Instituições têm problemas na ampliação de unidades e com déficit de
professores.
Com universidades funcionando em prédios alugados e déficit de
professores, o Ministério da Educação (MEC) vai congelar nos próximos dois anos a ampliação de vagas no ensino
superior em universidades federais.
Paulo Barone, secretário da Educação Superior, disse que a prioridade nos investimentos será para
"assegurar a continuidade do processo de expansão que está em
andamento".[...]
[...]O congelamento deixa o País ainda mais distante da meta do Plano
Nacional de Educação que prevê ampliar a taxa bruta de matrícula na educação
para 50% da população de 18 a 24 anos - em 2014, a taxa era de apenas 34,2% -,
assegurando a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% das novas
matrículas no segmento público.
As instituições federais, que são
responsáveis hoje por mais de 60% das matrículas de alunos de graduação na rede
pública convivem desde 2014 com o corte de verbas.
Algumas maiores, como a Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) enfrentam
dificuldades para manter contas básicas em dia, como a de energia elétrica.
Já as federais que foram criadas ou tiveram expansão para novos campus
nos últimos cinco anos enfrentam o desafio de continuar recebendo ingressantes
no próximo ano e dar andamento para os seus cursos com qualidade.
É o caso da Universidade do Vale
do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Minas Gerais, que participou da
expansão da rede federal, com a criação em 2013 de dois novos campus nas
cidades de Unaí e Janaúba.
Sem prédio próprio, os cerca de 900 alunos dessas unidades
estudam em colégios que foram cedidos pelo Estado - a situação provisória tinha
como previsão durar apenas um ano.
"Reformamos essas escolas, mas chegamos em um ponto em que já não
temos mais como receber novos alunos", disse o reitor Gilciano Saraiva
Nogueira.
Dos R$ 19 milhões previstos no orçamento para investimentos, a
universidade recebeu neste ano apenas 50%.
Além da falta de espaço, Nogueira disse que a universidade ainda
não sabe como garantir a continuidade dos cursos por falta de docentes. [...]
[...] Situação parecida é a do campus
de Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em
Minas Gerais, criado em 2013, que funciona em um prédio alugado, dividido com
uma faculdade particular.
A unidade tem cursos como
Medicina e Odontologia, mas ainda não possui estrutura adequada para
laboratórios.
"A gente está fazendo o possível para não chegar na situação de
ter de parar a entrada de novos alunos, mas também nos preocupamos em manter
esse ingresso com dignidade", disse Peterson Marco Andrade, diretor do
campus.[...]
[...] A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) também participou
do programa de expansão das federais, tendo sido criado em 2011 o campus de
Osasco.
As aulas de cinco cursos acontecem em um espaço cedido pela Fundação
Instituto Tecnológico de Osasco (Fito) até a conclusão da obra do prédio
próprio, que teve início em julho deste ano.
Recursos
Barone afirmou que a utilização de prédios alugados e cedidos para
universidades se deve ao planejamento da expansão, já que as instituições foram
criadas antes de ter suas estruturas construídas. Segundo ele, essas
instituições terão prioridade de recursos. "Tratamos politicamente esses
casos priorizando os que têm situação mais aguda", disse.
Para o próximo ano, o governo federal prevê cortar até 45% dos
recursos previstos para investimentos nas federais e o montante estimado para
custeio deve ter queda de cerca de 18%. Enquanto isso, as quatro universidades
federais criadas em 2014 - Ufob, Federal do Sul da Bahia (Ufesba), Federal do
Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e Federal do Cariri (UFCA) - têm previsão
orçamentária 7% maior do que os R$ 326,7 milhões empenhados neste ano.
No entanto, Barone afirmou que o
problema mais "grave" hoje dessas universidades é o déficit de
professores. Segundo ele, o MEC solicitou ao Ministério do Planejamento a
abertura de 1.200 vagas de professor para 2016 e o mesmo número para 2017, mas
elas foram negadas. [...]
Grifo nosso
Fonte: escolasmedicas.com.br
Imagem:uninovafapi.edu.br
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