A morosidade não reina e impera
somente no judiciário. Eis na matéria publicada neste domingo pelo Jornal Folha
de São Paulo, a prova cabal que assim como as operadoras de telefonia, as de
plano de saúde também passam ao largo da punição.
A necessidade de se obedecer
o devido processo legal da frouxa
legislação pertinente com recursos intermináveis e protelatórios, a gerência
por indicação política e a falta de compromisso do governo para com as
agências reguladoras, tornam a punição cada vez mais longínqua.
Paradoxalmente, a punição ao
consumidor é exercida em caráter célere ao tentar marcar uma consulta ou exame,
ou até mesmo, um procedimento de urgência a demora está atrelada.
Há de se duvidar por
exemplo que, o descaso das operadoras de telefonia dispensam ao consumidor
brasileiro são os mesmos dos países da Europa com a qual também prestam
serviços.
Finalmente, pode-se afirmar categoricamente
que o termo ANS do titulo, poderia ser facilmente substituído por ANATEL, ANEEL, ANAC...
uma vez que, a seriedade nas indicações politicas de seus gestores não coadunam
com a necessidade da sociedade.
Eis a matéria:
Órgão
do governo responsável por fiscalizar os planos de saúde, a ANS (Agência
Nacional de Saúde Suplementar) leva até 12 anos para analisar processos em que
operadoras de planos de saúde são acusadas de irregularidades contra seus
clientes.
Nas últimas três semanas, a
Folha analisou 765 processos julgados pela diretoria da ANS entre janeiro e
fevereiro. Desses, 522 tramitavam havia cinco ou mais anos na agência.
Os
outros 243 processos levaram de um a quatro anos para conclusão. Operadoras
condenadas ainda podem recorrer à Justiça para escapar das multas que vão de R$
5.000 a R$ 1 milhão.
A
demora faz com que punições sejam canceladas e multas reduzidas porque anos
depois da abertura do processo regras foram extintas ou alteradas.
A ANS não tem poder para
determinar que a operadora respeite a lei atendendo ao consumidor. A multa, porém, serve como prova para
o usuário recorrer à Justiça.
Há
ainda casos em que a multa sugerida foi reduzida ou anulada pela diretoria
colegiada da agência, composta por indicações políticas, sem que as explicações
para tanto fossem registradas em ata.
Em
2008, a primeira instância da ANS propôs multa de R$ 294 mil contra a Unimed
Pelotas por incluir aditivo nos contratos sem a concordância dos usuários.
A
diretoria de fiscalização se posicionou pela redução do valor da multa para R$
21 mil. Alegou que o cálculo que se baseia no número de clientes da operadora
estava errado.
Cinco
anos depois, a diretoria da ANS mandou arquivar o processo. Na ata da reunião
da diretoria, não há explicações dos motivos. A página da ANS na internet apenas
detalha os processos julgados nos anos de 2004 a 2009.
QUEIXAS
Os
planos de saúde lideram o ranking de reclamações dos consumidores elaborado
pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) há 12 anos.
As
queixas são as mesmas que levam anos aguardando julgamento da ANS: negativa de
cobertura, reajuste por faixa etária e anual e descredenciamento de serviços.
Em
2005, a Fundação Geraldo Correia, que administra o hospital São João de Deus
(MG), foi acusada de recusar um cliente por ter mais de 50 anos à época, o que
é proibido por lei. Da queixa até a aplicação de multa de R$ 10 mil passaram-se
oito anos.
UM
A UM
Os
processos são analisados de forma individualizada pela ANS e passam por várias
instâncias. Ou seja, se clientes de cinco empresas diferentes fizerem a mesma
queixa, serão abertos cinco processos.
A
agência só analisa casos conjuntamente quando as ações são coletivas.
Dos
processos julgados pela ANS neste ano, dois foram abertos há 12 anos. Em ambos
os casos, a agência revogou as punições porque as regras que a justificaram não
estavam mais em vigor.
Num
dos casos, a empresa sonegou informação sobre o responsável por repassar dados
dos clientes à ANS. A legislação obriga o repasse porque as operadoras precisam
ressarcir o governo caso seus clientes usem o SUS (Sistema Único de Saúde)
ocupando o lugar de quem não têm condições de pagar um plano.
Comentário: João Bosco
Fonte: Folha online /
Andreza Matais
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