A
cesariana é uma das cirurgias mais comuns no mundo, com taxas crescendo
sobretudo em países de média e alta renda.
Embora
possa salvar vidas, o procedimento é
comumente adotado sem indicação médica e coloca a saúde de mulheres e de seus
bebês em risco.
O alerta foi feito nesta sexta-feira (10/04)
pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
De
acordo com a entidade, a cesariana pode ser necessária quando o parto vaginal
coloca em risco a vida da mãe e do bebê, como em casos de trabalho de parto
prolongado, sofrimento fetal ou quando o bebê está em uma posição pouco comum.
A
OMS destaca que as cesarianas podem provocar complicações como incapacidades ou
morte, particularmente quando não há instalações adequadas para os
procedimentos cirúrgicos de forma segura ou para tratar possíveis complicações.
Desde 1985, a comunidade médica internacional
defende que a taxa ideal de cesarianas esteja entre 10% e 15%. Segundo a OMS,
estudos recentes indicam que quando as taxas se aproximam de 10% a mortalidade
materna e entre recém-nascidos é menor.
Mas, quando a taxa supera os 10%, não há
evidências de melhoria nos índices.
Diante da ausência de um
sistema de classificação internacionalmente
aceito para monitorar e comparar dados relativos a cesarianas, a OMS defende
que seja adotado o Sistema Robson, que classifica mulheres internadas para
parto em grupos baseados em características como número de gestações
anteriores, posição do bebê, idade gestacional, cicatrizes uterinas e número de
bebês.
O outro lado
Ainda
segundo a OMS, outras grávidas com reais necessidades médicas de fazer este
procedimento simplesmente não têm acesso à cirurgia. "Se um país tem uma
taxa abaixo de 10%, você vai ver que há mais mães e bebês morrendo por (falta
de) acesso", disse a diretora do departamento de saúde reprodutiva da OMS,
Marleen Temmerman. "Vemos mulheres morrendo em alguns países porque não
conseguem ser operadas a tempo", afirmou.
Segundo
cifras de 2008 da Organização Mundial da Saúde, cerca de 23% das crianças vieram ao mundo na Europa por cesariana.
A
prática corresponde a 35% dos partos nas Américas do Norte e do Sul e 24% no
Pacífico ocidental.
No Brasil, a incidência é de
53%.
Apenas
a África e o Sudeste asiático, com taxas
de 3,8% e 8,8%, parecem estar livres dessa "epidemia".
As
recomendações feitas nesta sexta-feira foram o primeiro apelo específico feito
pela OMS para reduzir o número de partos por cesariana exceto quando há
necessidade médica para tal. "Eu penso que esta é a primeira vez que
estamos sendo tão explícitos a esse respeito", disse a especialista
perinatal da OMS, Metin Gulmezoglu.
Grifo nosso
Fonte: AFP - Agence France-Presse / Agência Brasil
Imagem: youtube.com
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