O Brasil perdeu, nos últimos dez anos, seis leitos
hospitalares por dia.
São
23.088 vagas a menos, conforme estudo preparado pela Confederação
Nacional dos Municípios e obtido pela reportagem. E mostra o descompasso entre
público e privado.
No Sistema Único de
Saúde (SUS), foram fechadas 41.388 vagas, 12% do número apresentado em 2008. Já
a rede particular apresentou tendência inversa e ampliou a capacidade em 18.300
leitos.
A tendência de redução
geral das vagas é explicada por especialistas, em parte, pela mudança no
atendimento psiquiátrico. No passado, ele era centrado no ambiente hospitalar
e, graças ao movimento antimanicomial, passou a ser feito prioritariamente nos
Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
"Dos 41 mil leitos
fechados na década, 21 mil eram psiquiátricos", afirma a consultora da CMN
Carla Albert.
Ela observa, no
entanto, que em grande parte das demais especialidades, a redução do
atendimento hospitalar está longe de ser um bom sinal. "Muitas vezes,
representa falta de recursos e, sobretudo, dificuldade de acesso da população a
um atendimento indispensável."
Na Pediatria e
Obstetrícia, por exemplo, a oferta de leitos minguou de forma expressiva.
No
caso de vagas para atendimentos de crianças, a redução de leitos SUS no período
entre 2008 e 2018 foi de 26%.
Na
Obstetrícia, a redução na capacidade de atendimento hospitalar foi de 16,87%. "Em
um momento em que o número de nascimentos de bebês prematuros aumenta, é
difícil explicar a redução de leitos", afirma Clóvis Constantino, da
Sociedade Brasileira de Pediatria.
Carla lembra que,
embora as vagas em Hospital Dia tenham aumentado, elas ainda são pouco
expressivas. Em 2018, havia 5 347, ante 4.213 registradas em 2008.
"O receio é de que a desativação de
leitos tenha ocorrido sem a devida organização da rede ambulatorial. Basta ver
as filas que ainda existem para alguns procedimentos."
Para a consultora da
Confederação Nacional dos Municípios, parte da desativação dos leitos ocorre
não por razões técnicas, mas econômicas. "E isso desorganiza o sistema.
Basta ver as ações judiciais para garantir o atendimento."
Além da Psiquiatria,
Carla cita que a redução de vagas é justificada no caso da Dermatologia e da
Endocrinologia. "Basta ver o atendimento para pessoas com hanseníase.
Hoje, é feito exclusivamente em ambiente ambulatorial." Carla questiona,
porém, a estagnação das vagas em
Cardiologia. Em dez anos, apenas 23
foram abertas.
Justificativas
O Ministério da Saúde
informou que a tendência mundial é de "desospitalização". "É
importante ressaltar que a redução no número de leitos gerais não afetou a
oferta assistencial e a produção aprovada nos sistemas de informação do SUS. A
quantidade de internações aprovadas no sistema em 2008 foi de 11,1 milhões e em
2017, de 11,6 milhões."
Grifo nosso
Fonte: estadao.com.br
Imagem: cidadeembudasartes.sp.gov.br
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