Com a argumento da falta de
médicos para os atendimentos ao longo desse imenso país, o ministro da Saúde Alexandre Padilha
engendra de forma velada seus esforços no sentido de “abreviar e facilitar” a
entrada de médicos advindos do exterior em detrimento aos dos aqui formados.
Um dos argumentos por ele
utilizados de forma indireta é que “25,9% dos médicos que atendem a população
americana não são formados nos EUA. A Inglaterra tem 37% dos médicos formados
fora. Austrália, 22,8%. No Brasil 1,8%”.
Contesta ainda, a fala do
CFM que pronuncia que não faltam profissionais médicos no país e existe sim, uma
latente mal distribuição. Continuando a fala, o ministro afirmou: “Não é
verdade que não faltam médicos no Brasil. Temos 1,8 médico por mil habitantes.
A Argentina tem 3,2, Portugal, 3,9 e Espanha, 4."
Faz-se importante se ater ao
cuidado na avaliação de número de médicos por habitante no que tange à uma
nação pois, a densidade demográfica e as peculiaridade da região analisada
importam em muito no resultado da pesquisa para a real necessidade da quantidade de médicos que a
região realmente necessita.
Segundo dados do IBGE no
senso de 2010, no Brasil, a Região Norte conta com uma densidade demográfica de
4,12 hab/km2 e a Região Sudeste 86,92 hab/km2. Brutal disparate.
Conclui-se
obviamente que em função da distribuição populacional, seriam necessários mais
médicos na Região Sudeste para suprir as necessidades de demanda.
Portanto, não se pode exigir
uma lógica estatística engessada quando se trata de médicos/habitantes
sobretudo quando a análise comparativa se fundamenta em países cuja a densidade
demográfica é mais representativa e centralizada em função inclusive, da
pequena extensão territorial.
Pelo sim ou pelo não, as
escolas de medicina juntamente com seus laboratórios estão sucateadas, inexiste
um acesso descente à residência médica e na ponta, os consultórios dos
ambulatórios dos municípios, os leitos dos nosocômios sobretudo nas UTI’s permanecem
lotados com a prevalência da falta de dignidade para a população e aos
profissionais que ali trabalham.
Eis a matéria:
A atuação de médicos estrangeiros e de brasileiros formados no
exterior na rede pública de saúde pode ser facilitada por uma proposta em
debate pelo governo federal.
Hoje, esse ingresso é feito principalmente pelo Revalida, exame
tido como difícil e com alta taxa de reprovação.
A ideia é lançar editais internacionais para que os médicos
trabalhem vinculados à rede pública em cidades do interior e periferias
carentes de assistência, com registro provisório de dois anos.
Nesse período, o médico seria acompanhado por tutores e supervisores
de instituições de ensino e teria aulas de português e sobre o SUS.
Após dois anos, se quisesse ficar no país, o profissional teria
que fazer o Revalida.
Essa proposta foi apresentada, anteontem, a reitores e
coordenadores de cursos de medicina de universidades federais pelos ministérios
de Saúde e Educação.
O Ministério da Saúde calcula um
deficit de 160 mil médicos, que será suprido apenas em 2035 se mantida a
presente situação.
A expectativa é que a carência seja sanada principalmente por
médicos de Portugal e Espanha, onde o índice de desemprego está alto.
"Tem gente que diz que a proposta é importar médicos sem
qualidade, que vão tomar o lugar dos brasileiros. Não achei que seja isso,
pareceu algo bem organizado", disse Ângela Cruz, reitora da UFRN (Universidade
Federal do Rio Grande do Norte).
As entidades médicas no Brasil têm opinião contrária e criticam
duramente a ideia de flexibilizar a entrada dos diplomas internacionais.
Para o CFM (Conselho Federal de
Medicina), o problema é a má distribuição de médicos. Estudo da entidade aponta que a proporção
de médicos no país, na rede pública e privada, é de 2 médicos por 1.000
habitantes.
Enquanto isso, no SUS o índice é de 1,13 no país e não passa de
1,35 no Sudeste.
O governo também estuda alterar o Revalida, para que o exame tenha
o mesmo grau de exigência dos cursos nacionais. Uma possibilidade é calibrar a
nota de corte pelo desempenho de formandos de medicina na prova.
Comentários: João Bosco
Fonte: Folhaonline - Flávia
Foreque – Johannna Nublat - IBGE
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