sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Médicos brasileiros reúnem erros de cubanos em site

 Página do Tumblr reúne receitas médicas com erros que vão do mau uso do português à suposta prescrição incorreta de remédios   
                             
São Paulo – Contrários ao programa do governo federal Mais Médicos desde que ele foi anunciado pela presidente Dilma Rousseff, alguns médicos brasileiros utilizam agora uma nova ferramenta para disseminar críticas contra os colegas estrangeiros que já trabalham em várias cidades do país: a internet.

Página criada na rede social Tumblr  (para acessar se inscreva e busque por “médicos cubanos”) reúne, desde outubro, supostas receitas prescritas pelos profissionais do Mais Médicos que conteriam falhas que vão do mau uso da língua portuguesa a erros de diagnóstico e na prescrição de medicamentos.

Ao jornal O Globo, um dos médicos citados pelo site confirmou que foi o autor de uma receita criticada por erros de português.

“Eu atende em ao dia de hoje ao paciente em PSF#12 e decide trocar a medicação (...)”, diz o documento assinado pelo médico cubano Lázaro Raul Parra Ofarrill, que aparece em foto de uma das postagens.

Em resposta irônica, a seguinte legenda é atribuída: ``Mim não entende… mim não fala a língua brasileiro… Mas mim treina no povo do Brasil a votar em Dilma”.


Ofarrill afirmou ao Globo que não se sente incomodado pelas críticas. ``Eu gosto daqui, vim sozinho e a recepção é muito boa. Estão muito contentes (os pacientes) com nosso trato”, disse o médico cubano ao jornal.

Autores

Não há nada que identifique os responsáveis pela página do Tumblr, que reúne conteúdo disponível na internet, mas os comentários recheados de jargões médicos, além de expressões como ``colegas`` para se referir a profissionais de várias especialidades, indicam que a página é mantida por médicos ou residentes do Brasil.

Entre os diagnósticos colocados sob suspeita no site está a de um paciente que possui a doença de Parkinson e teria recebido a orientação para tratamento com medicamento utilizado contra o hipotireoidismo.

Além de Dilma Rousseff, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também é abertamente criticado nos comentários.

Em nota oficial, o Ministério da Saúde afirma que ``as denúncias sobre supostos erros publicadas pelo referido site foram verificadas e foi constatada diferença de prescrição e não erro``. Confira a seguir, a íntegra da resposta do órgão:

``Todos os profissionais do Mais Médicos são acompanhados por supervisores e tutores permanentemente disponíveis ligados a universidades e escolas públicas que participam do programa e pelas secretarias estaduais e municipais de saúde.

Além disso, os médicos têm acesso a todos os protocolos clínicos e de regulação do Sistema Único de Saúde (SUS) e a ferramentas de orientação à distância e que possibilitam obter, a qualquer tempo, informações científicas atualizadas.

Essas são medidas que ajudam a garantir a qualidade no atendimento da atenção básica.

A legislação prevista para os médicos estrangeiros do programa Mais Médicos é a mesma aplicada aos demais médicos que trabalham no Brasil.

Eles estão sujeitos à fiscalização do Conselho Regional de Medicina (CRM), que têm a competência de fiscalizar e de apurar eventuais erros, assim como são apuradas as denúncias contra qualquer profissional de medicina que atue no país.

No âmbito do Mais Médicos, denúncias sobre condutas inadequadas devem ser feitas para a coordenação estadual do programa, para a Ouvidoria do SUS, através do número 136, ou enviadas para o endereço de e-mail maismedicos@saude.gov.br.

Em caso de suspeita de erro de procedimento, de diagnóstico, de encaminhamento e de receituário, a coordenação do Mais Médicos faz contato com o gestor municipal ou com a referência estadual do programa para apurar a veracidade do caso.

Se a suspeita for comprovada, a coordenação solicitará ao Ministério da Educação (MEC) o envio de um supervisor e/ou tutor à unidade de saúde onde o médico está atuando.

O supervisor/tutor apresentará aos ministérios da Saúde e da Educação um relatório de supervisão descrevendo como foi a visita e avaliando se houve procedimento considerado inadequado.

Se for constatada conduta incorreta, a coordenação do programa comunicará ao CRM para devida avaliação e apuração do caso.

Dependendo da análise do Conselho, em conjunto com a coordenação do Mais Médico, o médico poderá ser afastado das atividades até que haja outra avaliação ou até ser suspenso do Programa.

O profissional, no entanto, tem assegurado o direito de resposta e ampla defesa.

As denúncias sobre supostos erros publicadas pelo referido site foram verificadas e foi constatada diferença de prescrição e não erro.

Até o momento, não temos a constatação de consequência adversa para o paciente em nenhuma das situações ali mencionadas.

Em relação à reação contrária ao programa por parte de alguns médicos brasileiros, o Ministério da Saúde lamenta a atitude, mas acredita que sejam reações isoladas e que não condizem com a postura da maioria dos profissionais da categoria”.

Grifo nosso

Fonte: Revista Exame

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