O
Conselho Federal de Medicina (CFM) orienta que em todos os níveis de
atendimento à saúde (de unidades básicas de saúde a unidades de terapia
intensiva) sejam estabelecidos protocolos assistenciais visando o
reconhecimento precoce e a pronta instituição
das medidas iniciais de tratamento aos pacientes com sepse, também conhecida
como infecção generalizada – de alta mortalidade no país, principal causa de
morte nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), e a principal geradora de custos
nos setores público e privado.
A
diretriz está na Recomendação CFM 6/2014, publicada em (16/04), que, entre
outras providências, sugere ainda a capacitação dos médicos para o
enfrentamento deste problema cada vez mais incidente – devido ao aumento da
população idosa e do número de pacientes imunossuprimidos ou portadores de
doenças crônicas, criando uma população suscetível para o desenvolvimento de
infecções graves.
O documento ressalta que “qualquer processo infeccioso pode
evoluir para gravidade, caracterizando o quadro de sepse, sepse grave ou choque
séptico” e que a sepse é a principal causa de internação em unidades de terapia
intensiva, com custos elevados de tratamento e alta mortalidade – matando uma
em cada quatro pessoas (frequentemente mais).
Alta mortalidade – O Instituto Latino Americano da Sepse
(ILAS), que contribuiu para a elaboração da recomendação, concluiu recentemente
um estudo, que ajuda a dar a dimensão do problema no Brasil.
O
trabalho, denominado SPREAD (Sepsis Prevalence Assessment Database), consistiu
na avaliação, em um único dia, de 229
UTI em vários estados, abrangendo 794 pacientes.
Os
números pontuam a relevância do problema.
Foi
constatado que 29,6% dos leitos estavam ocupados por doentes com sepse grave ou
com choque séptico. Desses pacientes, 55,7% morreram.
A
mortalidade na região Sudeste foi de 51,2%;
no Centro-Oeste, 70%; Nordeste, 58.3%; Sul, 57,8% e Norte, 57,4%.
O
índice de letalidade está muito acima do registrado em outros países.
Na
França essa taxa é de 30% e, nos Estados Unidos, 29%.[...]
[..] Diagnóstico difícil
atrasa tratamento –
Como os sintomas da sepse são comuns a várias outras doenças, o diagnóstico
pode demorar e, consequentemente, a aplicação do antibiótico e a possível cura.
“Existe um problema de falta de conhecimento sobre a sepse, pois como os
sintomas são inespecíficos, é difícil identificar os sinais de alerta e tratar
a infecção no tempo certo, por isso é tão necessário a participação em cursos e
a adesão dos hospitais aos protocolos”, afirma a vice-presidente do ILAS,
intensivista Flávia Machado.
Apesar
de a sepse atacar com mais frequência pacientes hospitalizados, em cerca de 30%
a 50% dos casos a infecção é adquirida na comunidade e o paciente é internado
já em estado grave.
Isso
sugere o desconhecimento do público em geral sobre a gravidade da doença. [...]
Grifo nosso
Fonte: CFM
Imagem:saudeculturamix.com
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