Cirurgias plásticas reparadoras –feitas para corrigir deformações
congênitas ou adquiridas após uma doença ou acidente– crescem mais do que as
estéticas no Brasil, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica (SBCP).
Em 2009, foram realizadas 629 mil cirurgias plásticas no país, sendo 170 mil reparadoras (27% do total).
Cinco anos depois, as
reparadoras já representavam 40% dos 1,23 milhão de plásticas de 2013.
A pesquisa foi feita com levantamento de dados de 500 médicos da SBCP
(de um universo de 5.800 cirurgiões plásticos no país) entre 2009 e 2014.
Os dados foram consolidados em 2016.
Segundo a entidade, o que
impulsionou o aumento das cirurgias reparadoras foram os casos de câncer de
pele –o mais comum dos cânceres– e
de cirurgias de redução de estômago e também de reconstrução mamária em
decorrência de tumores.[...]
[...]Em 2010, o Supremo determinou que a retirada de pele era parte do
tratamento da obesidade e devia ser coberto pelos planos.[..]
Somente as cirurgias de redução do excesso de pele por conta de
emagrecimentos cresceram cinco vezes. Já as reconstruções mamárias cresceram
quatro.
CÂNCER
No caso das cirurgias de mama e de câncer de pele, o que cresceu não
foi apenas o número de ocorrências da doença, mas a demanda por um procedimento
plástico após a retirada dos tumores.
Antes, mais pessoas faziam apenas o procedimento de saúde sem recorrer
a uma plástica corretiva depois.
Já no caso das cirurgias bariátricas, o que aumentou de fato foi o
número de procedimentos com a popularização da técnica e acesso pelos planos de
saúde.
Cânceres de pele mais agressivos costumam ser tratados em conjunto com
um dermatologista.
Primeiro, o dermatologista faz a retirada do tumor.
Em seguida, o cirurgião plástico cuida para que a cicatriz seja o mais
discreta possível.[...]
[...] Quando o tumor retirado é grande, pode ser necessário fazer uso
de excertos de pele retirados de outras partes do corpo. Em alguns casos, é
possível expandir a pele local usando uma bexiga de silicone por baixo da
epiderme. Conforme a bexiga infla, o tecido elastece e a sobra pode ser usada
para tampar a lesão cancerosa.
Outros motivos que levam as pessoas a buscarem plásticas
corretivas são acidentes (sobretudo domésticos e de trânsito) e defeitos
congênitos como lábio leporino e malformações faciais.
O aumento das reparativas puxou ainda uma subida da participação dos
convênios médicos e do sistema público de saúde no financiamento desse tipo de
intervenção.
Se em 2009 somente 16,9% dos
procedimentos eram pagos por convênio ou pelo SUS, em 2014 esse número passou
para 19,5%.
Outra explicação para o ganho de espaço das cirurgias
reparadoras é que o mercado de plásticas estéticas, que foi alavancado no
começo dos anos 2000, pode ter atingido um platô de crescimento, de acordo com
Ishida.
"Com a crise, a perspectiva é que as cirurgias reparadoras assumam
um percentual ainda mais expressivo do número total de plásticas uma vez que
não precisam ser pagas diretamente pelo paciente", avalia o cirurgião.
Grifo nosso
Fonte: Jornal Folha de São Paulo
Imagem:noticias.r7.com
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