Duas das maiores sociedades
científicas do país
decidiram se posicionar a favor da abolição dos testes de cosméticos em animais
desde que a legislação mude para que uma alternativa possa ser comercializada
no Brasil.
Trata-se de um kit de pele
de origem humana.
``Ele
pode ser produzido a partir de qualquer pedaço de pele que sobre de uma
cirurgia e que, do contrário, seria jogado fora. Uma das fontes mais abundantes
são pedaços do prepúcio [pele que recobre a ponta do pênis] das cirurgias de
fimose ou de circuncisão``, explica Marcelo Morales, do Instituto de Biofísica
da UFRJ.
Morales
é secretário da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e
secretário-geral da Fesbe (Federação de Sociedades de Biologia Experimental),
órgãos que sempre saem em defesa da necessidade da pesquisa com animais quando
se trata de testar novos fármacos ou procedimentos médicos.
No
caso dos cosméticos, porém, Morales afirma que a abolição dos testes faz
sentido ``porque existem métodos validados cientificamente, com resultados
confiáveis``.
O grande obstáculo, diz ele,
é a lei 9.434, de 1997,
que proíbe a comercialização de produtos derivados de seres humanos no Brasil.
``Ela foi criada para coibir o tráfico de órgãos, mas acabou gerando uma
barreira para essa tecnologia alternativa.``
Mesmo
se fosse importado, o kit tem validade de poucos dias, o que inviabilizaria seu
uso considerando o tempo de passagem por alfândega e inspeção sanitária.
``Já
existem grupos de pesquisadores brasileiros desenvolvendo versões desse kit com
apoio do CNPq [órgão federal de fomento à pesquisa].``
As
células dos fragmentos são multiplicadas em cultura, gerando um análogo das
camadas naturais de pele.
``Mas a barreira que nos vemos é justamente a da
comercialização. São pequenos imbróglios que o Congresso poderia resolver
facilmente.``
ARTICULAÇÃO
Morales
já se reuniu com o deputado federal Ricardo Izar Jr. (PSD-SP), presidente da
Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Animais, para expor o problema.
Izar
Jr. disse à Folha que é favorável ao plano e que a reunião incluiu outros
deputados, o ministro da Ciência, Marco Antonio Raupp, e Helder Constantino, da
ONG Humane Society International. “Podemos e vamos trabalhar juntos para
modificar a legislação”, afirmou.
Grifo nosso
Fonte: Folha de S.Paulo / Reinaldo
José Lopes
Partilhe no Facebook
Sem comentários:
Enviar um comentário