Esta semana, o médico e ministro da
Saúde Alexande Padilha num encontro com médicos, médicos residentes e
estudantes de medicina afirmou algo assim: sou médico mas
estou ministro. Não posso agir em detrimento de uma população de 200 milhões de
pessoas em função de minha formação.
Essa frase remete ao então ministro
da Educação do presidente João Figueiredo nos idos de 1979, o professor Eduardo
Portela em que na ocasião afirmou: Eu não sou
ministro. Eu estou ministro.
Por esta frase, foi demitido.
Porém, o ministro Portela expressou
de maneira a justificar que os discentes, docentes, a sociedade civil e,
inclusive ele, não estavam satisfeitos com os rumos tomados em relação à
educação àquela época.
A diferença na afirmação do médico
ministro, reside em seu teor.
Nela, o médico ministro justifica aos
colegas o injustificável por via de uma frase de efeito cujo o resultado já se
exauriu pois, medidas açodadas e temporárias não encontram espaço numa política
de saúde planejada.
Entretanto, peca o ministro ao
afirmar que 200 milhões de pessoas dependem diretamente da saúde oficial.
Estatísticas de 2012 informados pela
SUSEP e ANS sustentam que o mercado regulado de planos de saúde suplementar são
os responsáveis pela demanda de 25% da população brasileira e por extensão, os
usuários tem plena noção e consciência que não serão nem são atendidos a
contento e a tempo.
O ministro médico da Saúde e o
ministro economista da Educação Aloísio Mercadante, resolveram que a melhoria
da saúde se inicia a partir de abertura de concessões de ingresso na atividade
tomando o caminho do atalho.
Ou seja, dentre várias outras medidas
de caminhos largos e curtos, não exigir a aprovação no REVALIDA para os médicos
estrangeiros atuarem no Brasil, bastando apenas um estágio supervisionado por
15 dias e poderá trabalhar nas áreas mais inóspitas desse país, carentes de
infraestrutura para o básico exercício de uma medicina ética e humana.
O que parece razoável é a postura de
um ministro de Estado aplicando ações em que beneficie a todos e não prejudique
a ninguém.
A solução dos problemas da saúde
pública brasileira deve ser movido pela sensibilidade humana associada à
medidas gerenciais concretas de cunho eminentemente responsável e
ainda, que perdure ao longo do tempo.
Os chamados paliativo e imediatismo
não se inserem nessa questão.
É recorrente a vinculação em algum
órgão de imprensa, matéria acerca o trabalho do exército no cerne da amazônia
onde lá trabalham médicos, odontólogos, enfermeiros, enfim.
São eles profissionais de carreira,
que disputaram um concurso público e gozam de garantias trabalhistas entre as
quais a estabilidade funcional e dedicação exclusiva.
Com a dedicação exclusiva, o médico
passa a conhecer o paciente pelo seu nome e não,
pela sua patologia.
No acompanhamento do
pré-natal por exemplo, é oferecido à gestante consultas com o mesmo
médico desde o início ao final da gravidez, criando-se assim, um vínculo comum
de compartilhamento, esperança e afeto.
É a relação médico-paciente se
fazendo presente e obtendo seu verdadeiro e merecido espaço.
Assim, o médico ministro longe das
frases de efeito, se quisesse poderia realmente dotar sua pasta de medidas
concretas e sérias, estabelecendo conjuntamente com o economista ministro da
Educação a chamada carreira de Estado para médicos e profissionais civis na
saúde.
No entanto, a medida provisória ou
improvisada cada dia toma mais corpo.
Afinal, esse desmerecimento com a
classe médica será o desejo de se tornar candidato ao governo de São Paulo?
Pois, se as coisas realmente funcionarem, será ele o candidato.
O que não justifica o ministro médico
aparentemente agir disformemente com o Código de Ética Médica que, em seu
artigo 49 preconiza: É vedado ao médico:
Assumir condutas contrárias a movimentos legítimos da categoria médica com a
finalidade de obter vantagens.
Estranhamente, nesse emaranhado de
propostas e soluções carentes de solidez, o médico ministro é tomado por um
drama shakespeariano: Ser
ou não ser: Eis a questão.
Autor: João Bosco
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