Por um lado, o Conselho Federal
de medicina afirma que o SUS perdeu nos últimos 10 anos nada mais do que 40 mil
leitos.
Por outro, o governo bate na
tecla que a saúde brasileira está um verdadeiro caos em grande parte pela falta
de profissionais médicos.
Não explica entretanto,
porque Brasília e o município de São Paulo, cidades detentoras de números de médicos
maiores do que a OMS estabelece por habitante, a saúde também trata seus
pacientes em macas e corredores.
O governante deve-se se ater
à necessidade de um planejamento a longo prazo sem recorrer ao imediatismo em
que, cômodo e fácil eleger uma categoria para servir de cobaia nas suas ações
marqueteiras.
Se a carência e as dificuldades
na saúde se resumissem nos médicos, o problema seria menor. Em se tratando de corpo
clínico, faltam enfermeiros, auxiliares, maqueiros enfim.
Independentemente de
pesquisas divulgadas pelo ministério, em que o critério de avaliação é
duvidoso, não se pode em absoluto eleger o profissional médico como o algoz da
insensatez e da incompetência.
Eis a matéria:
Número
de médicos não segue crescimento de infraestrutura de saúde
[...] Segundo dados do Ministério da Saúde, nos últimos cinco anos, a
infraestrutura de saúde no Brasil cresceu em ritmo mais acelerado do que o
número de médicos que atendem a população.
No
período, o total de equipamentos de saúde registrados pelo governo federal teve
alta de 72,3%. O número de leitos hospitalares subiu 17,3% e o de
estabelecimentos de saúde, 44,5% no Brasil.
A oferta de médicos, porém, cresceu apenas 13,4% - ou seja, menos
do que os principais índices de infraestrutura de saúde.
Os
dados dizem respeito às redes pública e privada e foram compilados pela
reportagem com base no sistema DataSUS, banco de dados oficial do Ministério da
Saúde que contém as informações de todos os estabelecimentos registrados no
órgão, como hospitais, consultórios, clínicas e postos de saúde.
Entre
os equipamentos relacionados no levantamento, constam qualquer tipo de aparelho
de saúde existente nos locais, como raio X e endoscópio.
Para
o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, os números mostram que a falta de
médicos é hoje o principal gargalo para que várias novas unidades de saúde
comecem a funcionar. "No começo do ano, fizemos uma chamada nacional para
médicos brasileiros irem para a periferia das grandes cidades e para o
interior. Havia 13 mil vagas em unidades de saúde já estruturadas, mas faltavam
médicos para abrir. E foram obtidos apenas 4 mil profissionais", afirmou
Padilha ao Estado.
Os
números do DataSUS mostram que, de fato, os equipamentos de saúde continuam
concentrados nos Estados mais ricos - São Paulo, por exemplo, tem três vezes
mais equipamentos por habitante do que o Maranhão.
Entretanto, os locais onde
houve o maior crescimento nos equipamentos de saúde registrados pelo DataSUS
foram os Estados do Norte - Roraima, Rondônia, Acre e Pará mais do que dobraram
a quantidade de aparelhos desde 2008.
Como
esses são os locais em que hoje há um menor número de médicos, é na Região
Norte que há mais equipamentos por profissional. Isso, entretanto, não
significa que não falte infraestrutura nesses locais. Já em cidades como São
Gonçalo do Rio Baixo, a 84 km de Belo Horizonte (MG), apesar do programa de
médico de família, moradores precisam viajar para ir a um hospital.
Críticas
As entidades médicas, no entanto, defendem que não há falta de profissionais.
O
principal problema, segundo os representantes de classe, é a falta de uma
carreira estruturada para os médicos na rede pública, além da necessidade de
melhoria nas condições de trabalho nos locais mais remotos.
Cid
Célio Jayme Carvalhaes, presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo
(Simesp), afirmou que o aumento numérico verificado não significa uma
infraestrutura mais desenvolvida nessas regiões. "Um dos principais
problemas, que vale tanto para número de médicos quanto para a estrutura, é a
distribuição desigual", disse. "Os hospitais entre a região da
Avenida Paulista até o Jabaquara têm mais tomógrafos do que a França inteira.
Enquanto isso, em alguns bairros na zona leste da cidade não há nenhum."
O
dirigente, um dos líderes do protesto realizado por associações médicas que
reuniu cerca de 5 mil em São Paulo no dia 3, manteve a posição da entidade de
que o problema não é a carência de médicos. "Quase um terço dos médicos do País está em São Paulo, e isso não
garante a qualidade de atendimento no Estado", afirmou Carvalhaes.
Os
números do DataSUS mostram que, de fato, os equipamentos de saúde continuam
concentrados nos Estados mais ricos - São Paulo, por exemplo, tem três vezes
mais equipamentos por habitante do que o Maranhão.
Entretanto, os locais onde
houve o maior crescimento nos equipamentos de saúde registrados pelo DataSUS
foram os Estados do Norte - Roraima, Rondônia, Acre e Pará mais do que dobraram
a quantidade de aparelhos desde 2008.
Como
esses são os locais em que hoje há um menor número de médicos, é na Região
Norte que há mais equipamentos por profissional. Isso, entretanto, não
significa que não falte infraestrutura nesses locais. Já em cidades como São
Gonçalo do Rio Baixo, a 84 km de Belo Horizonte (MG), apesar do programa de
médico de família, moradores precisam viajar para ir a um hospital.
Críticas.
As entidades médicas, no entanto, defendem que não há falta de profissionais. O
principal problema, segundo os representantes de classe, é a falta de uma
carreira estruturada para os médicos na rede pública, além da necessidade de
melhoria nas condições de trabalho nos locais mais remotos.
Cid
Célio Jayme Carvalhaes, presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo
(Simesp), afirmou que o aumento numérico verificado não significa uma
infraestrutura mais desenvolvida nessas regiões. "Um dos principais
problemas, que vale tanto para número de médicos quanto para a estrutura, é a
distribuição desigual", disse. "Os hospitais entre a região da
Avenida Paulista até o Jabaquara têm mais tomógrafos do que a França inteira.
Enquanto isso, em alguns bairros na zona leste da cidade não há nenhum."
O
dirigente, um dos líderes do protesto realizado por associações médicas que
reuniu cerca de 5 mil em São Paulo no dia 3, manteve a posição da entidade de
que o problema não é a carência de médicos. "Quase um terço dos médicos do País está em São Paulo, e isso não
garante a qualidade de atendimento no Estado", afirmou Carvalhaes.
Para
o dirigente, a grande diferença entre o crescimento no número de equipamentos
disponíveis e o de novos profissionais não sugere que haja um excedente de
estrutura parada. "O aumento
impressionante no número de equipamentos revela apenas uma maior exploração
comercial em lugares onde já há atendimento."
Gurupá,
no Pará, é a cidade brasileira que registra o menor número de médicos por
habitantes do País, segundo o DataSUS.
Apenas
um médico atende no município, que tem cerca de 29 mil habitantes. Uma cidade
no interior de São Paulo revela o tamanho da disparidade regional - Águas de
São Pedro tem uma população dez vezes menor do que Gurupá, mas 15 médicos para
atendê-la.
O município com mais médicos por habitante é Niterói, na Região
Metropolitana do Rio. Lá, há um profissional para cada 176 moradores. A média
brasileira é de um médico para cada 658 habitantes.
Comentário: João Bosco
Grifo nosso
Fonte: Jornal Estadão / Bruno Deiro / Rodrigo Burgarelli
Sem comentários:
Enviar um comentário