Reserva de mercado. Essa é a
tônica do discurso do presidente da Associação Brasileira de Pós-Graduando no
Mercosul, Carlos Estephanio. Afirmou até em “medo da concorrência”.
Para o espanto de muitos, os debatedores bravatearam ao se referirem às atuais normas de aceitação dos diplomas estrangeiros.
Pediram normas
claras para o ingresso de estrangeiros graduados no exterior porém, há de se
considerar que as normas ainda são consideradas liberais uma vez que segundo a
legislação, fica a cargo da universidade os critérios de avaliação e de acatamento
do diploma estrangeiro ou seja, cada
reitor com sua mania.
Estranhamente, há quem seja
ainda mais liberal. É a aceitação automática do diploma estrangeiro sem nenhum
critério de avaliação. Assim, aquele estudante de medicina formado em um país
tradicionalmente frio que jamais estudou acerca as patologias de um país
tropical a exemplo da malária, dengue, hanseníase, doença de chagas dentre outras, poderá exercer a medicina sem ao menos
conhecer as peculiaridades de nossos parasitas.
Um alento foi a fala
coerente da presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC), Helena Bonciani Nader, “tão importante quanto assegurar a revalidação
do diploma conquistado no exterior é garantir a qualidade da formação desses
profissionais que voltam ao Brasil”.
Eis a matéria:
Debatedores pedem
revalidação mais rápida, mas não automática, de diplomas emitidos no exterior
Agilidade
no processo, menos burocracia e critérios transparentes para revalidação no
Brasil de diplomas obtidos no exterior foram os pedidos dos participantes de
audiência pública que discutiu o tema, nesta sexta-feira (12), na Comissão de
Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). O encontro discutiu o Projeto de
Lei do Senado (PLS) 399/2011, que trata da revalidação e do reconhecimento
automático de diplomas de instituições de ensino superior estrangeiras.
Os
convidados concordaram que, ao contrário do que propõe o projeto, a revalidação
do diploma não deve ser automática. A reivindicação é de que seja estabelecido
um processo objetivo de avaliação. Atualmente, o diploma conquistado no
estrangeiro deve ser submetido à análise de uma universidade brasileira que
possua curso equivalente avaliado e reconhecido pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). As críticas dos
estudantes são de que o processo é demorado e subjetivo, com regras que variam
a depender da instituição de ensino a quem foi pedido o reconhecimento.
O
presidente da Associação Nacional de Pós-Graduados em Instituições Estrangeiras
de Ensino Superior, Vicente Celestino de França, estimou que existam hoje 20
mil pedidos em análise nas universidades brasileiras, em sua maioria da área de
Pedagogia.
Celestino
disse que o processo de revalidação do diploma é injusto e sem critérios
claros. Ele citou como exemplo um aluno que teve o pedido de reconhecimento do
diploma rejeitado por uma universidade em Minas Gerais, apesar de o curso feito
por ele no exterior ter carga horária e conteúdo maior do que o similar
nacional.
O
alto índice de rejeição dos diplomas também foi criticado pelo presidente da Associação Brasileira de
Pós-Graduando no Mercosul, Carlos Estephanio. Segundo ele, cerca de 80% dos
diplomas oriundos de países do Mercosul não são reconhecidos no Brasil. Até
mesmo a Argentina, que conquistou cinco prêmios Nobel, integraria a lista de
diplomas rejeitados.
-
Parece que as universidades não querem
concorrência para seus mestres e doutores formados no Brasil -criticou,
lembrando que, no país, há estados em que não existe sequer um doutor para cada
mil habitantes, o que compromete a qualidade da educação e de outros segmentos
da economia.
– Não estou pregando a
validação automática do diploma.
Só não podemos nos colocar à frente das outras instituições de ensino do mundo.
Precisamos de critérios claros de avaliação que sejam seguidos por todas as
universidades – pediu.
O
medo da concorrência também foi
levantado pelo conselheiro da Câmara de Educação Superior, Luís Roberto Curi.
