Pode-se observar claramente
o teor da manchete em que, frisa especialmente a má atuação do profissional
médico, em detrimento à estrutura de saúde arcaica que os municípios enfrentam ao
longo do país.
No entanto, a breve matéria ao descrever os fatos foi traída pelos relatos narrados.
A mesma elencou: o paciente “liberado
do Hospital Regional por falta de vaga para internação”.
Em absoluto não é da
responsabilidade médica criar vagas nas unidades de saúde entretanto, se o mesmo não
atender o paciente por esse motivo incorre ao médico em omissão de socorro ( art. 135 Código
Penal ).
Omissão de socorro deveria
ser atribuída às autoridades públicas em função do descaso com a situação e
pela não disponibilização das vagas.
Falou-se em “laudo da
autópsia”. É de obrigação e dever legal do Instituto Médico Legal e não do
médico que atua na unidade de saúde fornecer em tempo hábil o referido
documento.
O médico da unidade de saúde
se obriga a fornecer o atestado de óbito quando a morte é natural e não
violenta. Autópsia pertine ao médico legista.
Portanto, não há de se falar em demora na entrega dos laudos por
parte dos médicos fixados nas unidades de saúde.
Por fim, o presidente do
Conselho Regional de Medicina do Mato Grosso do Sul Dr. Luis Henrique
verbaliza: “a maioria dos processos de
investigação quanto à conduta médica se refere a erros médicos”.
Percebe-se claramente que a contundência de suas expressões não coadunam com os fatos
expostos na reportagem. Foi no mínimo exagerada e desproporcional.
Enquanto os médicos do front labutam enfrentando as inúmeras dificuldades,
os intencionados propaladores tendenciosos acusam alguém que também é vítima
desse sistema de saúde falido.
Eis a matéria:
Mais
de 700 casos de erro médico são investigados em MS
Mãe chora ao lembrar de seu
filho Fernando, de 22 anos, para ela vítima de erro médico
A
demanda de processos que apuram erros médicos está cada dia maior no Estado. A informação é do presidente da Associação de Vítimas de Erros Médicos de
Mato Grosso do Sul, Valdemar Moraes de Souza, que recebe de 10 a 15
denúncias por dia de possíveis mortes causadas por negligências no atendimento.
Há mais de 700 processos em investigação.
“Os
principais casos são de morte de crianças, por demora no parto devido a
insistência médica em fazer parto normal e quanto a perfuração de órgãos
durante cirurgias”, explica Valdemar, que criou a associação em 2007, após
perder um irmão por negligência médica. “Após a denúncia a gente analisa caso
por caso para aí sim abrir um processo e dar assessoria jurídica para as
famílias”, destaca.
A
entidade afirma não ter condições financeiras para dar suporte psicológico para
as famílias que perderam parentes por erro. Nesta terça-feira (14) eles foram à
Câmara de Campo Grande pedir apoio para o fim da impunidade nos casos e que a
associação se torne de utilidade pública para conseguir mais apoio financeiro.
“Queremos
a doação de uma área pública para sair do aluguel e poder investir no
atendimento à população, pois a Justiça já é lenta e nós precisamos deste
auxílio para ajudar ainda mais”, diz Valdemar.
Paciente doente é liberado
por falta de vaga para internação
Uma
das famílias que protestaram ontem na Câmara é a de Claudicéia Alves de Lima,
doméstica, mãe de Fernando Lima de Sousa, de 22 anos, que morreu no dia 5 de
abril, dois dias depois de ser liberado
do Hospital Regional por falta de
vaga para internação.
Ele
tinha bronquite asmática e estava passando muito mal, com febre e suspeita de
pneumonia. Liberaram ele porque não
tinha vaga e mandaram eu ligar para o Samu se ele piorasse”, conta a mãe.
No
outro dia Fernando continuou a piorar e foi levado para o posto de Saúde do
bairro Vila Almeida. “O médico deu soro para ele e depois de mais ou menos duas
horas por lá e liberaram ele novamente, contra nossa vontade”, disse a tia do
rapaz, Geiza Alves.
A
família conta que após uma hora chamaram o Samu, porque Fernando estava
tossindo muito sangue. “Levaram para o posto do Coronel Antonino. Deixaram ele
no balão de oxigênio e resolveram levá-lo novamente para o Regional, de onde
ele não deveria ter saído. No meio do caminho ele teve uma parada respiratória
e resolveram voltar para o Coronel Antonio e fizeram reanimação.
Tentaram ir e
tiveram que voltar por duas vezes. Na terceira vez que tentaram transportá-lo
ele morreu na ambulância”, lamenta a mãe de Fernando.
Demora na entrega dos laudos
O
Hospital Regional abriu uma sindicância para apurar sobre a liberação de
Fernando. Um mês depois a família ainda não conhece o resultado da apuração,
nem mesmo o laudo da autópsia, que
também não saiu. Os laudos demoram em média de 30 a 60 dias para serem
liberados segundo a Associação de Vítimas de Erros Médicos.
“Até
hoje não sabemos do que ele morreu. Para nós foi a pneumonia que não foi
tratada. Não fizeram nenhum exame nele. Se ele tivesse tido o tratamento
adequado estaria aqui. Para nós foi negligência médica do Regional e do Posto
Vila Almeida”, afirma Geiza.
O
presidente da associação alerta que é necessário registrar boletins de
ocorrência e quando há delegados que se recusam a registrar, a orientação é
denunciar ao Ministério Público Estadual.
“Outra
coisa é o fato deles terem que voltar para reanimar a vítima e a morte ocorrer
dentro da ambulância evidencia que o carro não era equipado para fazer este
transporte, há negligência aí também”, considera Valdemar.
Principais investigações do
CRM são sobre erros
Em
entrevista ao Midiamax, o presidente do
Conselho Regional de Medicina em Mato Grosso do Sul, Luís Henrique Mascarenhas
Moreira, afirma que a maioria dos processos de investigação quanto à conduta
médica se refere a erros médicos.
“Com certeza o que mais tem chegado de denúncias são
sobre negligência, imprudência e imperícia médica, o que se comprovado
caracteriza erro médico”, afirma o presidente. As causas são inúmeras e o Conselho também não tem o levantamento
específico do número de médicos já julgados.
“O
Conselho deixa claro que toda e qualquer denúncia é apurado. Abrimos
sindicância, reunimos documentos, testemunhas e ao final se comprovado erro na
conduta médica o profissional é julgado dentro da lei.
Se condenado perde o
direito de atuar”, disse Luís. A entidade afirma que a média de conclusão de um
julgamento é de um ano.
Comentário: João Bosco
Fonte: Midiamaxnews
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