quinta-feira, 11 de julho de 2013

A marquetagem dos médicos estrangeiros

Considerado um dos melhores jornalistas da imprensa brasileira, o italiano radicado no Brasil Elio Gaspari ,sintetiza com maestria, precisão e trezentas palavras, a outra face ainda não totalmente desvendada do plano do governo federal no que diz respeito à importação de profissionais médicos.

A conferir:

A MARQUETAGEM DOS MÉDICOS ESTRANGEIROS

Há na proposta de importação de médicos estrangeiros um exemplo da opção preferencial do governo pela empulhação, propondo coisas novas enquanto não cuida das bobagens velhas da máquina burocrática.

A doutora Dilma anunciou que pretende trazer "de imediato milhares de médicos estrangeiros" para trabalhar em regiões carentes do país.

Isso seria feito facilitando os exames dos candidatos e alocando-os por prazos fixos em determinados municípios. Vá lá.

Veja-se a legislação imposta ao médico formado no exterior que pretende trabalhar no Brasil.

Num exemplo hipotético, Alexandre Mercadante formou-se em medicina na Universidade Harvard (a melhor dos Estados Unidos), trabalha no serviço de cardiologia da Cleveland Clinic (um dos melhores do mundo).

A certa altura decidiu voltar para Pindorama. Não quer favor algum, quer apenas trabalhar na sua terra.

Todas as universidades exigem que apresentem seus diplomas e créditos. Nada mais natural, porém diversas universidades federais somam outra exigência: a prova de residência no Brasil.

Se outro médico quiser vir pelo programa Revalida, concebido pelo governo federal, essa exigência é geral.

Entre a hora em que o doutor Alexandre Mercadante deixou seu emprego em Cleveland e aquela em que obterá a revalidação do seu diploma podem passar seis meses ou até mesmo um ano.

Pergunta: nesse período ele viverá de quê? (Se o médico for estrangeiro, a situação piora. Terá que ralar a concessão do domicílio permanente.)

Não é nem o caso de dizer que o governo da doutora Dilma dificulta a vinda de médicos estrangeiros.

As máquinas das universidades e do governo federal dificultam até mesmo a vinda de brasileiros.Fazem isso por pura onipotência burocrática.

Ganha uma residência hospitalar em Havana quem souber explicar por que o médico precisa provar que mora no Brasil para dar entrada nos seus papéis.


Comentário: João Bosco

Fonte: Folhaonline / Elio Gaspari

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