Segundo ele, quem deve ser avaliado não é a instituição, mas o pós-graduado, já
que será ele quem vai ingressar no mercado de trabalho brasileiro. Ao formado
no exterior, ponderou, deve ser dado o mesmo tratamento dado aos formados aqui.
Exigência
de qualidade
Para
a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena
Bonciani Nader, tão importante quanto assegurar a revalidação do diploma
conquistado no exterior é garantir a qualidade da formação desses profissionais
que voltam ao Brasil.
-
Sem a qualidade, vamos ser injustos com os mais de 200 mil que estão fazendo
pós-graduação em cursos do país, avaliados pelo Capes. Os diplomas de curso do
exterior também precisam ser avaliados.
Como
critérios de avaliação, Helena Nader propôs que se levasse em consideração, no
caso de pós-graduação, a produção cientifica da instituição de ensino, o numero
de doutores que possui, a existência de condições de trabalho prático, entre
outros. Para graduação, poderiam ser o número de professores e salas de aula
por docentes. Em sua opinião, as regras de avaliação de ensino no país deveriam
ser aplicadas também aos diplomas que vem de fora.
Critérios
transparentes e específicos de avaliação foram reivindicados ainda pela
presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos, Luana Bonone. Ela sugeriu
que a chancela da revalidação do diploma deveria ser do Ministério da Educação
e não das universidades. Isso facilitaria o processo ao reduzir, por exemplo, a
“indisposição das universidades” em assumir para si o risco da revalidação do
diploma de uma instituição estrangeira pouco conhecida.
Luana
ressaltou ainda que a busca por diplomas de pós-graduação no exterior não é
mais uma demanda do país, mas do cidadão, individualmente. O Brasil teria hoje
vagas e capacidade para atender à demanda de interessados em pós-graduações.
O
presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes), Jorge Almeida Guimarães, corroborou a tese de que há demanda para
todos. Ele garantiu que a Capes tem capacidade para dobrar o número de
atendimentos no país, hoje de 200 mil estudantes, e que a busca por bolsas em
cursos no exterior tem caído diante da excelência do ensino no país.
Guimarães
mostrou-se preocupado com o risco da revalidação automática do diploma, o que
poderia comprometer a qualidade dos mestres e doutores em atuação no mercado.
Isso porque, alertou, há instituições de ensino que não têm seus diplomas de
pós-graduação reconhecidos sequer pelo próprio país de origem.
Também
presentes na audiência pública, o 1º vice-presidente da Academia Nacional de
Medicina, Karlos Celso de Mesquita, e o pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Paulo César Duque
Estrada, concordaram que a validação automática do diploma seria inaceitável.
Mudanças
no projeto
Autor
do projeto, o senador Roberto Requião
(PMDB-PR) admitiu que o texto original precisa ser aperfeiçoado, com mudanças
na previsão de revalidação automática do diploma, entre outros pontos. O
senador observou que as instituições de ensino devem passar por avaliações periódicas,
mas enfatizou a importância de se mudar as atuais regras para dar mais
celeridade aos pedidos. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) também
defendeu a necessidade de agilidade do processo.
A
audiência pública foi pedida pela senadora Ana Amélia (PP-RS), que presidiu a
reunião. Ao longo do debate, houve participação de telespectadores e
internautas que, por meio do site e-cidadania e do telefone 0800-612211
mandaram perguntas e comentários aos convidados.
Comentário: João Bosco
Titulo principal: nosso
Grifo nosso
Fonte: Agência Senado Agência
Senado / Paola Lima
Será que essas provas de revalidação( provavelmente protecionista), fosse aplicada nos formados no Brasil, qual seria o índice de aprovação hein?
ResponderEliminarEstou cheia de médicos incompetentes e bitolados, sem contar mesmo a arrogância.
Então no dia que os médicos formados no Brasil for obrigada a passar por essa prova para obter o CRM, ai si sou a favor.