quinta-feira, 15 de maio de 2014

Artigo: Criação no Brasil de escolas médicas a toque de caixa. E a qualidade?

Imediatismo. Essa é tônica do discurso e da atuação governamental no que tange à implementação de uma saúde de qualidade no Brasil.

O planejamento reside ao largo das decisões da esfera federal em que, somente um dado interessa aos gestores. O número de médicos/1.000hab.

Em maio de 2013, o então ministro economista da Educação Aloísio Mercadante afirmara categoricamente que “o balcão estava fechado” – se referindo a criação de novas vagas e/ou universidades - fato que, o Brasil contava nesta data com 200 escolas de medicina conforme indicava o site Escolas Médicas.

Alguns dias do “fechamento do balcão”, o ministério autorizou a criação de mais duas escolas médicas na região do ABC paulista.

Atualmente o Brasil conta com 228 escolas médicas para uma população de 200 milhões de habitantes o que equivale à população/escola em 0,87mil/escola.


Os EUA contam com 141 escolas médicas numa proporção de população/escola em 2.25 mil/escola, a China com 150 escolas cuja proporção de população/escola é de 9.02 mil/escola, a Alemanha com 86 milhões de habitantes possui 36 escolas e a proporção população/escola soma 2.27 mil/escola.


A realidade brasileira demonstra a chamada centralização de profissionais médicos nos grandes centros e existe um número razoável de escolas de medicina, isso, se comparado às proporções dos países desenvolvidos.

O papel dos gestores envolvidos é a preponderância na melhora de condições de êxodo do profissional médico.

Importante ressaltar que, se não houve um planejamento logístico quando da implantação das escolas existentes, seria o caso de enxergar os erros pretéritos, e estabelecer critérios técnicos científicos de criação de novas escolas se necessário for.

Há de se pontuar que, a abertura de escolas de medicina não corresponde em absoluto à abertura de uma escola de pedagogia ou filosofia por exemplo.

Acompanha a escola de medicina além de um excelente corpo docente, laboratórios, ambulatórios, biblioteca, centro de pesquisa informatizado e sobretudo, um hospital. Não se concebe uma escola medicina sem Hospital escola.

Hospital carece de equipamentos de alta tecnologia, insumos, corpo clínico, corpo de apoio que soma desde o auxiliar de limpeza ao diretor administrativo. Garanhuns (PE) que o diga.

Partindo do princípio que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece como razoável a relação 1,0 médico/1.000hab,  o Brasil situa-se numa margem privilegiada porém, deve se ater que esse dado estatístico tem peso preponderante nos países diminutos da Europa, região de alto grau de densidade populacional e centralização de seus indivíduos são uma realidade premente.

Não há de se comparar a densidade demográfica da região Norte com a região Sudeste. Ademais, pode-se afirmar com propriedade que uma relação de 2,8 médico/1.000hab na cidade de São Paulo são insuficientes entretanto, esse dado globalizado da OMS não considera essa particularidade ao se aplicar a mesma relação ao município de Rio Branco/AC. Ainda assim, sobrariam médicos.

Eis o cenário. Médicos contratados sem direitos trabalhistas da CLT, sem inscrição nos Conselhos Regionais de Medicina.

Escolas de medicina sem laboratórios, sem corpo clínico de qualidade, sem Hospitais escola.

E assim, assiste-se de camarote a política de ensino médico se perpetuando como política no ensino médico.

Texto: João Bosco

Curta e partilhe no Facebook

Sem comentários:

Enviar um comentário