sexta-feira, 17 de maio de 2013

Mais de 700 casos de erro médico são investigados em MS


Pode-se observar claramente o teor da manchete em que, frisa especialmente a má atuação do profissional médico, em detrimento à estrutura de saúde arcaica que os municípios enfrentam ao longo do país.

No entanto, a breve  matéria ao descrever os fatos  foi traída pelos relatos narrados.

A mesma elencou: o paciente “liberado do Hospital Regional por falta de vaga para internação”.

Em absoluto não é da responsabilidade médica criar vagas nas unidades de saúde entretanto, se o mesmo não atender o paciente por esse motivo incorre ao médico em omissão de socorro ( art. 135 Código Penal ).

Omissão de socorro deveria ser atribuída às autoridades públicas em função do descaso com a situação e pela não disponibilização das vagas.

Falou-se em “laudo da autópsia”. É de obrigação e dever legal do Instituto Médico Legal e não do médico que atua na unidade de saúde fornecer em tempo hábil o referido documento.

O médico da unidade de saúde se obriga a fornecer o atestado de óbito quando a morte é natural e não violenta. Autópsia pertine ao médico legista.

Portanto, não há de se  falar em demora na entrega dos laudos por parte dos médicos fixados nas unidades de saúde.

Por fim, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Mato Grosso do Sul Dr. Luis Henrique verbaliza: “a maioria dos processos de investigação quanto à conduta médica se refere a erros médicos”.

Percebe-se claramente que a contundência de suas expressões não coadunam com os fatos expostos na reportagem. Foi no mínimo exagerada e desproporcional.

Enquanto os médicos do front labutam enfrentando as inúmeras dificuldades, os intencionados propaladores tendenciosos acusam alguém que também é vítima desse sistema de saúde falido.

Eis a matéria:

  Mais de 700 casos de erro médico são investigados em MS

Mãe chora ao lembrar de seu filho Fernando, de 22 anos, para ela vítima de erro médico

A demanda de processos que apuram erros médicos está cada dia maior no Estado. A informação é do presidente da Associação de Vítimas de Erros Médicos de Mato Grosso do Sul, Valdemar Moraes de Souza, que recebe de 10 a 15 denúncias por dia de possíveis mortes causadas por negligências no atendimento. Há mais de 700 processos em investigação.

“Os principais casos são de morte de crianças, por demora no parto devido a insistência médica em fazer parto normal e quanto a perfuração de órgãos durante cirurgias”, explica Valdemar, que criou a associação em 2007, após perder um irmão por negligência médica. “Após a denúncia a gente analisa caso por caso para aí sim abrir um processo e dar assessoria jurídica para as famílias”, destaca.

A entidade afirma não ter condições financeiras para dar suporte psicológico para as famílias que perderam parentes por erro. Nesta terça-feira (14) eles foram à Câmara de Campo Grande pedir apoio para o fim da impunidade nos casos e que a associação se torne de utilidade pública para conseguir mais apoio financeiro.

“Queremos a doação de uma área pública para sair do aluguel e poder investir no atendimento à população, pois a Justiça já é lenta e nós precisamos deste auxílio para ajudar ainda mais”, diz Valdemar.

Paciente doente é liberado por falta de vaga para internação

Uma das famílias que protestaram ontem na Câmara é a de Claudicéia Alves de Lima, doméstica, mãe de Fernando Lima de Sousa, de 22 anos, que morreu no dia 5 de abril, dois dias depois de ser liberado do Hospital Regional por falta de vaga para internação.

Ele tinha bronquite asmática e estava passando muito mal, com febre e suspeita de pneumonia. Liberaram ele porque não tinha vaga e mandaram eu ligar para o Samu se ele piorasse”, conta a mãe.

No outro dia Fernando continuou a piorar e foi levado para o posto de Saúde do bairro Vila Almeida. “O médico deu soro para ele e depois de mais ou menos duas horas por lá e liberaram ele novamente, contra nossa vontade”, disse a tia do rapaz, Geiza Alves.

A família conta que após uma hora chamaram o Samu, porque Fernando estava tossindo muito sangue. “Levaram para o posto do Coronel Antonino. Deixaram ele no balão de oxigênio e resolveram levá-lo novamente para o Regional, de onde ele não deveria ter saído. No meio do caminho ele teve uma parada respiratória e resolveram voltar para o Coronel Antonio e fizeram reanimação.

Tentaram ir e tiveram que voltar por duas vezes. Na terceira vez que tentaram transportá-lo ele morreu na ambulância”, lamenta a mãe de Fernando.

Demora na entrega dos laudos

O Hospital Regional abriu uma sindicância para apurar sobre a liberação de Fernando. Um mês depois a família ainda não conhece o resultado da apuração, nem mesmo o laudo da autópsia, que também não saiu. Os laudos demoram em média de 30 a 60 dias para serem liberados segundo a Associação de Vítimas de Erros Médicos.

“Até hoje não sabemos do que ele morreu. Para nós foi a pneumonia que não foi tratada. Não fizeram nenhum exame nele. Se ele tivesse tido o tratamento adequado estaria aqui. Para nós foi negligência médica do Regional e do Posto Vila Almeida”, afirma Geiza.

O presidente da associação alerta que é necessário registrar boletins de ocorrência e quando há delegados que se recusam a registrar, a orientação é denunciar ao Ministério Público Estadual.

“Outra coisa é o fato deles terem que voltar para reanimar a vítima e a morte ocorrer dentro da ambulância evidencia que o carro não era equipado para fazer este transporte, há negligência aí também”, considera Valdemar.

Principais investigações do CRM são sobre erros

Em entrevista ao Midiamax, o presidente do Conselho Regional de Medicina em Mato Grosso do Sul, Luís Henrique Mascarenhas Moreira, afirma que a maioria dos processos de investigação quanto à conduta médica se refere a erros médicos.

“Com certeza o que mais tem chegado de denúncias são sobre negligência, imprudência e imperícia médica, o que se comprovado caracteriza erro médico”, afirma o presidente. As causas são inúmeras e o Conselho também não tem o levantamento específico do número de médicos já julgados.

“O Conselho deixa claro que toda e qualquer denúncia é apurado. Abrimos sindicância, reunimos documentos, testemunhas e ao final se comprovado erro na conduta médica o profissional é julgado dentro da lei.

Se condenado perde o direito de atuar”, disse Luís. A entidade afirma que a média de conclusão de um julgamento é de um ano.

Comentário: João Bosco

Fonte: Midiamaxnews 

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