Imediatismo. Essa é tônica
do discurso e da atuação governamental no que tange à implementação de uma
saúde de qualidade no Brasil.
O planejamento reside ao
largo das decisões da esfera federal em que, somente um dado interessa aos gestores.
O número de médicos/1.000hab.
Em maio de 2013, o então ministro
economista da Educação Aloísio Mercadante afirmara categoricamente que “o
balcão estava fechado” – se referindo a criação de novas vagas e/ou
universidades - fato que, o Brasil contava nesta data com 200 escolas de
medicina conforme indicava o site Escolas Médicas.
Alguns dias do “fechamento
do balcão”, o ministério autorizou a criação de mais duas escolas médicas na
região do ABC paulista.
Atualmente o Brasil conta
com 228 escolas médicas para uma população de 200 milhões de habitantes o que
equivale à população/escola em 0,87mil/escola.
Os EUA contam com 141
escolas médicas numa proporção de população/escola em 2.25 mil/escola, a China
com 150 escolas cuja proporção de população/escola é de 9.02 mil/escola, a
Alemanha com 86 milhões de habitantes possui 36 escolas e a proporção
população/escola soma 2.27 mil/escola.
A realidade brasileira demonstra
a chamada centralização de profissionais médicos nos grandes centros e existe
um número razoável de escolas de medicina, isso, se comparado às proporções dos
países desenvolvidos.
O papel dos gestores
envolvidos é a preponderância na melhora de condições de êxodo do profissional
médico.
Importante ressaltar que, se
não houve um planejamento logístico quando da implantação das escolas
existentes, seria o caso de enxergar os erros pretéritos, e estabelecer
critérios técnicos científicos de criação de novas escolas se necessário for.
Há de se pontuar que, a
abertura de escolas de medicina não corresponde em absoluto à abertura de uma
escola de pedagogia ou filosofia por exemplo.
Acompanha a escola de
medicina além de um excelente corpo docente, laboratórios, ambulatórios,
biblioteca, centro de pesquisa informatizado e sobretudo, um hospital. Não se concebe
uma escola medicina sem Hospital escola.
Hospital carece de
equipamentos de alta tecnologia, insumos, corpo clínico, corpo de apoio que
soma desde o auxiliar de limpeza ao diretor administrativo. Garanhuns (PE) que
o diga.
Partindo do princípio que a Organização
Mundial de Saúde (OMS) estabelece como razoável a relação 1,0 médico/1.000hab, o Brasil situa-se numa margem privilegiada
porém, deve se ater que esse dado estatístico tem peso preponderante nos países
diminutos da Europa, região de alto grau de densidade populacional e
centralização de seus indivíduos são uma realidade premente.
Não há de se comparar a
densidade demográfica da região Norte com a região Sudeste. Ademais, pode-se
afirmar com propriedade que uma relação de 2,8 médico/1.000hab na cidade de São
Paulo são insuficientes entretanto, esse dado globalizado da OMS não considera
essa particularidade ao se aplicar a mesma relação ao município de Rio Branco/AC.
Ainda assim, sobrariam médicos.
Eis o cenário. Médicos
contratados sem direitos trabalhistas da CLT, sem inscrição nos Conselhos
Regionais de Medicina.
Escolas de medicina sem
laboratórios, sem corpo clínico de qualidade, sem Hospitais escola.
E assim, assiste-se de camarote a política de
ensino médico se perpetuando como política no ensino médico.
Texto: João Bosco
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