Hipoteticamente,
imagine no Brasil, um homem aos 40 anos de idade, casado a 8 anos, sem filhos, ser
condenado à 200 anos de reclusão.
Certamente pelo desenrolar natural dos fatos,
esse condenado jamais será pai em função da idade avançada que o mesmo deixará
o presidio ainda que, a legislação brasileira não permita nem prisão perpétua
tão pouco, reclusão por mais 30 anos a menos que cometa outro crime após
cumprimento da pena máxima de 30 anos o que geraria uma nova condenação.
Portanto,
a depender das autoridades islâmicas da Palestina e com a anuência e participação efetiva de seu
médico, esse prisioneiro poderá usar de mecanismos pouco comuns para nós
ocidentais. O tráfico de sêmen.
Em
uma análise ocidentalizada acerca a matéria “O polêmico Dr. Sêmen”, chama a
atenção a quem o médico consultou para estabelecer o parâmetro e a lisura de
seu ato. Consultou as autoridades islâmicas.
Respeitosamente
expressa-se que a cultura de um país é regida pelos valores éticos e morais e, no
caso da palestina sobrepõe inclusive ao ato médico protagonizado pelo “diligente”
profissional.
Afinal, como a classe médica e a sociedade brasileira reagiriam se esse fato ocorresse
no Brasil?
Legislações à parte, uns apoiariam e outros não.
Porém,
no Brasil não carece o tráfico de sêmen pois o condenado tem permissão legal à
visita íntima.
Eis a matéria:
O polêmico Dr. Sêmen
Médico
palestino diz que trafica esperma de presos para fecundar suas mulheres, que
confirmam ter engravidado dessa forma; Israel afirma que o contrabando é
difícil, mas não impossível.
O
palestino Ammar al Ziben, 38, está detido há 16 anos em Israel. Cumpre 27
sentenças de prisão perpétua e está proibido de receber visitas íntimas.
Ammar
dizia à mulher, separado dela por um vidro, que já se considerava morto,
incapacitado de dar continuidade à linhagem familiar.
Até
que um recente esquema de contrabando de esperma e fertilização in vitro culminou,
segundo o médico responsável, no nascimento de um pequeno garoto chamado
Muhannad. Seu filho.
Seria
o resultado de uma amostra de sêmen traficada de dentro de uma prisão para um
laboratório, desafiando as autoridades penitenciárias israelenses.
Mas
o garoto é também fruto da defesa do médico Salim Abu Khaizaran, 56, de que é
preciso mitigar o que considera o drama familiar dos mais de 4.700 prisioneiros
palestinos em Israel.
"Somos
uma sociedade conservadora e gostamos de ter filhos", diz à Folha. "Há
uma pressão muito grande sobre as mulheres. Em alguns casos, se o marido é
solto, elas já não estão mais no período fértil e têm de aceitar que ele se
case de novo."
A
ideia de contrabandear sêmen dos palestinos partiu das lideranças presidiárias,
que procuraram Abu Khaizaran para perguntar a ele se a fertilização seria
viável do ponto de vista técnico.
O médico, por sua vez,
consultou as autoridades islâmicas para investigar se a fertilização seria
aceita religiosamente. Seria, e um pronunciamento legal ("fatwa") foi
emitido a seu favor.
Foi
a vez de Dallal al Ziben, mulher de Ammar, ir à clínica e pedir que Abu
Khaizaran lhe ajudasse a realizar o sonho do marido: ter um filho. Antes da
prisão, ele já tinha gerado duas meninas.
DOR
A
ideia veio a Ammar em 2004, depois da morte de sua mãe, então em greve de fome
pela libertação do filho. "Ele queria trazer uma pessoa à vida", diz
Dallal, 32.
"No
começo eu estava hesitante. Pensava em como as pessoas iriam olhar para mim,
grávida, sabendo que meu marido está na prisão."
Encorajada
pela família e pelo vilarejo de Maythalun, aceitou. Segundo ela, foram
necessárias três tentativas, incluindo um fracasso na fertilização e um aborto
natural. "Que ninguém pense que foi fácil. Foi muito doloroso, e não sei
se faria de novo", diz.
Muhannad
foi recebido com alegria na vila, "como se fosse uma festa de
casamento", conta. Para o marido, diz, significou uma razão para lutar
pela soltura.
Ammar
foi preso em 1997, condenado pela acusação de treinar homens-bomba, de acordo com
a sua mulher.
Segundo
o médico, outras oito mulheres estão grávidas após passarem pelo mesmo
procedimento. Na clínica, diz Abu Khaizaran, existem mais de 60 amostras de
esperma de prisioneiros palestinos congeladas.
O
médico e Dallal se recusaram a explicar de que maneira o sêmen é traficado e em
que condições é retirado.
Procurada
pela Folha, a autoridade penitenciária israelense diz que o contrabando de
sêmen na prisão seria "muito difícil" de ocorrer. Mas não impossível.
"As
condições de visita são restritivas, e só as crianças de até oito anos podem
tocar os prisioneiros", diz a porta-voz Sivan Weizman. "Estão sempre
sob vigilância."
Mas
as crianças não são revistadas ao sair.
Weizman
afirma que a proibição a visitas íntimas é por segurança. "Visitantes
podem trazer outras coisas, como um telefone, uma arma", diz.
TESTEMUNHAS
No
quesito técnico, a fertilização in vitro com o sêmen tirado da prisão seria
também viável, de acordo com especialistas consultados pela Folha.
Antes
de congelar a amostra, Abu Khaizaran exige que duas testemunhas do marido e
duas da mulher confirmem qual é a autoria do sêmen.
Os
prisioneiros palestinos são um dos assuntos-chave para a retomada das
negociações entre árabes e israelenses. O presidente da Autoridade Nacional
Palestina, Mahmoud Abbas, exige que parte dos detentos seja solta.
Se
para Israel eles são considerados terroristas, para palestinos os presidiários
são encarados como heróis da resistência à ocupação.
Quando
morrem na prisão, eles são enterrados como mártires, caso no início do mês de
Maysara Abu Hamdiyeh --vítima de um câncer de esôfago, pelo qual ele era
tratado em hospital.
O
assunto estará especialmente em foco nesta semana. No dia 17, é relembrado o
"dia do prisioneiro" nos territórios palestinos, e há manifestações
programadas.
"É
uma questão emocional", diz Abu Khaizaran. "Somos uma comunidade
pequena, e todos conhecem alguém que está na prisão."
Ele
afirma que não cobra pelos procedimentos médicos e que por causa disso tem
grande prejuízo.
Também
afirma que recusa o apoio oferecido pelos grupos políticos Hamas e Fatah, pois
não quer "politizar o assunto".
"Que
tipo de pessoa eu seria se pedisse dinheiro para essas famílias?"
Comentário: João Bosco
Fonte: Folhaonline
Grifo nosso
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