Participantes de
audiência pública sobre graduação de enfermeiros por meio de cursos à distância
defenderam uma fiscalização mais efetiva das instituições de ensino que
oferecem essa modalidade.
Além
disso, ressaltaram a necessidade de atividades práticas, que devem ser cobradas
de forma presencial quando o estudante estiver cursando disciplinas
profissionalizantes.
A audiência, promovida
pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte, foi realizada nesta quinta-feira
(1º).
O
Conselho Federal de Enfermagem já assumiu publicamente a campanha contra a
graduação de enfermeiros por meio de cursos à distância
e conta com o apoio de outras entidades nessa essa posição crítica, como a
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde e a Federação Nacional dos
Enfermeiros (FNE).
Oficina
mecânica
De acordo com a
representante do Conselho Federal de Enfermagem, Valdelize Pinheiro, o
Ministério Público Federal foi quem “cutucou” a entidade, em 2015, e jogou seus
conselheiros em campo para checar a qualidade de cursos de enfermagem à
distância.
– A educação à
distância é muito bem legislada, mas o que encontramos na ponta foi assustador.
Polos improvisados até em oficina mecânica, sem biblioteca, alguns clandestinos
– relatou, afirmando ter denunciado essa situação ao Ministério da Educação em
2016, sem ter obtido resposta até hoje.
A
grande preocupação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde com a questão,
segundo ressaltou a representante Lucimary Santos Pinto, é o risco de uma formação inadequada resultar em atendimento precário à
população.
O contato direto do
estudante do ensino à distância com o paciente foi considerado indispensável
pela representante da Federação Nacional dos Enfermeiros, Shirley Morales.
Conforme atestou, as falhas na graduação dos enfermeiros são encontradas também
em muitos cursos presenciais.
Defesa
A
defesa da educação à distância foi feita pela vice-presidente da Associação
Nacional das Universidades Particulares, Elizabeth Guedes.
Ela exibiu trecho de um
vídeo que traz relatos de estudantes de enfermagem do interior do Pará e da
Bahia que fazem curso semipresencial e creditam a essa modalidade a única
possibilidade de se capacitar.
– Concordo que há
precarização, mas o processo de credenciamento e recredenciamento [de instituições
de educação à distância] é muito controlado pelo Ministério da Educação.
Precisamos ter uma discussão madura. Ninguém quer formar uma enfermeira ruim –
assegurou.
A junção de esforços
para superar obstáculos na formação à distância foi defendida ainda por
representantes do Ministério da Educação, do Conselho Nacional de Educação e da
Associação Brasileira de Educação à Distância.
Para
Henrique Sartori, representante do ministério,
é preciso desmistificar a crença de que os cursos à distância não têm qualidade.
O representante do Conselho Nacional de Educação, Luiz Roberto Curi, observou
que a qualidade do ensino à distância está amparada por duas normas: a
Resolução nº 1/2016 e o Decreto 9057/2017.
Para
a representante da Associação Brasileira de Educação à Distância,
Rita Maria Lino, a educação à distância “dialoga com a contemporaneidade”,
devendo-se buscar tanto a articulação quanto a melhoria na qualidade da
aprendizagem à distância e presencial.
Vice-presidente
da Comissão de Educação, o senador Pedro Chaves (PSC-MS)
presidiu a audiência e prometeu apresentar uma síntese na próxima reunião da
comissão. Na sua avaliação, a audiência evidenciou a necessidade de encaminhar
a melhoria na qualidade e na fiscalização do ensino à distância. O senador José
Medeiros (PSD-MT) acredita que é preciso chegar a um ponto “ótimo” de
entendimento entre todas as instituições envolvidas com o assunto.
Os representantes do
setor de saúde reconhecem, no entanto, a educação à distância como uma
tendência do mundo moderno, importante para a disseminação de conhecimento
entre pessoas que vivem em localidades distantes.
Grifo nosso
Fonte: Agência Senado
Imagem:abrigovirtual.com.br
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