quarta-feira, 4 de maio de 2016

Descriminalização do aborto volta a causar polêmica no Senado


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A legalização do aborto até as doze primeiras semanas de gestação foi tema de mais um debate na Comissão de Direitos de Direitos Humanas e Legislação Participativa (CDH).

Na audiência pública feministas e advogadas defenderam a regulamentação e o direito de escolha das mulheres, com base em sua dignidade e autonomia.

Militantes de grupos pró-vida, contrários ao aborto, rejeitaram enfaticamente a proposta, a partir da visão de que a vida começa na concepção e desde esse momento deve ser protegida.

Esse foi o quinto debate realizado pela comissão para instruir a análise da Sugestão 15/2014, proposta de iniciativa popular recebida pelo Senado, que contou com mais de 20 mil manifestações de apoio pelo sistema e-Cidadania.

Pelo texto, a interrupção voluntária da gravidez dentro das doze primeiras semanas deve ser garantida por meio do sistema público de saúde.

A audiência foi solicitada pelo senador Magno Malta (PR-ES), que dirigiu a maior parte da reunião, aberta pelo presidente da CDH, Paulo Paim (PT-RS).

Inconstitucionalidade

A advogada Eloísa Machado de Almeida lembrou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito de temas controversos como a questão das células-tronco e a extensão do aborto a grávidas de fetos anencéfalos.

Segundo ela, nesses casos ficou evidente o respeito aos princípios da dignidade humana e da autonomia, os mesmos que, na sua avaliação, devem ser aplicados à questão do aborto. Por isso, concluiu que criminalizar a prática é inconstitucional.[...]

A ativista feminista Leila Linhares, também advogada, observou que as cortes constitucionais internacionais, ao tratar do aborto, estão tendendo à regulamentação da prática dentro de doze semanas.

Observou ainda que o próprio Código Penal brasileiro, de 1940, já mostra que a vida não é um valor absoluto, estando sujeito a regras de ponderação.

Um exemplo dessa gradação de valores no código, segundo Leila, está na regulamentação do aborto em caso de gravidez de risco ou quando resultar de violência. A seu ver, esse tipo de norma mostra que o que está em jogo não é negar que o embrião tenha vida ou direito, mas sim que a saúde física e mental da mulher está acima disso.

Condenação

Para as ativistas “pró-vida”, os argumentos que relativizam o valor da vida do embrião são inaceitáveis.

Para Rosemeire Santiago, o melhor significado para a palavra “mulher” é a concepção da vida.[...]
Doris Hipólito, também contraria ao aborto, fundou e dirige no Rio de Janeiro as Casas de Amparo às Gestantes do Rio de Janeiro. [...]

— Nenhuma mulher é capaz de fazer um aborto se conhecesse a monstruosidade que é essa prática.
A mulher que tem informação não recorre a esse crime, a esse genocídio — disse.

Estudos

A médica obstetra Melânia Amorim trouxe dados de pesquisas que reforçam o ponto de vista sobre a necessidade de descriminalização do aborto, como parte de uma política pública de saúde. Segundo ela, uma a cada cinco mulheres aos 40 anos já terá feito pelo menos um aborto.

Para classes sociais desfavorecidas, segundo a médica, a alternativa tem sido recorrer a procedimentos com profissionais que atuam clandestinamente, colocando sua saúde e vida em risco.

No mundo, afirmou, 15% das mortes maternas decorrem de abortos inseguros.

Grifo nosso
Fonte: Agência Senado
Imagem:perinatal.com.br

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