A
Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) encomendou, junto ao Instituto
Datafolha, pesquisa sobre o perfil e atuação do médico pediatra no Estado.
Entre os resultados, um dado
alarmante: a
violência que cerceia a rotina destes profissionais.
Sete
em cada dez pediatras passaram por algum tipo de ato violento durante o
exercício profissional. Destes, 63% relatam agressão psicológica, 10% física e
4% vivenciaram algum tipo de cyberbullyng. Nota-se, ainda, que quanto mais
jovem, maior o registro de ataques: 74%
dos que confirmaram algum episódio de agressão têm entre 27 e 34 anos, contra
43% para aqueles com 60 anos ou mais. [...]
“Nós
temos uma falha no sistema de saúde que reflete diretamente na qualidade do
atendimento: o pronto socorro substituindo as consultas rotineiras. Pela
dificuldade de agendar consulta, as mães recorrem ao PS, com a ideia de que
terá resolutividade, com o diagnóstico e tratamento imediatos. Somente no
consultório do pediatra que a assistência promovera a saúde, a prevenção de
doenças e orientações sobre os cuidados mais importantes”, frisa dr. Mário
Roberto Hirschheimer, presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP)
[...]
Atualmente, São Paulo conta com um pediatra para cada 0,33 mil crianças.
Eles dedicam apenas um terço do tempo para
atender convênios.
Em
média, este especialista tem 2,5 trabalhos em lugares diferentes, atuando cerca
de 50 horas semanais – 20% dos entrevistados trabalham mais do que 60 horas
semanais enquanto 51% trabalham à noite e 61% aos fins de semana.
“Para
agravar mais a situação, a rede pública remunera mal o médico, sobretudo quando
comparada aos plantões na rede privada. Assim, os hospitais particulares estão
absorvendo praticamente a totalidade dos bons pediatras que são formados hoje
em dia. Com a escassez de especialistas, estamos sujeitos a esse tipo de
assédio, que sofremos constantemente”, destaca Hirschheimer.
O
presidente da SPSP explica que o tripé –
falta de pediatras e de interesse dos novos médicos em seguir a atividade, a
remuneração baixa nos sistemas público e suplementar e as condições de
trabalhos disponíveis a estes profissionais – prejudica a qualidade do
atendimento, afetando a relação dos cuidadores com os médicos, tornando-se
motivos para que os pediatras sintam-se ameaçados, desrespeitados e inseguros
em seu local de atuação.
Grifo nosso
Fonte: SPSP / Instituto
Datafolha
Imagem: nutriday.ind.br
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