Durou onze anos mas acabou.
O desejo do profissional
médico em obter uma legislação específica que protegesse e regulamentasse sua profissão por intermédio da
Lei 12.842/13 que dispõe sobre o exercício da Medicina chegou ao fim nessa fatídica noite de
terça-feira, 20 de agosto de 2013.
Decerto, culpam o mês de
agosto como o mês do desgosto porém, nesse particular, o ditado popular
corrobora e ainda, com o agravante de terminar em 13.
O projeto tramitou quase
onze anos no Congresso e foi tema de 27 audiências públicas.
Uma das profissões mais
antigas no mundo que somente em 1957 teve regulamentado seu Conselho de
Medicina – registre-se que o presidente da república era médico – e, passados
56 anos não se saiba ao certo a denominação do ato médico.
Nesses anos a fio, surgiram
dezenas de profissões vinculadas ao tratamento do ser humano e essas mesmas ao
contrário dos profissionais médicos, se apressaram em se regulamentar
fundamentado num princípio de atuação da garantia legal em que, seu espaço no
mercado e na atuação profissional se tornaram preservados e assegurados.
Agora resta aos envolvidos,
empreenderem uma nova luta por via de um outro projeto de lei, no sentido de
assegurar as garantias que a classe almeja e merece.
Afinal, o que lhes foi
tirado, lhes pertencia.
Eis a matéria:
Congresso
mantém vetos de Dilma a Ato Médico
Após
mais de quatro horas de apuração, o Congresso manteve os quatro vetos da
presidente Dilma Rousseff a projetos como a Lei do Ato Médico. [...]
[...]A
contagem dos votos, feitos em cédulas de papel, começou pouco depois das 22h de
ontem (20) e foi encerrada às 2h30 desta quarta-feira.
A
votação em sessão conjunta do Congresso foi marcada pelo protesto de 500
manifestantes, que invadiram o plenário da Câmara dos Deputados no início da
noite.
Com
gritos de ordem e representando quatro grupos de interesses distintos, pessoas
que participaram do protesto ocuparam por cerca de meia hora as cadeiras
reservadas aos deputados e por três vezes interromperam com vaias e gritos a
fala do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que tentou
convencê-los a sair.[...]
[..]
A maior pressão esteve sobre os vetos à Lei 12.842/2013, conhecida como Lei do
Ato Médico, que também concentrou os discursos dos parlamentares.
A lei que disciplina a
profissão da medicina teve dez itens vetados pelo Executivo.
Um dos mais polêmicos é o
artigo que permite somente aos médicos fazer diagnósticos e prescrições
terapêuticas.
Outros
assuntos também estavam em jogo, como a competência profissional para exercer
cargo de direção e chefia de serviços médicos e hospitalares. [...]
Durante
todo o dia, médicos e demais profissionais de saúde tomaram o Salão Verde da
Câmara para defender a sua opinião.
Eles
também marcaram presença nas galerias durante a votação.
O líder do PT, deputado José
Guimarães, disse que o envio de um novo projeto vai garantir a manutenção dos
vetos feitos à proposta do ato médico.
A
proposta do governo vai manter as prerrogativas dos médicos, mas estabelecerá
exceções de acordo com protocolos do Sistema Único de Saúde (SUS), que garante
a tarefa a outros profissionais em determinadas situações.
O
líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado
(GO), ressaltou que, em todo o mundo, cabe apenas ao médico a prerrogativa do
diagnóstico e da prescrição de terapias. “Não podemos admitir que seja passado
a pessoas que não tiveram a formação médica o direito de dar diagnóstico e
propor tratamento”, criticou.
Manifestantes
nas galerias durante Sessão do Congresso Nacional para votação de vetos
presidenciais
Profissionais
da saúde se manifestam a favor de vetos e contra proposta do ato médico.
Já o líder do Psol, deputado
Ivan Valente (SP), defendeu a manutenção dos vetos.
Ele disse
que, se derrubados, os vetos vão inviabilizar
a profissão dos acupunturistas, que não poderão aplicar agulhas a não ser
que sejam médicos. “Não podemos retroceder dentro de uma visão integrada de
saúde, defendo a multidisciplinaridade, a transversalidade e não a hegemonia no
tratamento da saúde”, criticou.
Comentário: João Bosco
Grifo nosso
Fonte: Agência Senado /
Agência Câmara dos Deputados