terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

MPF recebe denúncia contra HU e médica que provocou aborto de gêmeos em paciente


Por iniciativa da AVERMES – Associação de Vítimas de Erros Médicos, uma entidade fundada em 1991 com sede no Rio de Janeiro que trabalha em defesa daqueles que se sentem atingidos de alguma forma pelo profissional médico, foi protocolada uma denúncia no Ministério Publico do Mato Grosso do Sul face à obstetra Drª Dheyse Cinat por suposta negligência médica.

A AVERMES é uma associação dentre outras, que trabalha dentro da legalidade e foi criada com o único propósito de apuração em relação à uma classe específica e, nesse caso, a classe médica. 

Cabe aos médicos se conscientizarem de sua vigilância com relação aos seus atos não esquecendo que todos os eventos devem ser cuidadosamente relatados no prontuário.

Eis a matéria:  

A Associação de Vítimas de Erros Médicos protocolou na manhã desta segunda-feira (18) uma denúncia no Ministério Público Federal contra o Hospital Universitário e a obstetra Dheyse Cinat por negligência médica. A associação afirma que os inúmeros erros no atendimento da paciente Sabrina Marcielle Silva de Oliveira, 19 anos, que estava grávida de gêmeos, provocou o aborto dos bebês.

Segundo a associação, a médica Dheyse Cinat prescreveu medicação contraindicada para pacientes gestantes e negligenciou o atendimento ao não realizar exames necessários para o caso. Como exemplo, citou a recusa da médica em realizar uma ultrassonografia, por falta de especialista no local. 

A realização do exame teria constatado o segundo feto e evitado a morte deste. “A médica aplicou o soro para expelir a placenta após aborto do primeiro feto, sem fazer exame nenhum. Isso causou a morte do segundo bebê”, diz o presidente da Associação de Vítimas de Erros Médicos, Valdemar Moraes.

Valdemar explica que a jovem não sabia que estava grávida de gêmeos. Segundo ele, na única ultrassonografia feita durante o pré-natal, aos dois meses de gestação, não foi constatada a gravidez gemelar. Primeiro erro, aponta.

O presidente explica que isso precisa parar de acontecer. Que os médicos têm que pagar criminalmente pela morte de seus pacientes. “Todo mundo que assassina alguém responde criminalmente, por que médico não”?, questiona. Por isso, Moraes diz que protocolou a denúncia no MPF. Para que haja uma apuração criminal para o caso.

Ele revela ainda que a jovem chegou a fazer boletim de ocorrência na Depac-Piratininga (Delegacia de Pronto Atendimento a Comunidade), mas como o registro foi feito apenas em 11 de fevereiro, o delegado explicou que dificilmente conseguiria apurar o caso, pois já havia passadas três semanas e ele não teria acesso aos fetos.

O caso

A vítima, Sabrina Marcielle Silva de Oliveira, conta que em 21 de janeiro foi ao posto de saúde Aero Rancho porque estava perdendo líquido. Lá foi encaminhada para o Hospital Universitário. Ao chegar ao hospital, a obstetra Dheyse Cinat a atendeu, fez o exame de preventivo e constatou que a perda de líquidos se devia a uma infecção urinária. A médica receitou a pomada vaginal Metronidazol e orientou a paciente quanto à aplicação.

Sabrina relata que a médica explicou como usar a medicação, mas não a alertou quanto o uso do remédio na gravidez. A bula diz: o uso de metronidazol durante a gravidez deve ser cuidadosamente avaliado visto que atravessa a barreira placentária e seus efeitos sobre a organogênese fetal humana ainda são desconhecidos.

Sem saber dos riscos que corria, a jovem foi para casa e aplicou a pomada conforme a recomendação médica. “Fiz tudo do jeito que ela disse. Coloquei a pomada na hora de me deitar para dormir. Porque ela falou que não podia ficar andando após a aplicação”, conta. Meia hora depois do uso do remédio, a jovem diz que começou a sentir contrações e foi ao banheiro quando viu a cabecinha do feto saindo.

Desesperada, Sabrina conta que gritou pela mãe, Leila Aparecida do Amaral Silva, que chamou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Assim que o socorro chegou ela foi encaminhada novamente para o HU, onde foi atendida pela mesma médica.

A jovem conta que no hospital retiraram o resto do feto de seu corpo e aplicaram um soro para expelir a placenta. Segundo ela, tudo foi feito sem nenhum exame prévio. “Somente depois que aplicaram o soro a médica veio e fez o exame de toque. Aí ela percebeu que tinha outro bebê. Já era tarde”, diz.

Sabrina disse ainda que a médica se recusou a fazer a ultrassonografia. Segundo ela, Cinat disse que não havia especialista no hospital para fazer o exame. Assim, ela aplicou o soro sem constatar como a jovem estava. O exame teria constado o outro feto e evitado o segundo aborto. Sabrina disse ainda que depois que perdeu os dois bebês, a mesma médica, fez a ultrassonografia para verificar se toda a placenta havia sido expelida.

A jovem ficou internada por quatro dias no hospital até se recuperar. No período, segundo ela, a médica não foi nenhuma vez ao quarto explicar o que aconteceu ou saber como ela estava. Além disso, Sabrina aponta que o hospital se recusou a entregar o feto para a família enterrar. “Quero só os corpos das meninas para enterrar. Eles não me atendem e não me dão explicação”, diz.

A jovem esteve nesta manhã no Ministério Público Federal para acompanhar a denúncia da Associação de Vítimas de Erros Médicos.

Outro lado

A assessoria de imprensa da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) não se pronunciou até o momento da publicação da matéria.

Comentários: João Bosco

Fonte: Midiamax - Mayara Sá 

Sem comentários:

Enviar um comentário