Discrição. Substantivo
feminino com o qual o dicionário Houassis descreve como
“qualidade de quem é reservado, comedido”. Verbete relativamente pequeno
com apenas 03 silabas porém, no caso específico da reportagem abaixo divulgada
pelo Jornal Estado de São Paulo causou verdadeiro alvoroço.
Mas, uma palavrinha? Sim. Pois
se trata da opinião de uma profissional médica que despiu de sua imparcialidade,
ao divulgar sua visão e opinião a despeito de um assunto que extrapola a conduta
médica e por consequência, a conduta ética.
O sigilo médico é uma
exigência normatizada no Código de Ética e como tal, é revestido de sua
abrangência a tudo e a todos.
A emoção desmedida por parte
do médico, é a única que não pode e nem deve ser exposta. A demonstração dessa emoção
suplanta na família e no próprio paciente sua própria insegurança.
Mas, como proceder?
Demonstrando solidariedade profissional que acarrete firmeza e segurança como
preponderância de ação e atuação.
O médico jamais deve
emitir opinião sobre um tema pela qual o
mesmo é partícipe da situação e, principalmente um comunicado em rede social ou
qualquer veículo que pode inclusive, ser objeto de prova de uma possível ação
judicial alçando-o a uma situação testemunhal e documental.
E, como consequência, estará
o médico sendo parte de um processo criminal sem a menor necessidade ou melhor,
por toda necessidade uma vez que esqueceu a palavrinha mágica. Discrição.
Notadamente, o cometário
acima descrito não está carregado de nenhum juízo de valor. Serve aos
profissionais de saúde apenas e humildemente de alerta para o não cometimento
de novos episódios dessa natureza.
Eis a matéria:
Médica que atendeu ciclista
pede punição por meio do Facebook
Depois
da repercussão do post que classificava o motorista como 'monstro', Rachel
Baptista apagou a mensagem
SÃO
PAULO - A médica Rachel Baptista, da equipe do Hospital das Clínicas que
atendeu o ciclista que teve o braço decepado em um acidente na Avenida
Paulista, neste domingo, 10, pediu por punição através de uma mensagem publicada em sua página pessoal no
Facebook. "Quero manifestar a minha indignação quanto à atitude desse
monstro que atropelou o ciclista na Avenida Paulista e que inviabilizou a
chance desse menino de 21 anos tentar recuperar o braço", escreveu.
Depois
da repercussão do post, Rachel apagou a mensagem de seu Facebook na manhã desta
segunda-feira, 11. "Já fiz meu desabafo como cidadã sobre o caso",
disse após pedido de entrevista do Estado.
David
Santos Souza, de 21 anos, ia trabalhar quando foi atropelado por volta das 5h30
na Avenida Paulista, pelo estudante de psicologia Alex Siwec, de 21 anos, que
voltava de uma balada com um amigo.
O braço do ciclista foi arrancado e ficou
preso no para-brisa do carro de Siwec. Depois de fugir do local do crime, o
estudante jogou o braço do rapaz no Córrego do Ipiranga, na Avenida Ricardo
Jafet, zona sul, perto de onde mora.
"Estávamos
prontos para tentar o reimplante e infelizmente a polícia juntamente com os
bombeiros não conseguiram encontrar o braço no rio", detalhou Rachel no
Facebook.
Após passar por uma cirurgia para limpeza e sutura da ferida, David
segue internado na UTI do HC. Segundo a assessoria de imprensa da instituição,
o quadro do ciclista segue estável nesta segunda-feira, 11.
Leia a íntegra da mensagem
da médica Rachel Baptista:
"Quero
manifestar a minha indignação quanto a atitude desse monstro que atropelou o
ciclista na avenida paulista e que inviabilizou a chance desse menino de 21
anos de tentar recuperar o braço. A nossa equipe: Dr Guilherme Barreiro, Dra
Rachel Baptista, Dr. Kiril Kasai, Dr Daniel dos Anjos sente muito por essa
desgraça. Estávamos prontos para tentar o reimplante e infelizmente a polícia
juntamente com os bombeiros não conseguiram encontrar o braço no rio. O tempo
de tentativa já se foi e nos restou somente a opção de limpar e suturar a
ferida. O paciente está estável e foi terminada a cirurgia.
Sou
totalmente a favor da lei seca e de tolerância zero. Não como ter brechas
permitindo pessoas totalmente irresponsáveis dirigirem nessas condições. Tem
que haver justiça nesse país.
Sinto
muito, mas chegamos ao nosso limite. Sinto pela família e pelo paciente.
Espero
que vocês divulguem e busquem mobilizar o governo para ter uma atitude incisiva
na aplicação das leis e na punição dos responsáveis".
Comentário: João Bosco
Grifo nosso
Fonte: Jornal O Estado de
São Paulo / Danielle Vilella
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