segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Grande parte dos hospitais do país tem menos de 150 leitos

Entre os hospitais do SUS, taxa de ocupação não ultrapassa 64%. Um índice abaixo de 75% é considerado deficitário para especialistas do setor.

Um dos principais problemas dos hospitais brasileiros é a carência de leitos.

Das 6.774 unidades do país, cerca de 88% disponibilizam menos de 150 leitos.

Isto, levando-se em consideração que um hospital torna-se viável operacionalmente quando possui ao menos esse número de leitos e com isso consegue ter ganhos de escala suficiente para negociar com operadoras de planos de saúde, laboratórios, fornecedores de próteses, entre outros. As informações são do Valor Econômico.

Segundo Marcelo Caldeira Pedroso, professor da FEA-USP, durante o seminário "A Profissionalização da Administração Hospitalar", realizado nesta segunda-feira (04), em São Paulo, um hospital com menos de 150 leitos pode ser viável quando, por exemplo, é focado em determinada área médica ou é bem localizado.

No Brasil são poucos os estabelecimentos com mais de 1 mil leitos, como o Hospital das Clínicas (SP), com 2,2 mil leitos, a Santa Casa de Porto Alegre com 1,2 mil, e a Beneficência Portuguesa servida por 1.165 leitos.

Para efeito de comparação, os 23 maiores hospitais dos Estados Unidos possuem mais 1 mil leitos.

Pedroso acredita que o modelo ideal é o hospital de grande porte especializado em uma área médica.

Alguns exemplos

No Canadá, o Hospital Shouldice trata exclusivamente de problemas de hérnia e o custo para tratamento da doença é de US$ 2,3 mil, contra US$ 7 mil em hospitais gerais.

Na Índia, o hospital Narayana, de cardiologia, realiza uma cirurgia cardíaca por US$ 2,4 mil, menos da metade do valor cobrado por outros estabelecimentos no país.

No Brasil, com 12 institutos e hospitais especializados, o Hospital das Clínicas (SP) segue caminho semelhante.

De acordo com Marcos Fumeo Koyama, superintendente do Hospital das Clínicas, possui áreas específicas de conhecimento médico e um único 'back office' para tecnologia, contabilidade, marketing, entre outros que atendem todas as áreas. Até 2011, o HC era do Unibanco e trouxe esse modelo do banco.


Segundo Koyama, com essa estratégia o montante investido no hospital da Faculdade de Medicina da USP saltou de R$ 16 milhões para R$ 60 milhões por ano.

DISTRIBUIÇÃO DE LEITOS NOS HOSPITAIS NO BRASIL 
(Fonte: CNES, FEA-USP)

Região Norte.............................................        535 hospitais - 70% têm entre 20 e 149 leitos;

Região Nordeste.......................................       1.889 hospitais - 68,3% têm entre 20 e 149 leitos;

Região Centro-Oeste................................      791 hospitais - 74,6% têm entre 1 e 49 leitos;

Região Sudeste........................................        2.409 hospitais - 65,3% têm entre 20 e 149 leitos;

Região Sul................................................          1.120 hospitais - 70% têm entre 20 e 149 leitos.


Diante dos custos elevados na saúde, eficiência em gestão tornou-se fundamental para hospitais, sejam eles privados, públicos ou filantrópicos.

Para Gonzalo Vecina Neto, superintendente do Hospital Sírio-Libanês e que também foi presidente da Anvisa e secretário da saúde de São Paulo, a eficiência é o nome do jogo. "O gestor de um hospital precisa ter uma visão ampla, conhecer um pouco de tudo: medicina, contabilidade e pessoas.

Isso vale também para os hospitais filantrópicos porque não há mais grandes doadores na saúde como havia no passado. O último foi o Antonio Ermírio de Morais".

A taxa de ocupação dos leitos é uma das métricas utilizadas no setor para medir a eficiência dos recursos. Segundo Pedroso, da FEA, entre os hospitais de referência, como o Albert Einstein e o Sírio Libanês, o índice é de 83% e 89,5%, respectivamente.

Já entre os hospitais do SUS, a taxa de ocupação não ultrapassa de 64%. Um índice abaixo de 75% é considerado deficitário para especialistas do setor.

Grifo nosso

Fonte: Diagnóstico Web

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