terça-feira, 5 de novembro de 2013

Por mensalidade baixa, brasileiro escolhe cursar medicina na Rússia

Apesar da polêmica sobre a revalidação do diploma de médicos formados em instituições estrangeiras para atuar em programas do governo federal como o “Mais Médicos”, dezenas de estudantes deixam o Brasil para cursar medicina na Rússia, a 11 mil quilômetros de distância e que tem temperatura média anual de 5ºC.

A experiência cultural e a concorrência nas instituições públicas são alguns pontos levados em consideração na escolha.

No entanto, o chamariz que tem atraído alunos de classe média é o preço cobrado pelo curso, com uma mensalidade que equivale a R$ 920, valor inferior aos cobrados pelas faculdades particulares, que dificilmente cobram mensalidades menores do que R$ 2,7 mil.

Depois de analisar os valores, o estudante de Campinas (SP) Marcos Vinícius de Freitas resolveu encarar o desafio, enfrentar ao menos seis anos de invernos rigorosos e as dificuldades do idioma para realizar o sonho de ser médico.

“Medicina sempre foi um sonho pra mim. Somando mensalidades, custo de vida, eu vou ter uma economia de 300% se comparar os gastos até a conclusão do curso em universidades particulares de Campinas”, revela. Para ajudar nas despesas, Freitas contará com o apoio financeiro da família, que ficou no interior paulista.

O curso de Medicina na Universidade Estatal Médica de Kursk, que fica a 500 km de Moscou, custa US$ 2.450, em torno de R$ 5,5 mil, por semestre e é cobrada uma taxa para a reserva de alojamento, também semestral.

Segundo dados da Aliança Russa, o número de interessados pelo curso nas seleções feitas entre abril e setembro deste ano aumentou em 40% se comparado com o mesmo período de 2012, mas são selecionados de 80 a 100 estudantes.

Com a conclusão do curso, o profissional também adquire o passe livre para trabalhar em toda a Europa. No caso de Freitas, a ideia é fazer uma especialização no exterior antes do retorno.

Plano de estudos

Antes de iniciar o curso de graduação, os brasileiros fazem a Faculdade Preparatória e terão aulas de Ciências Biológicas em inglês, que integra o processo de adaptação à metodologia russa para praticarem o idioma oficial das aulas.

A grade curricular é padrão em toda a Rússia e têm mais de 11 mil horas, sendo que a carga mínima aceita no Brasil é de 7.350 horas. A oferta de vagas para os brasileiros ocorrem de abril a outubro.

A aventura também tem suas barreiras afirma Freitas, como o preconceito, a distância da família e dos amigos. “Acho que todo mundo tem um preço a pagar para alcançar seus sonhos. Enquanto isso, só nos resta a internet mesmo para matar a saudade”, desabafa.

Atrativos

Segundo Carolina Perecini, diretora da Aliança Russa, o interesse do governo da Rússia é atrair brasileiros para apresentar a cultura.

O Brasil é o único país da América Latina para o qual vagas do programa são oferecidas.

A triagem dos alunos é feita por meio de currículo, notas escolares e análises de perfis com entrevistas com os interessados e os responsáveis.

Revalida

Para quem busca concluir o sonho e trabalhar no país, após superar as adversidades do período de aulas, o profissional ainda terá que revalidar o diploma para exercer a profissão.

Segundo a Aliança Russa, dos três alunos formados em 2012, dois ficaram na Rússia fazendo residência médica e um fez a inscrição neste ano e passou na primeira fase.


Dos 11 formados em 2013, todos estão trabalhando no programa “Mais Médicos”.

Grifo nosso

Fonte: G1/Anaísa Catucci / Escolas Médicas

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