Alvo de polêmica, a proposta de uma nova avaliação nacional dos
estudantes de medicina, anunciada para ocorrer ainda em agosto, será agora
substituído por um novo modelo.
A mudança, em estudo pelo Inep,
instituto do Ministério da Educação, ocorre em meio a críticas de parte das
entidades médicas, que temiam que a avaliação tivesse caráter
"punitivo" ao aluno.
Prevista como uma das ações interligadas ao programa Mais Médicos, que
prevê a expansão das vagas de medicina, a nova avaliação visa verificar o conhecimento dos estudantes no 2º, 4º e 6º ano de
medicina.
É na prova deste último ano que está um dos principais impasses.
Pelo modelo anunciado em abril pelo então ministro da Educação Aloizio
Mercadante, alunos que não tivessem bom desempenho na prova aplicada no 6º ano
não poderiam receber o diploma ou seguir para a residência médica. Teriam,
assim, que refazer a avaliação. "É um exame de condições mínimas para se
formar", disse Mercadante na época.
Para Otto Baptista, da Fenam (Federação Nacional dos Médicos), entidade
que se posicionou contrária à medida, no entanto, o impedimento poderia levar ao exercício "clandestino" da
medicina.
"É injusto o aluno ser
penalizado. Se ele não está passando na prova, não é ele o problema. A formação
dele que é ruim. Estão tirando o foco das faculdades", diz Baptista, para
quem o problema ocorre com a expansão "indiscriminada" de escolas de medicina.
NOVO MODELO
Em meio ao debate, a portaria que instituiu o exame deve ser revogada e
o modelo será revisto, afirmou à Folha a presidente do Inep, Maria Inês Fini.
Ela nega, porém, que a pressão de entidades tenha provocado a mudança.
Entre as alterações já
confirmadas estão a separação
entre a prova dos estudantes e o Revalida, exame obrigatório para médicos
formados no exterior que desejam revalidar o diploma no Brasil.
Antes, a ideia era que os dois ocorressem na mesma data.
A nota do exame também não deve ser um "critério" para a
residência médica, mas uma "referência de qualidade", afirma Fini,
questionada sobre o projeto em estudo.
Também não haverá "caráter punitivo", ressalta ela.
"Não será nada que possa constranger os alunos e os cursos a que
eles pertencem. Não há perspectiva de punição nem mesmo de reter o aluno na
instituição", diz.
"Nossa ideia é que o
faltoso ou quem foi muito mal tenha outra chance depois. Mas nada disso está
definitivo." De acordo com a presidente do Inep, a previsão é que a nova
portaria seja finalizada até o fim deste mês e que os primeiros testes ocorram
ainda neste ano.
ESCOLAS 'REPROVADAS'
Ao mesmo tempo em que recebe críticas de alguns grupos, a nova
avaliação também é esperada por outros.
"É necessária", diz Vinícius Azevedo, presidente da Aemed
(Associação dos Estudantes de Medicina do Brasil), para quem as provas seriam
uma alternativa para evitar que maus profissionais se formem em medicina.
Neste caso, afirma, o ideal
seria fazer com que o aluno com mau desempenho no exame tivesse uma nova chance
de melhorar a formação. "Não podemos submeter a saúde da população a
risco com uma formação questionável."
A AMB (Associação Médica Brasileira) tem o mesmo posicionamento. Para a
associação, o estudante deve ficar retido por mais tempo caso não tenha bom
desempenho.
Em consenso, entidades defendem
ainda que as escolas também sejam avaliadas e "reprovadas", e não
apenas o aluno.
"Não podemos permitir que uma faculdade ruim continue
formando", afirma Azevedo.
Grifo nosso
Fonte: folha.uol.com.br/Natália Cancian
Imagem:politicacomk.com.br
Curta e compartilhe no Facebook
Sem comentários:
Enviar um comentário