Pela
primeira vez, um país autoriza seus médicos a prescrever o canabidiol (CBD), um
dos 80 princípios ativos da maconha.
A
Folha teve acesso à decisão do CFM
(Conselho Federal de Medicina), que será detalhada em coletiva de imprensa
nesta quinta (11), à tarde e encaminhada ao "Diário Oficial da
União".
O conselho adiantou que os
médicos poderão prescrever o composto para formas severas de epilepsia.
Ainda
não está claro se o documento contemplará também enfermidades como a doença de
Parkinson e a esquizofrenia.
Estudos
já demonstraram a efetividade da substância para melhorar a qualidade de vida
dos pacientes que sofrem com tais doenças.
Nos
Estados Unidos, o canabidiol é vendido para ingestão via oral, como pomada
cutânea e até xampu.
A
FDA (agência que regula medicamentos nos EUA) considera o composto seguro, mas
não permite que quem o comercializa alegue propriedades medicinais –segundo o
órgão, para isso são necessárias pesquisas mais abrangentes, envolvendo grandes
grupos de pessoas.
ANVISA
A
decisão do CFM segue a norma do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, que
em outubro autorizou a prescrição do CBD para médicos do Estado.
O canabidiol, entretanto,
ainda não consta na lista de substâncias permitidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária).
Isso
significa que sua importação tem de ser
autorizada caso a caso –não é permitida a venda, por exemplo, em farmácias.
A
primeira autorização saiu em abril, e desde então foram 238 liberações.
Um dos requisitos da Anvisa
para a liberação da importação é exatamente uma prescrição médica.
Com
a decisão do CFM, isso deve se tornar mais fácil, uma vez que uma reclamação
dos pacientes era que esses profissionais tinham receio de receitar o CBD, já
que a substância era proibida pelo seu
conselho.
A
inédita decisão é fruto de um debate que começou quando a família de Anny
Fischer, 6, obteve na Justiça, pela primeira vez no país. o direito de importar
a substância.
Anny
tem uma forma grave de epilepsia para a qual não há tratamento específico. A
doença provocava até 80 convulsões por semana com duração de 10 minutos cada
uma e comprometia o desenvolvimento de Anny.
Hoje,
ela tem pequenos espasmos esporádicos que duram cerca de três segundos.
De
Brasília, a família só conseguiu o laudo e receita na USP de Ribeirão Preto, no
interior de São Paulo. A USP estuda o canabidiol desde os anos 1970.
"A
gente fazia de tudo de forma ilegal, e o neurologista da Anny não prescrevia o
CBD", diz Norberto Fischer, pai da Anny. "Muitas pessoas ainda nos
procuram dizendo que não conseguem a receita médica", afirma.
Grifo nosso
Fonte: Folhaonline.com.br /
Monique Oliveira
Imagem: commons.wikimedia.org
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