quarta-feira, 19 de novembro de 2014

No Brasil, paciente com infecção generalizada morre em 56% dos casos

Mais da metade (55,7%) dos pacientes internados com sepse (infecção generalizada) nas UTIs brasileiras acaba morrendo, revela pesquisa em 229 unidades de terapia intensiva.

É o estudo mais abrangente já feito no país.

Nos EUA, a taxa de mortalidade é de 32%. Em países da Europa, como a França, de 30%. Na Austrália, de 18%.

A sepse começa com uma infecção– uma pneumonia ou uma cistite, por exemplo–, que, não tratada adequadamente, se espalha e compromete o funcionamento de vários órgãos e pode levar à morte.

A síndrome responde hoje por 25% da ocupação de leitos em UTIs no Brasil e é a principal causa de morte nessas unidades, segundo o Ilas (Instituto Latino Americano da Sepse), que realizou a pesquisa em âmbito nacional.

A alta taxa de mortes é explicada por uma série de fatores.

Começa com o desconhecimento da população, que demora em procurar um hospital quando tem uma infecção.

Quando lá chega, pode encontrar equipes mal preparadas para fazer o diagnóstico precoce da síndrome.

Estudo de 2010 mostra que 44% dos médicos que atendem em hospitais do país não sabiam reconhecer a sepse.


"Quanto mais tarde for diagnosticada a sepse, maior a mortalidade", diz o médico intensivista Luciano Azevedo, do Hospital Sírio-Libanês e coordenador no país de uma campanha mundial de combate à sepse. [...]


FALTA DE RECURSOS

O levantamento mostra que não há diferenças significativas entre os índices de morte nos hospitais públicos e privados–ao todo, foram analisados hospitais públicos e privados bons e ruins.

A amostra é representativa das UTIs de adultos do país –equivale a 13% das unidades.

 Foram investigados 2.705 pacientes internados.

Segundo Flávia Machado, vice-presidente do Ilas e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), outro dado mostrado no estudo é que a falta de recursos nos hospitais também está associada à alta mortalidade.

Nos hospitais com mais verba, ela foi de 52%. Nos mais carentes, de 66,4%.

Segundo Flávia, com treinamento e recursos necessários, é possível reduzir as mortes.

Ela cita estudo feito em nove hospitais de uma operadora de saúde que mostrou uma redução de 53% na taxa de mortalidade por sepse (de 55% para 26%) após treinamento das equipes.


POPULAÇÃO

O desconhecimento da população sobre a sepse também é mostrado em estudos.

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, encomendada pelo Ilas, mostra que apenas 7% dos brasileiros já ouviram falar a palavra sepse.

Na Alemanha e nos EUA, o índice é de 49% e 44%, respectivamente. [...]

Grifo nosso
Fonte: Folhaonline / Cláudia Collucci
Imagem: Folhapress

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