quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Médicos questionam infraestrutura e exigências e abandonam programa

Mirando o antigo ditado uma andorinha não faz verão,   os resultados infelizmente esperados  já começam a resultar face a uma política de saúde elaborada à conta gotas em que as soluções dos problemas são resolvidos de acordo com seu surgimento.

Muito foi falado e conclamado pelas diversas autoridades sérias que militam na saúde que a solução imediatista de importação de profissionais médicos minorariam o problema porém, trariam outros maiores.

A contratação de profissionais nessa ótica, soa a parte mais fácil do universo dinâmico da atividade da saúde.

A preocupação maior do governo deveria ser em não politizar o sistema, encarar os problemas com planejamento e, nesse caso seriam obtidos os resultados a curto, médio e longo prazos de maneira equilibrada, responsável e sem maiores atropelos.

Fizerem ouvidos moucos e agiram inversamente ao bom senso e perfaz o crédito ao ditado. Uma andorinha realmente não faz verão.  

 Eis a matéria:  

Médicos questionam infraestrutura e exigências e abandonam programa 
   
Profissionais desistem de bolsa federal alegando de precariedade a desconhecimento de regras.
            
A carreira de Nailton Galdino de Oliveira, 34, no programa Mais Médicos, bandeira de Dilma Rousseff (PT) para levar atendimento de saúde ao interior e às periferias, durou menos de 48 horas e exatos 55 atendimentos.

Alegando estar impressionado com a estrutura precária da unidade em Camaragibe (região metropolitana do Recife), onde atuou por dois dias, pediu desligamento.

``É uma aberração: teto caindo, muito mofo e infiltração, uma parede que dá choque, sem ventilação no consultório, sala de vacina em local inapropriado, falta de medicamentos``, afirmou.

Casos de desistência como esse frustraram parte dos municípios que deveriam receber anteontem 1.096 médicos brasileiros da primeira etapa do programa (os estrangeiros só vão começar depois).

A Folha encontrou exemplos espalhados pelo país, com justificativas variadas alegadas pelos profissionais --incluindo falta de infraestrutura, planos profissionais e pessoais e desconhecimento de algumas condições.

Na prática, as desistências de brasileiros devem reforçar a dependência do programa por profissionais estrangeiros.

Um balanço da segunda rodada do Mais Médicos mostra baixa adesão de novos interessados na bolsa de R$ 10 mil por mês. Houve só 3.016 inscrições --mais de metade de formados no exterior.


Enquanto isso, a demanda por médicos ultrapassou 16 mil --menos de 10% foi suprida na primeira etapa.

O ministro Alexandre Padilha (Saúde) disse que, após a nova fase, deve pensar ``outras estratégias`` para atrair mais médicos. Ele comparou as baixas às dificuldades cotidianas de contratação``As secretarias estão vivendo o drama que toda vez vivem quando fazem um concurso público``, afirmou.

Ele disse que, se houve boicote de médicos contrários ao programa, ``é de uma perversidade quase inimaginável``.

BAIXAS

Em Vitória da Conquista (BA), dos cinco médicos que deveriam ter começado, três já desistiram. Na região metropolitana de Campinas, dos 13 selecionados, 5 pediram para sair. Na capital paulista, 1 de 6 voltou atrás.

Em Salvador, 5 dos 32 convocados já abandonaram, assim como 11 dos 26 profissionais previstos em Fortaleza. No Recife, 2 desistências foram confirmadas de um total de 12 médicos selecionados.

A Secretaria da Saúde de Salvador disse que três desistiram porque passaram em concursos, enquanto outros dois alegaram problemas com a carga horária.

A baiana Clarissa Oliveira, 27, disse que recuou devido ``à falta de estrutura`` da unidade em que trabalharia na periferia da capital baiana.

Em Caratinga (MG), um médico de 26 anos disse que abandonou devido à vinculação obrigatória de três anos.

O coordenador do Mais Médicos em Fortaleza, José Carlos de Souza Filho, disse que médicos desistiram logo que ``ressaltamos que era necessário cumprir a carga horária de 40 horas e que iriam ficar em bairros mais distantes``.

Segundo ele, profissionais acharam que poderiam usar parte da carga horária para se dedicar à especialização.

Em Camaragibe, Nailton Oliveira também alegou não ter recebido alimentação nem moradia individual.

A prefeitura nega, diz que ele ``demonstrou má vontade`` e afirma que a unidade precisa de reparos, mas ``nada que impeça seu funcionamento``.

Comentário: João Bosco

Grifo nosso

Fonte: Folha de S.Paulo

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