A
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou nesta sexta-feira
(20) um resolução que autoriza a venda, em farmácias, de auto-teste para detecção
do vírus HIV.
O
modelo é similar aos testes vendidos nas farmácias para detectar a gravidez.
Em
geral, esses testes de HIV fazem o diagnóstico por meio de fluidos da gengiva
ou da mucosa da bochecha. Outros utilizam uma gota de sangue, com um pequeno
furo na ponta do dedo.
Os
resultados saem em até 30 minutos.
A
nova norma permite que as empresas que fabricam os testes solicitem registro
para venda dos produtos no país, o que não era possível até então.
Segundo
o diretor Renato Porto, a ideia é disponibilizar um mecanismo de
"triagem" de possíveis casos de infecção por vírus HIV.
Hoje,
a estimativa é que 20% das pessoas que vivem com HIV e Aids no Brasil ainda não
foram diagnosticadas -ou cerca de 150 mil, de acordo com dados do Ministério da
Saúde.
"Isso
abre a possibilidade para as pessoas fazerem seus testes e, tendo resultado
positivo, fazerem uma busca mais detalhada. A descoberta o quanto antes
possível do HIV é importante para o tratamento", diz.
A
discussão sobre a liberação da venda de auto-teste de HIV, porém, tem sido alvo
de polêmica em diversos países. Um dos impasses é o receio de que resultados
falso-positivos ou falso-negativos confundam e tragam prejuízos ao paciente,
além de riscos para parceiros -como deixar de usar preservativo em relações
sexuais.
Após o teste, pessoas devem
procurar confirmar o diagnóstico com mais exames.
EXIGÊNCIAS
Relator
do processo, o diretor Renato Porto diz que exigências inseridas no processo
poderão mitigar falhas. Na resolução, a agência estabelece critérios para que
os produtos sejam colocados no mercado.
Uma
delas é a exigência de que os rótulos tenham a informação de que o resultado
pode ser alterado devido a fatores como a chamada "janela
imunológica" –intervalo de tempo entre a infecção pelo vírus da Aids e a
produção de anticorpos no sangue–, entre outros.
Empresas que fabricam os
produtos também devem informar, na embalagem, um número de telefone com equipes
24h para dar orientações aos clientes após o resultado. Além do contato das
empresas, os rótulos devem ter a informação também dos telefones de atendimento
do SUS em caso de resultado positivo.
"O
teste é absolutamente seguro. Mas todos precisam entender que é uma triagem.
Posteriormente, é preciso fazer a confirmação por um teste clínico", diz.
O
modelo de auto-teste é diferente dos chamados testes rápidos, disponíveis nas
unidades de saúde. Neste caso, um profissional de saúde acompanha o processo e
é habilitado para auxiliar no diagnóstico.
Além
do Brasil, outros países que já autorizam a venda deste tipo de teste são
Estados Unidos, Reino Unido e França, segundo a Anvisa.
HIV
Desde
os anos 1980, foram notificados 757 mil casos de Aids no Brasil, segundo o
Ministério da Saúde. Apesar de apresentar índices estáveis, com cerca de 39 mil
casos novos ao ano, o avanço da epidemia entre os jovens têm preocupado o
governo.
Jovens
têm hoje a maior taxa de detecção da doença no país, um índice que vêm
crescendo nos últimos dez anos. Em 2003, a taxa de detecção da Aids entre os
jovens era de 9,6 a cada 100 mil habitantes. Em 2013, ano dos últimos dados
disponíveis, essa taxa passou para 12,7.
Grifo nosso
Fonte: folhaonline/Natália
Cancian
Imagem: Reprodução
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