Integrante
do Mais Médicos, a cubana Ramona Matos Rodriguez, 51, deixou o programa e anunciou na noite desta terça-feira (4) que vai
pedir asilo político ao Brasil.
Ela disse que vai permanecer refugiada na
liderança do DEM na Câmara dos Deputados, aguardando uma decisão do governo
brasileiro, já que está sendo "perseguida
pela Polícia Federal".
Clínica-geral,
ela chegou ao país em outubro e atuava em Pacajá, no Pará.
Ela
diz que deixou a cidade no sábado e seguiu para Brasília após descobrir que o
valor de R$ 10 mil pago pelo governo brasileiro a outros médicos estrangeiros
era muito superior ao que ela recebia pelos serviços prestados.
A
médica cubana Ramona Rodriguez, 51, anunciou que vai pedir asilo político ao
Brasil.
A
cubana alega ainda ter sido enganada sobre a possibilidade de trazer seus
familiares ao país.
Ramona
foi apresentada nesta terça no plenário da Câmara por líderes do DEM.
Em entrevista, ela contou que recebia por mês US$ 400 para viver
no Brasil e outros US$ 600 seriam depositados em uma conta em Cuba, que só
poderiam ser movimentados no retorno para a ilha.
A
médica não revelou como chegou à capital federal nem como foi feito o contato
com os deputados da oposição.
Ela
contou, porém, que decidiu procurar o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) depois
de fazer uma ligação para uma amiga no interior do Pará e ser informada que a
Polícia Federal já tinha sido acionada para buscar informações sobre seu
paradeiro, sendo que agentes teriam procurado seus conhecidos na cidade.
Ela
não deu detalhes de como chegou ao deputado e disse que se sente enganada por
Cuba.
A
médica mostrou um contrato com a Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de
Serviços Médicos Cubanos, indicando que não houve acerto entre o Ministério da
Saúde e a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde)
"Eu
penso que fui enganada por Cuba. Não
disseram que era o Brasil estaria pagando R$ 10 mil reais pelo serviço dos
médicos estrangeiros. Me informaram que seriam US$ 400 aqui e US$ 600 pagos lá
depois que terminasse o contrato. Eu até achei o salário bom, mas não sabia que
o custo de vida aqui no Brasil seria tão alto", afirmou a cubana.
Ela
disse que tem uma filha que também é médica em Cuba e que sente receio pela
situação dela. Romana afirmou que já trabalhou em uma missão de Cuba na Bolívia
por 26 meses.
A
médica disse ainda que enfrentava problemas para se deslocar entre cidades
brasileiras, tendo sempre que avisar a um supervisor cubano, que ficava em
Belém.
Ronaldo Caiado afirmou que a liderança do DEM na
Câmara será a embaixada da liberdade para os médicos cubanos.
Ele afirmou que sua assessoria prepara para amanhã
o pedido de asilo da médica ao governo brasileiro e que irá pessoalmente
conversar sobre o caso com o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.
"O
DEM se coloca à disposição com estrutura física e jurídica", disse.
Os
oposicionistas disseram que vão arrumar um colchão e as condições necessárias
para que ela permaneça no local.
O
presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse que não vai
interferir no caso porque a liderança é um espaço de cada partido.
Vitrine
eleitoral da presidente Dilma Rousseff, o Mais Médicos tem o objetivo de
aumentar a presença desses profissionais no interior do país, em postos de
atenção básica, e para isso permite a atuação de médicos sem diploma revalidado
em território nacional.
Atualmente, cerca de 7.400 médicos cubanos estão
selecionados para atuar no país.
Grifo nosso
Fonte: Folha de São Paulo /
Márcio Falcão
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