As mortes decorrentes
de eventos adversos graves, ou seja, ocasionadas por erros, falhas
assistenciais, processuais, infecções ou outros fatores chegaram a seis por
hora no Brasil em 2017, segundo o 2° Anuário da Segurança Assistencial
Hospitalar no Brasil, produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar
(IESS) e pelo Instituto de Pesquisa Feluma, da Faculdade Ciências Médicas de
Minas Gerais.
Entre
os eventos adversos graves que ocorrem com mais frequência estão a infecção
generalizada (septicemia), pneumonia, infecção do trato urinário, infecção do
sítio cirúrgico, as complicações com acessos, os dispositivos vasculares e
outros dispositivos invasivos, lesões por pressão, erro no uso de medicamentos
e complicações cirúrgicas como hemorragia e laceração.
Segundo o anuário, que
tem o objetivo de mensurar os problemas assistenciais e gerenciais que
acontecem nas estruturas de saúde do Brasil, para sugerir medidas de
aperfeiçoamento do sistema, entre os principais eventos adversos graves cinco
não contam com qualquer programa de prevenção ou combate, tanto no Sistema
Único de Saúde (SUS) quanto na rede privada: parada cardiorrespiratória
prevenível; insuficiência renal aguda; aspiração pulmonar; hemorragia
pós-operatória e insuficiência respiratória aguda. [...]
Transparência
Segundo os dados do
anuário, em todo o sistema hospitalar do
país 54.760 mortes foram causadas pelos eventos adversos graves, das quais
36.170 poderiam ter sido evitadas.
De acordo com o
superintendente executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro, é preciso avançar em
uma agenda de transparência do sistema de saúde para que os usuários possam
fazer escolhas melhores.
[...]
O anuário mostrou ainda
que os eventos adversos graves
consumiram R$ 10,6 bilhões do sistema privado de saúde.
Segundo os realizadores
do documento, não foi possível calcular as perdas do SUS porque os valores
pagos aos hospitais se originam das Autorizações de Internações Hospitalares
(AIHs) e são fixados nas contratualizações, existindo outras fontes de receita
não operacionais, com enorme variação em todo o Brasil.
Segundo Carneiro, um dos principais motivos para o
desperdício de recursos é o modelo de remuneração adotado no Brasil para esses
prestadores de serviço. “No modelo fee-for-service, as organizações
inseguras, com maior incidência de eventos adversos e que apresentam piores
índices de recuperação da saúde dos pacientes, são recompensadas com um aumento
das receitas pelo retrabalho. Nos Estados Unidos, por exemplo, o governo não
paga, desde 2008, pelos gastos gerados por 14 tipos de eventos adversos”.
De acordo com ele, é
normal que se os gastos foram originados a partir de erros do hospital, a própria
entidade arque com o custo.
De acordo com o estudo,
cada evento adverso grave determina a
extensão do período de internação em média em 14,4 dias (16,4 dias para
pacientes no SUS e 10,5 dias para pacientes na rede privada). A partir daí,
em 2017, foram consumidos 14,3 milhões de leitos por dia em função de eventos
adversos, dos quais 4,7 milhões em razão de eventos adversos graves.
A pesquisa foi feita
com base em uma amostra de 456.396 pacientes internados em hospitais da rede
pública e privada ao longo de 2017. Os dados foram coletados junto a
instituições localizadas em municípios de grande porte e com IDH acima da média
nacional.
Grifo nosso
Fonte: Agência Brasil
Imagem: noticiasdenovaiguacu.com
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