Uma
nova técnica para regeneração de tecido muscular devolveu parte dos movimentos
a cinco voluntários que se submeteram ao implante de um material derivado da
bexiga de porcos.
A
"matriz extracelular" do tecido daquele órgão foi capaz de restaurar
até 20% de músculos da perna de pacientes que haviam perdido entre 60% e 90% do
volume.
Financiada
pelo Departamento de Defesa dos EUA e conduzida por pesquisadores da
Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, o projeto teve seu sucesso inicial
relatado em estudo na edição de hoje da revista "Science Translational
Medicine".
Três
dos pacientes tratados com a nova técnica eram militares, dois deles tendo
sofrido acidentes com bombas e o outro vítima de lesão por exercício. Os outros
dois sofreram acidentes de esqui.
Qualificaram-se
para o teste clínico apenas pacientes que já haviam passado por um período de
regeneração natural com fisioterapia, mas que não conseguiam progredir mais em
suas avaliações.
PREENCHENDO LACUNAS
A
"matriz extracelular" usada como enxerto era basicamente retalhos de bexiga do porco, com colágeno e
outras proteínas, mas sem as células em si, que poderiam ser rejeitadas no
transplante.
O
material já havia sido usado em cirurgias para curar hérnia abdominal e
reconstrução de seios, mas só agora foi testada em músculos.
Moldadas para se encaixar
nas lesões, as
matrizes foram implantadas cirurgicamente nos pacientes após a extração da
parte cicatrizada do músculo.
Depois,
eles foram submetidos a um programa intenso de fisioterapia.
O
mecanismo de ação da nova técnica tem relação com células-tronco – aquelas que
têm potencial para se transformar noutras células – circulando livremente em
pequenas quantidades no sangue, afirmam os cientistas.
A matriz extracelular que
preenche a lesão do músculo começa a se decompor após ser implantada, e isso atrai células-tronco para preencher a lacuna que vai sendo deixada
novamente.
Estimuladas
pela atividade intensa do músculo submetido a fisioterapia, elas se transformam
em células musculares e começa a recompor o feixe de músculo afetado.
Um
dos pontos cruciais da nova técnica, dizem os autores, é eliminar o tecido de
cicatrização que se forma em torno do músculo lesionado.
"A
abordagem que adotamos é direcionada à utilização em qualquer lugar em que
exista boa cirurgia", disse Stephen Badylak, cientista líder do grupo que
criou a nova técnica, em entrevista coletiva. "Não é o tipo de coisa para
ficar restrita a instalações universitárias."
Vídeos
com imagens dos voluntários mostram a melhora em movimentos básicos como pular,
agachar e equilibrar o corpo.
Segundo
o cientista, os pacientes haviam sofrido suas lesões muito antes de passar pelo
novo procedimento. Isso foi necessário para provar que a técnica funciona além
da regeneração natural.
A
ideia no futuro, diz, é operar vítimas de lesões recentes para tentar obter um
prognóstico ainda melhor.
Grifo nosso
Fonte: Folha de São Paulo /
Rafael Garcia
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