Os
estudantes de medicina terão de fazer estágio
obrigatório no Sistema Único de Saúde (SUS).
O
estágio será na atenção básica, em urgência e emergência, e corresponderá a
pelo menos 30% da carga horária prevista para o internato da graduação.
Além disso, os alunos passarão a cada dois anos
por avaliação obrigatória e classificatória para programas de residência
médica.
Essas
são algumas das mudanças
curriculares apresentadas (26/02/2014)
pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).
No
documento apresentado , o CNE estabelece seis anos para a graduação,
descartando as possibilidades apresentadas inicialmente pelo governo de que o
curso tivesse a duração de oito anos.
A reformulação das
diretrizes curriculares faz parte da Lei 12.871/2013, que instituiu o Programa
Mais Médicos, no ano passado.
O
CNE ainda está recebendo as últimas sugestões e têm um mês para apresentar a
versão definitiva ao Ministério da Educação (MEC). As diretrizes atuais foram definidas em 2001.
Pelas
novas diretrizes, 35% da carga horária
da graduação deverão ser voltadas à prática.
Dessa carga, 30% serão no SUS.
O
restante da carga horária deverá incluir clínica médica, cirurgia,
ginecologia-obstetrícia, pediatria, saúde coletiva e saúde mental.
Quanto à avaliação dos
alunos,
será nacional, sob a responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
As
diretrizes estipulam também uma maior articulação com a residência médica, que
terá como prioridade o atendimento no SUS.
A
partir de 2018, a residência deverá
ser universalizada, ofertada a todos
os egressos de 2017.
Os cursos de medicina em
funcionamento
terão prazo de um ano para implementar as diretrizes às turmas abertas, após a publicação
das mudanças.
Os estudantes matriculados, antes da vigência das novas regras,
poderão graduar-se conforme as diretrizes de 2001 ou optar pelas novas,
dependendo da instituição.
A
expectativa, com o Mais Médicos, é a abertura de 11.447 vagas em cursos de
medicina até 2017 — sendo 3.615 em universidades federais e 7.832 em
instituições particulares.
Na
residência, para a universalização, deverão ser ofertadas 12.372 novas vagas.
Presente
na reunião de apresentação das diretrizes, a
coordenadora-geral da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina,
Monique França, disse que falta detalhamento das novas propostas, como, por
exemplo, de que forma as aulas práticas serão melhoradas, e que devem ser
levadas em consideração as especificidades de cada região do país.
A
estudante também fez críticas à
avaliação nacional.
Segundo
ela, uma única prova para todo o país não irá abordar aspectos regionais, e,
sendo obrigatória e pré-requisito para a residência, poderá prejudicar os
estudantes e levar ao ranqueamento das instituições avaliadas.
“As atuais diretrizes foram discutidas por
quase uma década, essas em 180 dias”, ressaltou, dizendo que poucas propostas
dos estudantes foram acatadas.
As escolas de medicina
também fizeram considerações
sobre a avaliação dos estudantes. A presidenta da Associação Brasileira de
Educação Médica (Abem), Janete Barbosa, destacou a importância das avaliações
institucionais.
“As
especificidades das instituições devem ser levadas em conta. Isso é importante
para que as escolas saibam onde se encontram mais fortes e mais frágeis e
possam buscar apoio nesse sentido”. Para Janete, o processo de implementação
das novas diretrizes é “longo, estamos trabalhando com a formação, com
valores”.
O
pesquisador e professor de pós-graduação do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e
Pesquisa José Lúcio Machado comparou a avaliação ao Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem) – usado como vestibular nacional para ingresso no ensino superior
– e disse que considera a iniciativa um avanço na entrada para a residência
médica.
O
secretário de Educação Superior e presidente
da Comissão Nacional de Residência Médica, Paulo Speller, acredita que o
fato de os estudantes terem de permanecer mais tempo atendendo pelo SUS forçará
o sistema a se preparar para receber os alunos e profissionais. “Será
necessária a infraestrutura adequada para o cenário de prática.
Só podemos expandir as vagas nos novos
cursos se tivermos como base uma infraestrutura adequada”, disse.
A
criação de vagas nas particulares, que terão a maior parcela, por meio de
editais foi alvo de críticas das
instituições privadas.
Atualmente,
o Brasil tem uma média de 1,8 médico por mil habitantes. Com o Mais Médicos, o
objetivo é chegar a 2,7 médicos por mil habitantes em 2026, além da distribuição
desses profissionais por áreas com déficit de médicos.
Grifo nosso
Fonte: Agência Brasil
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