Apesar
da polêmica sobre a revalidação do diploma de médicos formados em instituições
estrangeiras para atuar em programas do governo federal como o “Mais Médicos”,
dezenas de estudantes deixam o Brasil para cursar medicina na Rússia, a 11 mil
quilômetros de distância e que tem temperatura média anual de 5ºC.
A
experiência cultural e a concorrência nas instituições públicas são alguns
pontos levados em consideração na escolha.
No
entanto, o chamariz que tem atraído alunos de classe média é o preço cobrado
pelo curso, com uma mensalidade que equivale a R$ 920, valor inferior aos
cobrados pelas faculdades particulares, que dificilmente cobram mensalidades
menores do que R$ 2,7 mil.
Depois
de analisar os valores, o estudante de Campinas (SP) Marcos Vinícius de Freitas
resolveu encarar o desafio, enfrentar ao menos seis anos de invernos rigorosos
e as dificuldades do idioma para realizar o sonho de ser médico.
“Medicina
sempre foi um sonho pra mim. Somando
mensalidades, custo de vida, eu vou ter uma economia de 300% se comparar os
gastos até a conclusão do curso em universidades particulares de Campinas”,
revela. Para ajudar nas despesas, Freitas contará com o apoio financeiro da
família, que ficou no interior paulista.
O
curso de Medicina na Universidade Estatal Médica de Kursk, que fica a 500 km de
Moscou, custa US$ 2.450, em torno de
R$ 5,5 mil, por semestre e é cobrada
uma taxa para a reserva de alojamento, também semestral.
Segundo
dados da Aliança Russa, o número de
interessados pelo curso nas seleções feitas entre abril e setembro deste
ano aumentou em 40% se comparado com
o mesmo período de 2012, mas são selecionados de 80 a 100 estudantes.
Com
a conclusão do curso, o profissional também adquire o passe livre para
trabalhar em toda a Europa. No caso de Freitas, a ideia é fazer uma
especialização no exterior antes do retorno.
Plano de estudos
Antes de iniciar o curso de
graduação, os
brasileiros fazem a Faculdade Preparatória e terão aulas de Ciências Biológicas
em inglês, que integra o processo de adaptação à metodologia russa para praticarem
o idioma oficial das aulas.
A
grade curricular é padrão em toda a Rússia e têm mais de 11 mil horas, sendo
que a carga mínima aceita no Brasil é de 7.350 horas. A oferta de vagas para os
brasileiros ocorrem de abril a outubro.
A aventura também tem suas
barreiras
afirma Freitas, como o preconceito, a distância da família e dos amigos. “Acho
que todo mundo tem um preço a pagar para alcançar seus sonhos. Enquanto isso,
só nos resta a internet mesmo para matar a saudade”, desabafa.
Atrativos
Segundo
Carolina Perecini, diretora da Aliança Russa, o interesse do governo da Rússia
é atrair brasileiros para apresentar a cultura.
O Brasil é o único país da
América Latina para o qual vagas do programa são oferecidas.
A triagem dos alunos é feita por meio de currículo, notas escolares e análises de perfis
com entrevistas com os interessados e os responsáveis.
Revalida
Para
quem busca concluir o sonho e trabalhar no país, após superar as adversidades
do período de aulas, o profissional ainda terá que revalidar o diploma para
exercer a profissão.
Segundo a Aliança Russa, dos três alunos formados em 2012,
dois ficaram na Rússia fazendo residência médica e um fez a inscrição neste ano
e passou na primeira fase.
Dos
11 formados em 2013, todos estão trabalhando no programa “Mais Médicos”.
Grifo nosso
Fonte: G1/Anaísa Catucci / Escolas Médicas
Post também no Facebook
Sem comentários:
Enviar um comentário