terça-feira, 12 de março de 2013

A NECESSIDADE DA DISCRIÇÃO PROFISSIONAL


Discrição. Substantivo feminino com o qual o dicionário Houassis descreve como  “qualidade de quem é reservado, comedido”. Verbete relativamente pequeno com apenas 03 silabas porém, no caso específico da reportagem abaixo divulgada pelo Jornal Estado de São Paulo causou verdadeiro alvoroço.

Mas, uma palavrinha? Sim. Pois se trata da opinião de uma profissional médica que despiu de sua imparcialidade, ao divulgar sua visão e opinião a despeito de um assunto que extrapola a conduta médica e por consequência, a conduta ética.

O sigilo médico é uma exigência normatizada no Código de Ética e como tal, é revestido de sua abrangência a tudo e a todos.

A emoção desmedida por parte do médico, é a única que não pode e nem deve ser exposta. A demonstração dessa emoção suplanta na família e no próprio paciente sua própria insegurança.

Mas, como proceder? Demonstrando solidariedade profissional que acarrete firmeza e segurança como preponderância de ação e atuação.

O médico jamais deve emitir  opinião sobre um tema pela qual o mesmo é partícipe da situação e, principalmente um comunicado em rede social ou qualquer veículo que pode inclusive, ser objeto de prova de uma possível ação judicial alçando-o a uma situação testemunhal e documental.

E, como consequência, estará o médico sendo parte de um processo criminal sem a menor necessidade ou melhor, por toda necessidade uma vez que esqueceu a palavrinha mágica. Discrição.

Notadamente, o cometário acima descrito não está carregado de nenhum juízo de valor. Serve aos profissionais de saúde apenas e humildemente de alerta para o não cometimento de novos episódios dessa natureza.

Eis a matéria:

Médica que atendeu ciclista pede punição por meio do Facebook

Depois da repercussão do post que classificava o motorista como 'monstro', Rachel Baptista apagou a mensagem

SÃO PAULO - A médica Rachel Baptista, da equipe do Hospital das Clínicas que atendeu o ciclista que teve o braço decepado em um acidente na Avenida Paulista, neste domingo, 10, pediu por punição através de uma mensagem publicada em sua página pessoal no Facebook. "Quero manifestar a minha indignação quanto à atitude desse monstro que atropelou o ciclista na Avenida Paulista e que inviabilizou a chance desse menino de 21 anos tentar recuperar o braço", escreveu.

Depois da repercussão do post, Rachel apagou a mensagem de seu Facebook na manhã desta segunda-feira, 11. "Já fiz meu desabafo como cidadã sobre o caso", disse após pedido de entrevista do Estado.

David Santos Souza, de 21 anos, ia trabalhar quando foi atropelado por volta das 5h30 na Avenida Paulista, pelo estudante de psicologia Alex Siwec, de 21 anos, que voltava de uma balada com um amigo. 

O braço do ciclista foi arrancado e ficou preso no para-brisa do carro de Siwec. Depois de fugir do local do crime, o estudante jogou o braço do rapaz no Córrego do Ipiranga, na Avenida Ricardo Jafet, zona sul, perto de onde mora.

"Estávamos prontos para tentar o reimplante e infelizmente a polícia juntamente com os bombeiros não conseguiram encontrar o braço no rio", detalhou Rachel no Facebook. 

Após passar por uma cirurgia para limpeza e sutura da ferida, David segue internado na UTI do HC. Segundo a assessoria de imprensa da instituição, o quadro do ciclista segue estável nesta segunda-feira, 11.

Leia a íntegra da mensagem da médica Rachel Baptista:

"Quero manifestar a minha indignação quanto a atitude desse monstro que atropelou o ciclista na avenida paulista e que inviabilizou a chance desse menino de 21 anos de tentar recuperar o braço. A nossa equipe: Dr Guilherme Barreiro, Dra Rachel Baptista, Dr. Kiril Kasai, Dr Daniel dos Anjos sente muito por essa desgraça. Estávamos prontos para tentar o reimplante e infelizmente a polícia juntamente com os bombeiros não conseguiram encontrar o braço no rio. O tempo de tentativa já se foi e nos restou somente a opção de limpar e suturar a ferida. O paciente está estável e foi terminada a cirurgia.

Sou totalmente a favor da lei seca e de tolerância zero. Não como ter brechas permitindo pessoas totalmente irresponsáveis dirigirem nessas condições. Tem que haver justiça nesse país.

Sinto muito, mas chegamos ao nosso limite. Sinto pela família e pelo paciente.

Espero que vocês divulguem e busquem mobilizar o governo para ter uma atitude incisiva na aplicação das leis e na punição dos responsáveis".

Comentário: João Bosco

Grifo nosso

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo / Danielle Vilella 

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