Mirando o antigo ditado uma andorinha não faz verão, os resultados infelizmente esperados já começam a resultar face a uma política de
saúde elaborada à conta gotas em que as soluções dos problemas são resolvidos
de acordo com seu surgimento.
Muito foi falado e
conclamado pelas diversas autoridades sérias que militam na saúde que a solução
imediatista de importação de profissionais médicos minorariam o problema porém,
trariam outros maiores.
A contratação de
profissionais nessa ótica, soa a parte mais fácil do universo dinâmico da
atividade da saúde.
A preocupação maior do
governo deveria ser em não politizar o sistema, encarar os problemas com planejamento e, nesse caso seriam obtidos os resultados a curto, médio e longo prazos de maneira equilibrada, responsável e sem maiores atropelos.
Fizerem ouvidos moucos e
agiram inversamente ao bom senso e perfaz o crédito ao ditado. Uma andorinha
realmente não faz verão.
Eis a matéria:
Médicos
questionam infraestrutura e exigências e abandonam programa
Profissionais
desistem de bolsa federal alegando de precariedade a desconhecimento de regras.
A
carreira de Nailton Galdino de Oliveira, 34, no programa Mais Médicos, bandeira
de Dilma Rousseff (PT) para levar atendimento de saúde ao interior e às
periferias, durou menos de 48 horas e exatos 55 atendimentos.
Alegando
estar impressionado com a estrutura precária da unidade em Camaragibe (região metropolitana do Recife), onde atuou por dois
dias, pediu desligamento.
``É
uma aberração: teto caindo, muito mofo e infiltração, uma parede que dá choque,
sem ventilação no consultório, sala de vacina em local inapropriado, falta de
medicamentos``, afirmou.
Casos
de desistência como esse frustraram parte dos municípios que deveriam receber
anteontem 1.096 médicos brasileiros da primeira etapa do programa (os
estrangeiros só vão começar depois).
A
Folha encontrou exemplos espalhados pelo país, com justificativas variadas
alegadas pelos profissionais --incluindo falta de infraestrutura, planos
profissionais e pessoais e desconhecimento de algumas condições.
Na
prática, as desistências de brasileiros devem reforçar a dependência do
programa por profissionais estrangeiros.
Um
balanço da segunda rodada do Mais Médicos mostra baixa adesão de novos
interessados na bolsa de R$ 10 mil por mês. Houve só 3.016 inscrições --mais de
metade de formados no exterior.
Enquanto
isso, a demanda por médicos ultrapassou 16 mil --menos de 10% foi suprida na
primeira etapa.
O
ministro Alexandre Padilha (Saúde) disse que, após a nova fase, deve pensar
``outras estratégias`` para atrair mais médicos. Ele comparou as baixas às
dificuldades cotidianas de contratação``As
secretarias estão vivendo o drama que toda vez vivem quando fazem um concurso
público``, afirmou.
Ele
disse que, se houve boicote de médicos contrários ao programa, ``é de uma
perversidade quase inimaginável``.
BAIXAS
Em
Vitória da Conquista (BA), dos cinco
médicos que deveriam ter começado, três já desistiram. Na região metropolitana
de Campinas, dos 13 selecionados, 5 pediram para sair. Na capital paulista, 1
de 6 voltou atrás.
Em
Salvador, 5 dos 32 convocados já
abandonaram, assim como 11 dos 26 profissionais previstos em Fortaleza. No
Recife, 2 desistências foram confirmadas de um total de 12 médicos
selecionados.
A
Secretaria da Saúde de Salvador disse que três desistiram porque passaram em
concursos, enquanto outros dois alegaram problemas com a carga horária.
A
baiana Clarissa Oliveira, 27, disse que recuou devido ``à falta de estrutura``
da unidade em que trabalharia na periferia da capital baiana.
Em
Caratinga (MG), um médico de 26 anos
disse que abandonou devido à vinculação obrigatória de três anos.
O
coordenador do Mais Médicos em Fortaleza, José Carlos de Souza Filho, disse que
médicos desistiram logo que ``ressaltamos que era necessário cumprir a carga
horária de 40 horas e que iriam ficar em bairros mais distantes``.
Segundo
ele, profissionais acharam que poderiam usar parte da carga horária para se
dedicar à especialização.
Em
Camaragibe, Nailton Oliveira também alegou não ter recebido alimentação nem
moradia individual.
A prefeitura nega, diz que ele ``demonstrou má vontade`` e
afirma que a unidade precisa de reparos, mas ``nada que impeça seu
funcionamento``.
Comentário: João Bosco
Grifo nosso
Fonte: Folha de S.Paulo
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