quarta-feira, 24 de julho de 2013

Alexandre Padilha: Sou médico mas...estou ministro

Esta semana, o médico e ministro da Saúde Alexande Padilha num encontro com médicos, médicos residentes e estudantes de medicina afirmou algo assim: sou médico mas estou ministro. Não posso agir em detrimento de uma população de 200 milhões de pessoas em função de minha formação.

Essa frase remete ao então ministro da Educação do presidente João Figueiredo nos idos de 1979, o professor Eduardo Portela em que na ocasião afirmou: Eu não sou ministro. Eu estou ministro.

Por esta frase, foi demitido.

Porém, o ministro Portela expressou de maneira a justificar que os discentes, docentes, a sociedade civil e, inclusive ele, não estavam satisfeitos com os rumos tomados em relação à educação àquela época.

A diferença na afirmação do médico ministro, reside em seu teor.

Nela, o médico ministro justifica aos colegas o injustificável por via de uma frase de efeito cujo o resultado já se exauriu pois, medidas açodadas e temporárias não encontram espaço numa política de saúde planejada.


Entretanto, peca o ministro ao afirmar que 200 milhões de pessoas dependem diretamente da saúde oficial.

Estatísticas de 2012 informados pela SUSEP e ANS sustentam que o mercado regulado de planos de saúde suplementar são os responsáveis pela demanda de 25% da população brasileira e por extensão, os usuários tem plena noção e consciência que não serão nem são atendidos a contento e a tempo.

O ministro médico da Saúde e o ministro economista da Educação Aloísio Mercadante, resolveram que a melhoria da saúde se inicia a partir de abertura de concessões de ingresso na atividade tomando o caminho do atalho.

Ou seja, dentre várias outras medidas de caminhos largos e curtos, não exigir a aprovação no REVALIDA para os médicos estrangeiros atuarem no Brasil, bastando apenas um estágio supervisionado por 15 dias e poderá trabalhar nas áreas mais inóspitas desse país, carentes de infraestrutura para o básico exercício de uma medicina ética e humana.

O que parece razoável é a postura de um ministro de Estado aplicando ações em que beneficie a todos e não prejudique a ninguém.

A solução dos problemas da saúde pública brasileira deve ser movido pela sensibilidade humana associada à medidas gerenciais concretas de cunho eminentemente responsável e ainda, que perdure ao longo do tempo.

Os chamados paliativo e imediatismo não se inserem nessa questão.

É recorrente a vinculação em algum órgão de imprensa, matéria acerca o trabalho do exército no cerne da amazônia onde lá trabalham médicos, odontólogos, enfermeiros, enfim.

São eles profissionais de carreira, que disputaram um concurso público e gozam de garantias trabalhistas entre as quais a estabilidade funcional e dedicação exclusiva.

Com a dedicação exclusiva, o médico passa a conhecer o paciente pelo seu nome e não, pela sua  patologia.

No acompanhamento do pré-natal por exemplo, é oferecido à gestante consultas com o mesmo médico desde o início ao final da gravidez, criando-se assim, um vínculo comum de compartilhamento, esperança e afeto.

É a relação médico-paciente se fazendo presente e obtendo seu verdadeiro e merecido espaço.

Assim, o médico ministro longe das frases de efeito, se quisesse poderia realmente dotar sua pasta de medidas concretas e sérias, estabelecendo conjuntamente com o economista ministro da Educação a chamada carreira de Estado para médicos e profissionais civis na saúde.

No entanto, a medida provisória ou improvisada cada dia toma mais corpo.

Afinal, esse desmerecimento com a classe médica será o desejo de se tornar candidato ao governo de São Paulo? Pois, se as coisas realmente funcionarem, será ele o candidato.

O que não justifica o ministro médico aparentemente agir disformemente com o Código de Ética Médica que, em seu artigo 49 preconiza: É vedado ao médico: Assumir condutas contrárias a movimentos legítimos da categoria médica com a finalidade de obter vantagens.

Estranhamente, nesse emaranhado de propostas e soluções carentes de solidez, o médico ministro é tomado por um drama shakespeariano: Ser ou não ser: Eis a questão.


 Autor: João Bosco

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