sexta-feira, 31 de maio de 2013

Cirurgias feitas no fim da semana têm risco maior, indica estudo

Um alento. Qualquer alternativa quando se trata da minimização dos riscos da atividade médica uma vez que, a medicina é essencialmente uma atividade de risco não obstante alguns incrédulos insistirem na tese de que toda má-prática médica está envolta em um dos, ou nos preceitos da responsabilidade civil  a imperícia, a negligência e a imprudência.

Certo que como diz o ditado “nem sempre o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, essa prática talvez se aplique para os médicos que aqui laboram a contar pela enorme carga horária de trabalho com vários empregos a que são submetidos durante a semana principalmente face à baixíssima remuneração da grande maioria dos profissionais médicos que atuam no serviço público.

Notadamente, essa situação inevitavelmente também se aplica aos assistentes e auxiliares envoltos na atividade.

Ao imaginar a pressão, a falta de estrutura, de fármacos, de insumos, de auxiliares gabaritados e outras tantas deficiências com a qual o profissional médico lida cotidianamente, na segunda, terça-feira, a condição de superação de suportar as dificuldades elencadas é infinitamente maior do que na sexta-feira.

Portanto, fica o alerta aos médicos que podem se dar ao luxo em determinar o dia da cirurgia eletiva.

A pesquisa informa que se for um procedimento muito complexo e o paciente puder esperar, que o realize no início da semana.  

Eis a matéria:

Cirurgias feitas no fim da semana têm risco maior, indica estudo

Pesquisadores britânicos examinaram 4 milhões de procedimentos cirúrgicos realizados entre 2008 e 2011.

Uma nova pesquisa britânica indica que os pacientes que passam por cirurgias nos últimos dias da semana têm mais chances de morrer do que aqueles que passam pelo procedimento no começo da semana.

Os pesquisadores do Imperial College de Londres reuniram dados relativos a todas as cirurgias programadas -- que não eram feitas em situação de emergência -- realizadas pelo NHS, o serviço público de saúde britânico, na Inglaterra entre 2008 e 2011.

Ao analisar cerca de 4 milhões de procedimentos, os autores do estudo descobriram mais de 27 mil mortes em um mês, o que representa um risco médio de morte de 0,67%.

Os pesquisadores afirmam que o motivo de preocupação é a variação significativa durante a semana: o risco é mais baixo para cirurgias realizadas na segunda-feira e vai aumentando a cada dia, chegando ao máximo durante o fim de semana.

O estudo aponta que as pessoas que fazem cirurgia na sexta-feira têm 44% de aumento das chances de morrer do que as pessoas que passam por procedimentos na segunda-feira.

A pesquisa também indica que o risco de morrer é ainda mais alto se a cirurgia for feita durante o fim de semana, 82% maior do que na segunda-feira.

Mas os pesquisadores afirmam que apenas uma minoria dos procedimentos planejados atualmente é realizada em sábados e domingos.

O estudo foi divulgado na publicação especializada "British Medical Journal".

Menos médicos

Os pesquisadores afirmam que os problemas com os procedimentos nos últimos dias da semana podem ocorrer devido a cuidados pós-operatórios de má qualidade no fim de semana.

"As primeiras 48 horas depois de um procedimento são as mais críticas, quando as coisas podem dar errado, como sangramentos e infecções", afirmou Paul Aylin, autor do estudo. "Se você não tem os funcionários certos, isso deve contribuir para que coisas passem despercebidas".

"Se eu fosse um paciente, eu me consolaria com o fato de que a taxa geral de mortes é baixa, mas, se eu fosse passar por uma operação mais para o fim da semana, eu me interessaria [em saber] se o hospital tem os serviços apropriados para os cuidados durante minha recuperação, incluindo durante o fim de semana", acrescentou.

O pesquisador afirma que o número menor de médicos, enfermeiras e funcionários em geral no sábado e domingo pode ser a causa do risco maior de mortes no fim de semana.

Este é o primeiro grande estudo a analisar cirurgias programadas, desde os procedimentos de alto risco como cirurgias cardíacas até os mais rotineiros.

Katherine Murphy, da associação britânica de defesa de pacientes Patients Association, afirma que a pesquisa não mostra um problema novo e que as autoridades britânicas adotaram poucas medidas para tratar dos problemas identificados.


Já o diretor-médico do NHS na Inglaterra, Bruce Keogh, diz que a entidade criou um fórum para buscar "opções financeiras e clínicas viáveis" para garantir serviços "mais abrangentes sete dias por semana".

Comentário: João Bosco

Fonte: G1 / BBC Londres / British Medical Journal

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