, Elia Tie Kotaka,
a síndrome atinge um homem para cada 20
mulheres.
Segundo a diretora-geral da Abrafibro, Sandra Santos Silva, cerca de 16
milhões de pessoas no Brasil sofrem da doença.
O diretor da Sociedade Brasileira
para o Estudo da Dor, Paulo Renato da Fonseca, afirmou que a fibromialgia não é
uma doença psiquiátrica nem reumatológica, mas, sim, neurológica.
Comparando-a ao computador, explicou que a dor da fibromialgia não está
no hardware, ou seja, na máquina física, mas no software, isto é, nos programas
do computador.
— Eu tenho 30 anos de formado e me dedico ao estudo da dor nos últimos
15 anos.
A síndrome dolorosa mais difícil de tratar é exatamente a síndrome de
dor difusa, em que a síndrome dolorosa miofacial e a fibromialgia estão
elencadas — afirmou.
De acordo com Elia Kotaka, que escreveu um livro sobre a fibromialgia,
a síndrome tem um espectro muito amplo, mas a dor é uma das características.
A médica afirmou que tanto a Organização Mundial da Saúde quanto a
Sociedade Brasileira de Reumatologia aceitam critérios para a classificação da
síndrome publicados em um estudo de 1980 na Universidade do Kansas, nos Estados
Unidos.
Elia explicou ainda que o início
da doença geralmente se dá quando a pessoa tem alguma perda, seja a de um amor
ou de um trabalho. A pesquisadora explicou ainda o motivo de ser mais
frequente na mulher.
— É uma situação psicológica em que a mulher se sente num estágio
diferente de evolução quanto ao seu psiquismo. Ela tem um apego mais ao pai ou
mais à mãe, o que faltou para apoiá-la na condução da sua vida normal. Amor,
desamparo e dor: são condições que realmente estimulam a incidência da
fibromialgia. Seja o desamparo que ela sente em casa, seja o desamparo na
sociedade — afirmou.[...]
Grifo nosso
Fonte: Agência Senado
Imagem:vencendoafibromialgia.blogspot.com
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