Página do Tumblr reúne receitas médicas com
erros que vão do mau uso do português à suposta prescrição incorreta de
remédios
São
Paulo – Contrários ao programa do governo
federal Mais Médicos desde que ele foi anunciado pela presidente Dilma
Rousseff, alguns médicos brasileiros
utilizam agora uma nova ferramenta para disseminar críticas contra os colegas
estrangeiros que já trabalham em várias cidades do país: a internet.
Página
criada na rede social Tumblr (para acessar se inscreva e
busque por “médicos cubanos”) reúne,
desde outubro, supostas receitas prescritas pelos profissionais do Mais Médicos
que conteriam falhas que vão do mau uso da língua portuguesa a erros de diagnóstico
e na prescrição de medicamentos.
Ao
jornal O Globo, um dos médicos citados pelo site confirmou que foi o autor de
uma receita criticada por erros de português.
“Eu atende em ao dia de hoje
ao paciente em PSF#12 e decide trocar a medicação (...)”, diz o documento assinado pelo médico
cubano Lázaro Raul Parra Ofarrill, que aparece em foto de uma das postagens.
Em
resposta irônica, a seguinte legenda é atribuída: ``Mim não entende… mim não
fala a língua brasileiro… Mas mim treina
no povo do Brasil a votar em Dilma”.
Ofarrill
afirmou ao Globo que não se sente incomodado pelas críticas. ``Eu gosto daqui,
vim sozinho e a recepção é muito boa. Estão muito contentes (os pacientes) com
nosso trato”, disse o médico cubano ao jornal.
Autores
Não há nada que identifique
os responsáveis pela página do Tumblr,
que reúne conteúdo disponível na internet, mas
os comentários recheados de jargões médicos, além de expressões como
``colegas`` para se referir a profissionais de várias especialidades, indicam
que a página é mantida por médicos ou residentes do Brasil.
Entre
os diagnósticos colocados sob suspeita
no site está a de um paciente que possui a doença de Parkinson e teria recebido
a orientação para tratamento com medicamento utilizado contra o hipotireoidismo.
Além
de Dilma Rousseff, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também é abertamente
criticado nos comentários.
Em nota oficial, o
Ministério da Saúde
afirma que ``as denúncias sobre supostos erros publicadas pelo referido site
foram verificadas e foi constatada diferença de prescrição e não erro``.
Confira a seguir, a íntegra da resposta do órgão:
``Todos
os profissionais do Mais Médicos são acompanhados por supervisores e tutores
permanentemente disponíveis ligados a universidades e escolas públicas que
participam do programa e pelas secretarias estaduais e municipais de saúde.
Além
disso, os médicos têm acesso a todos os protocolos clínicos e de regulação do
Sistema Único de Saúde (SUS) e a ferramentas de orientação à distância e que
possibilitam obter, a qualquer tempo, informações científicas atualizadas.
Essas
são medidas que ajudam a garantir a qualidade no atendimento da atenção básica.
A legislação prevista para
os médicos estrangeiros do programa Mais Médicos é a mesma aplicada aos demais
médicos que trabalham no Brasil.
Eles
estão sujeitos à fiscalização do Conselho Regional de Medicina (CRM), que têm a
competência de fiscalizar e de apurar eventuais erros, assim como são apuradas
as denúncias contra qualquer profissional de medicina que atue no país.
No
âmbito do Mais Médicos, denúncias sobre condutas inadequadas devem ser feitas
para a coordenação estadual do programa, para a Ouvidoria do SUS, através do
número 136, ou enviadas para o endereço de e-mail maismedicos@saude.gov.br.
Em caso de suspeita de erro
de procedimento, de diagnóstico, de encaminhamento e de receituário, a coordenação do Mais Médicos faz
contato com o gestor municipal ou com a referência estadual do programa para
apurar a veracidade do caso.
Se
a suspeita for comprovada, a coordenação
solicitará ao Ministério da Educação (MEC) o envio de um supervisor e/ou tutor
à unidade de saúde onde o médico está atuando.
O
supervisor/tutor apresentará aos ministérios da Saúde e da Educação um
relatório de supervisão descrevendo como foi a visita e avaliando se houve
procedimento considerado inadequado.
Se
for constatada conduta incorreta, a
coordenação do programa comunicará ao CRM para devida avaliação e apuração do
caso.
Dependendo da análise do
Conselho, em
conjunto com a coordenação do Mais Médico, o médico poderá ser afastado das
atividades até que haja outra avaliação ou até ser suspenso do Programa.
O
profissional, no entanto, tem assegurado o direito de resposta e ampla defesa.
As
denúncias sobre supostos erros publicadas pelo referido site foram verificadas
e foi constatada diferença de prescrição e não erro.
Até
o momento, não temos a constatação de consequência adversa para o paciente em
nenhuma das situações ali mencionadas.
Em
relação à reação contrária ao programa por parte de alguns médicos brasileiros,
o Ministério da Saúde lamenta a atitude, mas acredita que sejam reações
isoladas e que não condizem com a postura da maioria dos profissionais da
categoria”.
Grifo nosso
Fonte: Revista Exame
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