Ao ler o título da
matéria, compreende-se que a discussão giraria em torno da redução da carga
horária do anunciado profissional.
Porém, as dificuldades
enfrentadas pelo setor de saúde salvo algumas exceções, é tão gritante, que o
debate tomou outra vereda em que os representantes da classe bradaram em alto
e bom tom quão prejudicial seria resolver apenas uma pequena parte do problema.
Segundo os envolvidos, a
saúde não somente precisa de implementação de alocação de recursos mas, que o
mesmo chegue até a origem como afirmou o presidente da Confederação Nacional de
Saúde Olympio Távora "acabar com
os ralos é igualmente
importante ".
Eis a matéria:
O presidente da Confederação Nacional de Saúde, Olympio Távora Derze,
reclamou durante audiência pública na Câmara dos Deputados de algumas propostas
em tramitação no Congresso que podem prejudicar a saúde privada. Na opinião do
dirigente, uma delas é a que reduz a jornada de trabalho dos profissionais de
enfermagem (PL 2295/00), segundo ele, com impacto de R$ 5,4 bilhões.
Outra proposição que traria impacto para o setor é a que obriga a
presença de dentistas nas UTIs dos hospitais de médio e grande porte (PL
2776/08). Para o presidente da confederação, "os 10% das receitas
correntes brutas da União não cobririam nem uma parte do impacto para o setor
privado".
Távora Derze participou de audiência pública promovida nesta terça-feira
(23) pela Comissão Especial sobre o Financiamento da Saúde Pública. Na opinião
de Távora Derze não é só o aumento
de recursos a serem investidos que vai resolver os problemas da saúde no País.
Segundo ele, "acabar com os ralos" é igualmente importante.
Posição dos médicos
Já para o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira
Filho, a saúde oferecida ao trabalhador brasileiro é de péssima qualidade, em
virtude de um quadro de dificuldades econômicas e financeiras. Ele avalia que,
sem mais recursos, não é possível melhorar.
Ferreira Filho lembrou que o Brasil investe
apenas 3,2% do PIB em saúde, ficando atrás, por exemplo, da Argentina (5,1%) e
da Alemanha (8,1%).
Para o representante dos médicos, no entanto, ao contrário do que muitos
defendem, investir em políticas públicas de medicina preventiva não vai mudar o
cenário. "Temos que conviver com os altos custos da saúde e precisamos de
mais recursos".
Ferreira Filho manifestou apoio à destinação de 10% das receitas brutas
da União para o setor e apontou outras medidas importantes, como a punição para
os casos de corrupção na saúde; e a adoção de políticas complementares,
principalmente em relação aos acidentes envolvendo motociclistas.
O dirigente observou que esses acidentes representam 70% dos
atendimentos nas emergências de politraumatizados.
Santas Casas
O presidente da
Federação das Santas Casas do Rio Grande do Sul, Júlio Dornelles de Matos, disse que o governo federal tem "virado as
costas" para a assistência médico-hospitalar e reivindicou 100% de
reajuste nas tabelas do Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com Júlio Matos, para cada R$ 100 de
custos, o SUS remunera apenas R$ 65. "Por isso estamos em crise permanente e endividamento crescente.
Se não fossem as prefeituras e a maioria dos estados, grande parte das 2.100
Santas Casas do País estariam fechadas.
Onze mil leitos foram desativados nos últimos anos, quando deveríamos
ter disponibilizado mais 40 mil, por conta do aumento populacional".
O deputado José Linhares (PP-CE), um dos que solicitou o debate,
assinalou que a maioria das santas casas e hospitais filantrópicos está
endividada devido à defasagem das tabelas. Segundo ele, a estimativa é que 87% das instituições estejam com
as contas no vermelho.
O deputado afirmou que as despesas dessas entidades aumentaram de R$ 1,8
bilhão para R$ 11,8 bilhões, e que elas respondem por quase metade dos
procedimentos realizados pelo SUS.
Comentário: João Bosco
Fonte: Agência Câmara
Grifo nosso
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