Para a Associação
Médica Brasileira, os estudantes de medicina ou mesmo os médicos
recém-formados, diplomados pelas universidades, só podem ter licença para atuar
(registro profissional no CFM) depois que forem aprovados pelo Exame Nacional
de Proficiência em Medicina.
“Precisamos de um
filtro minimamente razoável e seguro para evitar que profissionais malformados
entrem no sistema de saúde. Isso é condição fundamental para garantirmos um
atendimento de qualidade à população”, alertou Lincoln Ferreira, presidente da
AMB, durante a reunião do Conselho Deliberativo da entidade, ocorrida nesta
sexta-feira, 15, em Natal/RN. O encaminhamento do tema nesta direção foi
aprovado em votação por unanimidade pelo Deliberativo.
A entidade há muito vem se posicionando sobre a
necessidade de uma avaliação que realmente preserve o cidadão do risco que é
ser atendido por um médico malformado. As escolas médicas precisam ser
avaliadas e os alunos também. E quem não está preparado não pode exercer a
medicina. “Não podemos permitir que a população seja enganada. Se sabemos que
os médicos estão sendo formados sem as condições necessárias para atender a
população, por que motivo devemos deixar que atuem? ”, questiona Lincoln.[...]
[...] 91% DOS BRASILEIROS APOIAM CRIAÇÃO DE EXAME
– Segundo o Datafolha, é quase
total o apoio da população à exigência de um exame para garantir a qualidade da
formação dos médicos ao ingressarem no mercado de trabalho. Foram ouvidas 4.060
pessoas acima de 16 anos na pesquisa.
A margem de erro é de
dois pontos para mais ou para menos; 35% dos entrevistados disseram que a
qualificação dos médicos brasileiros piorou nos últimos anos. [...]
[...]
Os
conselhos de medicina precisam da prerrogativa de não registrar o profissional
que não tiver sido aprovado pelo Exame Nacional de Proficiência em Medicina.
Hoje
não há esta prerrogativa, e mesmo os médicos que tiveram performance
insuficiente nos exames, ou nem participaram destes, podem receber o registro
profissional. [...]
MODELO
DE EXAME NACIONAL DE PROFICIÊNCIA EM MEDICINA
– Para a AMB, é fundamental que o exame seja nacional e obrigatório.
Além
disso, o aluno não pode ser avaliado somente depois de concluído o curso.
São necessárias
avaliações seriadas, como é feito em diversos países, ao final do segundo, do
quarto e do sexto ano. Isso permite que o estudante identifique seus pontos
fracos e, junto com a escola, possa atuar para correção destas fragilidades.
Desta forma, as próprias escolas podem avaliar e corrigir os problemas
identificados nas avaliações.
“O Exame Nacional de Proficiência em Medicina
terá grande impacto na qualificação do estudante de medicina e garantirá maior
qualidade no atendimento da população. E também será importante para avaliação
das escolas médicas, principalmente das que foram abertas sem as condições
necessárias para formação de bons profissionais”, explica Lincoln.
DIPLOMAS
ESTRANGEIROS – A proposta da AMB é de que
brasileiros ou estrangeiros formados em medicina fora do país também passem
pelo mesmo Exame de Proficiência em Medicina. E só depois de aprovados poderão
receber o registro profissional que autoriza para atuar como médico no
território nacional.
O exame só poderá ser feito depois de o médico ter passado
pelo Revalida, processo do Ministério da Educação que avalia a adequação do
curso feito no exterior aos parâmetros brasileiros.
NÍVEL
BAIXO – Diversos exames semelhantes têm sido
realizados por entidades médicas brasileiras, mas de forma isolada, como o
Exame do Cremesp e do Cremers. Os resultados são alarmantes. E deixam claro que
há em curso um verdadeiro descaso com a qualidade do ensino médico no Brasil.
“Precisamos de um exame nacional, construído de forma que se possa avaliar
realmente e de forma assertiva o nível do ensino médico que está sendo dado aos
alunos e a qualidade dos profissionais que estão sendo formados”, afirma
Lincoln.
O
último exame do Cremesp, divulgado em fevereiro, revela de forma clara o total
despreparo de um contingente grande de médicos formados:
• 81% não souberam interpretar uma mamografia;
•
78% erraram o diagnóstico de diabetes;
•
75% não identificaram tratamento para hemorragia digestiva alta.
PROJETO
DE LEI – Para viabilizar essas mudanças,
principalmente com a segurança jurídica necessária, a Associação Médica
Brasileira levará, em breve, ao Governo Federal e ao Congresso uma proposta de Projeto
de Lei.
Grifo nosso
Fonte: AMB
Imagem:ampe-med.com
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