O
governo federal vai pagar R$ 400 para os estudantes de Medicina que
participarem do pré-teste do Exame Nacional de Revalidação de Diploma Médico
(Revalida), prova para reconhecer diplomas de formados em outros países que
querem atuar no Brasil.
O pré-teste será aplicado a
alunos de último ano como forma de calibrar a prova.
Os
incentivos devem custar cerca de R$ 1,5 milhão.
Os
pagamentos estão sendo informados em comunicados do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) encaminhados aos coordenadores de
cursos das .instituições escolhidas para o Revalida.
Ligado
ao Ministério da Educação (MEC), o Inep é responsável pela aplicação do exame.
As
provas serão realizadas no dia 25 de agosto.
O
Inep já havia sinalizado que daria algum tipo de incentivo aos estudantes, como
o Estado adiantou em julho. Entretanto, não havia menção a pagamento em
dinheiro direto aos alunos.
Como a participação é
voluntária, a preocupação do Inep - e de especialistas - é que houvesse baixa
adesão ao pré-teste, ou mesmo boicote, não sendo possível alcançar uma amostra
significativa.
Os resultados vão “subsidiar eventuais ajustes
na prova, nas edições seguintes”, como indica o comunicado.
O
Inep nega que os dados do pré-teste serão usados para reduzir a dificuldade do
Revalida. Nas últimas duas edições, o exame registrou índices de reprovação
acima de 90%.
Para receber os R$400,00 os alunos terão de comprovar a
participação, com assinatura na lista de presença, e não ter a prova anulada ou
nota zero.
O
Inep indica que os valores sejam usados para pagar a inscrição em programas de
residência, mas não há obrigatoriedade para a finalidade do dinheiro.
O
instituto informou, em nota, que não há embasamento legal que possibilite uma
associação direta entre o pagamento do auxílio e a obrigatoriedade do uso na
taxa de inscrição em prova de residência médica.
O
Inep alegou que incentivos estão previstos na Lei 11.507, de 2007, que institui
o Auxílio de Avaliação Educacional (AAE).
“O
pagamento do auxílio de avaliação educacional foi uma demanda feita pelos
coordenadores de cursos de Medicina, com o objetivo de auxiliar os
participantes no pagamento da taxa de inscrição na prova de residência médica.
O
Inep entendeu que a solicitação é justa”, afirmou o órgão.
Contrapartida
Bráulio Luna Filho, membro da comissão de
especialistas que negocia alterações no programa Mais Médicos com o governo
federal, disse não ver problemas em pagar para evitar que os estudantes
boicotem aprova, mas o investimento tem de ser adequado.
“Se
não tivesse essa contrapartida, provavelmente os alunos não fariam a prova ou a
fariam de qualquer jeito”, disse ele, que também é responsável pela avaliação
dos formandos feita pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp).
“Gastar
dinheiro com pesquisas e avaliações não é problema, desde que a amostra seja
bem feita.
E
a amostra de universidades de São Paulo selecionadas para fazer o Revalida não
é re-presentativa e é enviesada”, afirmou Luna Filho, em referência à escolha
de apenas três instituições particulares paulistas, “sem representatividade” e
com baixo desempenho, para participar da calibragem.
Exame
O pré-teste do Revalida será aplicado a alunos
de 32 cursos de Medicina -17 instituições privadas e 15 públicas. Com base no
número de formandos das instituições selecionadas, cerca de 4 mil alunos devem
fazer o exame.
A prova será a mesma aplicada aos candidatos diplomados no
exterior, mas estudantes brasileiros só farão a parte teórica.
Grifo nosso.
Fonte: O Estado de S.Paulo / Fernanda Bassette.
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