O
CFM (Conselho Federal de Medicina) e a Abem (Associação Brasileira de Escolas
Médicas) criaram um novo sistema de avaliação e certificação de escolas médicas
independente do já adotado pelo governo federal.
O
projeto-piloto começa a ser testado em julho em 20 cursos de medicina.
Trata-se
de um novo *Sistema de Acreditação de
Escolas Médicas (Saeme).
A
meta é que, em 2017, todo o sistema esteja implantado.
Para
as entidades, houve uma expansão
desenfreada de vagas de medicina –um dos pilares do programa Mais Médicos–, e o
sistema de avaliação do Ministério da Educação tem "baixa
eficiência".
O
MEC nega e diz que o modelo paralelo terá limitações.
Dados do próprio ministério
mostram uma piora dos cursos de medicina.
Em 2010, de 177 avaliados, 13% tiveram nota 2
(insatisfatória), em escala de 1 a 5.
Em 2013, de 154, 17,5% tiveram essa nota.
Para
Milton Arruda Martins, professor da USP e coordenador do novo sistema de avaliação,
o acompanhamento do governo é falho.
"Há
pouca continuidade. Muda ministro, acaba verba. Em 20 anos, só em um momento
ocorreu corte de vagas em escolas com problemas", diz Martins. Isso
aconteceu entre 2008 e 2011, mas muitas faculdades reverteram a decisão na
Justiça.
Para
Segisfredo Brenelli, da Abem, o sistema do MEC melhorou, mas ainda tem falhas.
"Falta dinheiro, capacitação. O pessoal tenta, mas não dá conta com a
abertura indiscriminada de cursos".
SISTEMA
A
adesão das faculdades ao novo processo de certificação será voluntária.
O
sistema prevê, primeiro, que a escola se autoavalie em uma plataforma
eletrônica. Depois, ela receberá a visita de avaliadores que vão checar itens
como infraestrutura, capacitação dos docentes e projeto pedagógico.
Por
fim, a instituição que cumprir os requisitos ganha o certificado de qualidade.
As "reprovadas" terão um tempo para corrigir as falhas e voltarão a
ser avaliadas.
"Não
tem caráter punitivo. As escolas vão querer a acreditação por uma questão de qualidade
e competitividade, como acontece em outros países. Que pai que vai pagar R$
9.000 de mensalidade em faculdade privada que não seja certificada?",
indaga Carlos Vital, presidente do CFM.
O
conselho bancará o custo inicial do sistema, de R$ 1,2 milhão. O modelo
enfrenta resistência do conselho regional médico paulista, o maior do Brasil,
com 125 mil profissionais. "É inócuo", afirma Bráulio Luna Filho,
presidente do Cremesp.
* Sistema
de Acreditação: Sistema de avaliação e
certificação da qualidade de serviços de saúde.
Grifo nosso
Fonte: folhauol.com.br / Cláudia
Collucci / ona.org.br
Imagem: ona.org.br
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