Por
iniciativa da AVERMES – Associação de Vítimas de Erros Médicos, uma entidade fundada em 1991 com sede no Rio de Janeiro que
trabalha em defesa daqueles que se sentem atingidos de alguma forma pelo
profissional médico, foi protocolada uma denúncia no Ministério Publico do Mato
Grosso do Sul face à obstetra Drª Dheyse Cinat por suposta negligência médica.
A
AVERMES é uma associação dentre outras, que trabalha dentro da legalidade e foi criada com o único propósito de
apuração em relação à uma classe específica e, nesse caso, a classe médica.
Cabe aos médicos se conscientizarem de sua vigilância com relação
aos seus atos não esquecendo que todos os eventos devem ser cuidadosamente relatados
no prontuário.
Eis
a matéria:
A Associação de Vítimas de
Erros Médicos protocolou na manhã desta segunda-feira (18) uma denúncia no
Ministério Público Federal contra o Hospital Universitário e a obstetra Dheyse
Cinat por negligência médica. A associação afirma que os inúmeros erros no atendimento
da paciente Sabrina Marcielle Silva de Oliveira, 19 anos, que estava grávida de
gêmeos, provocou o aborto dos bebês.
Segundo a associação, a
médica Dheyse Cinat prescreveu medicação contraindicada para pacientes
gestantes e negligenciou o atendimento ao não realizar exames necessários para
o caso. Como exemplo, citou a recusa da médica em realizar uma
ultrassonografia, por falta de especialista no local.
A realização do exame
teria constatado o segundo feto e evitado a morte deste. “A médica aplicou o
soro para expelir a placenta após aborto do primeiro feto, sem fazer exame
nenhum. Isso causou a morte do segundo bebê”, diz o presidente da Associação de
Vítimas de Erros Médicos, Valdemar Moraes.
Valdemar explica que a jovem
não sabia que estava grávida de gêmeos. Segundo ele, na única ultrassonografia
feita durante o pré-natal, aos dois meses de gestação, não foi constatada a
gravidez gemelar. Primeiro erro, aponta.
O presidente explica que
isso precisa parar de acontecer. Que os médicos têm que pagar criminalmente
pela morte de seus pacientes. “Todo mundo que assassina alguém responde
criminalmente, por que médico não”?, questiona. Por isso, Moraes diz que
protocolou a denúncia no MPF. Para que haja uma apuração criminal para o caso.
Ele revela ainda que a jovem
chegou a fazer boletim de ocorrência na Depac-Piratininga (Delegacia de Pronto
Atendimento a Comunidade), mas como o registro foi feito apenas em 11 de
fevereiro, o delegado explicou que dificilmente conseguiria apurar o caso, pois
já havia passadas três semanas e ele não teria acesso aos fetos.
O caso
A vítima, Sabrina Marcielle
Silva de Oliveira, conta que em 21 de janeiro foi ao posto de saúde Aero Rancho
porque estava perdendo líquido. Lá foi encaminhada para o Hospital Universitário.
Ao chegar ao hospital, a obstetra Dheyse Cinat a atendeu, fez o exame de
preventivo e constatou que a perda de líquidos se devia a uma infecção
urinária. A médica receitou a pomada vaginal Metronidazol e orientou a paciente
quanto à aplicação.
Sabrina relata que a médica
explicou como usar a medicação, mas não a alertou quanto o uso do remédio na
gravidez. A bula diz: o uso de metronidazol durante a gravidez deve ser
cuidadosamente avaliado visto que atravessa a barreira placentária e seus efeitos
sobre a organogênese fetal humana ainda são desconhecidos.
Sem saber dos riscos que
corria, a jovem foi para casa e aplicou a pomada conforme a recomendação
médica. “Fiz tudo do jeito que ela disse. Coloquei a pomada na hora de me
deitar para dormir. Porque ela falou que não podia ficar andando após a
aplicação”, conta. Meia hora depois do uso do remédio, a jovem diz que começou
a sentir contrações e foi ao banheiro quando viu a cabecinha do feto saindo.
Desesperada, Sabrina conta
que gritou pela mãe, Leila Aparecida do Amaral Silva, que chamou o Samu
(Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Assim que o socorro chegou ela foi
encaminhada novamente para o HU, onde foi atendida pela mesma médica.
A jovem conta que no
hospital retiraram o resto do feto de seu corpo e aplicaram um soro para
expelir a placenta. Segundo ela, tudo foi feito sem nenhum exame prévio.
“Somente depois que aplicaram o soro a médica veio e fez o exame de toque. Aí
ela percebeu que tinha outro bebê. Já era tarde”, diz.
Sabrina disse ainda que a
médica se recusou a fazer a ultrassonografia. Segundo ela, Cinat disse que não
havia especialista no hospital para fazer o exame. Assim, ela aplicou o soro
sem constatar como a jovem estava. O exame teria constado o outro feto e evitado
o segundo aborto. Sabrina disse ainda que depois que perdeu os dois bebês, a
mesma médica, fez a ultrassonografia para verificar se toda a placenta havia
sido expelida.
A jovem ficou internada por
quatro dias no hospital até se recuperar. No período, segundo ela, a médica não
foi nenhuma vez ao quarto explicar o que aconteceu ou saber como ela estava.
Além disso, Sabrina aponta que o hospital se recusou a entregar o feto para a
família enterrar. “Quero só os corpos das meninas para enterrar. Eles não me
atendem e não me dão explicação”, diz.
A jovem esteve nesta manhã
no Ministério Público Federal para acompanhar a denúncia da Associação de
Vítimas de Erros Médicos.
Outro lado
A assessoria de imprensa da
UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) não se pronunciou até o
momento da publicação da matéria.
Comentários:
João Bosco
Fonte: Midiamax - Mayara Sá
Sem comentários:
Enviar um comentário