O
ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, suspendeu o
andamento de todas as ações judiciais que discutem o uso da Taxa Referencial
(TR) como índice de correção do saldo do Fundo de Garantia (FGTS).
O
caso foi levado ao STJ por meio de Recurso Especial, que foi afetado pelo
ministro para ser julgado sob o rito dos recursos repetitivos.
A
questão está sendo debatida no Judiciário no Brasil inteiro.
De
acordo com levantamento da Caixa Econômica Federal, que consta do polo passivo
do REsp, já são 70 mil processos em
tramitação, muitos deles com liminares a favor dos correntistas e milhares
já com decisões a favor da Caixa.
O
que se discute é se a TR pode ser usada como índice de correção monetária para
o saldo das contas do FGTS. A reclamação é de que a TR, por definição, tem uma
variação abaixo da inflação.
Ela
foi criada justamente para evitar que a taxa de juros mensal refletisse a
inflação do mês anterior, e por isso sua base de cálculo é uma média dos
certificados de depósito bancário (CDB) e os recibos de depósito bancário (RDB)
dos 30 maiores bancos do país. Não leva em conta, portanto, a alta de preços
dos bens de consumo.
No entendimento dos juízes
que concederam liminares aos correntistas
essa diferença faz com que o Fundo renda necessariamente abaixo da inflação — o
que lhes reduz o poder aquisitivo.
Algumas
liminares fazem paralelo com a decisão do Supremo Tribunal Federal que declarou
inconstitucional o cálculo do rendimento de precatórios pela TR.
O pedido de sobrestamento das
ações foi feito ao STJ pela Caixa.
De acordo com a petição, o fato de existirem 70 mil ações em
trâmite e não haver ainda uma definição do STJ a respeito pode trazer
insegurança jurídica ao país, prejudicando inclusive os aposentados.
O ministro Benedito
Gonçalves, relator do caso, concordou com a argumentação: “O fim almejado pela novel sistemática
processual [recursos repetitivos] não se circunscreve à desobstrução dos
tribunais superiores, mas direciona-se também à garantia de uma prestação
jurisdicional homogênea aos processos que versem sobre o mesmo tema, bem como a
evitar a desnecessária e dispendiosa movimentação do aparelho judiciário”.
Com
a argumentação, determinou a suspensão do trâmite de todas as ações que tratem
do uso da TR como índice de correção monetária do FGTS.
Grifo nosso
Fonte: Consultor Jurídico / Pedro Canário
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