quarta-feira, 26 de junho de 2013

Médicos se mobilizam contra medida federal

Representantes dos principais Conselhos de Medicina do Brasil se reunirão hoje (26) para definir o calendário de protestos contra a medida do governo federal de contratar médicos estrangeiros ou formados no exterior sem a revalidação do diploma.

As mobilizações acontecerão em todo País sob a direção do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Entre os presentes na reunião estarão o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), Salomão Rodrigues Filho, o presidente em exercício do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego), Rafael Cardoso Martinez, e presidentes das entidades médicas regionais e nacionais.

Para o presidente do Cremego, a medida anunciada na segunda-feira (24) não resolve o problema da falta de médicos no interior do Brasil, mas cria dificuldades para o exercício da profissão.

“Não existe carência de médicos no Brasil, até porque há uma média de dois profissionais por mil pessoas.

O que existe é uma má distribuição nacional, por causa da falta de estrutura para trabalhar.”

“Trazer médicos de formação duvidosa é arriscar oferecer tratamentos de segunda classe ao povo brasileiro”, comenta Salomão, que garante que o que mais pesa é a falta de estrutura em cidades do interior e também de um plano de carreira do Estado.

“Hoje os médicos trabalham em hospitais em que há macas espalhadas pelos corredores, falta instrumentos básicos para atender, entre outros problemas estruturais, e não têm uma carreira de Estado, com concursos públicos”, afirma.

Ofertas nem sempre cumpridas

Segundo site de secretarias de Saúde e diários oficiais, as prefeituras do interior participam de verdadeiros leilões de salários para disputar contratação de médicos e oferecem vencimentos que passam de R$ 20 mil, mais que o dobro nas capitais.

Porém, o presidente do Cremego afirma que essas ofertas são perigosas e, quando acontecem, o médico corre o risco de não receber. “Outra questão é que geralmente essas contratações não são por concurso público, mas por convite.

Então, o profissional muda para a cidade com a família, se estabelece, e quando se altera o prefeito, ele não tem garantias e precisa mudar da cidade”, afirma.

Para o médico Ali El Zein, libanês inscrito no Cremego desde 1993, o problema é que o Brasil precisa adotar uma análise padrão e facilitar a volta de brasileiros que estudam fora.

“É muito caro estudar no Brasil, são cerca de R$ 9 mil por mês por estudante. Então, é preciso padronizar a revalidação e ajudar os brasileiros que não puderam pagar cursos tão caros como os que tem aqui.”

Ali El casou-se no país de origem, com uma brasileira, e decidiu morar no País.

Mas antes, morou oito anos na França, onde cursou 13 especialidades e diz que trabalhou sob a responsabilidade do Estado, com revalidação do diploma do Líbano, sem tanta burocracia como a que viveu quando decidiu mudar para o Brasil.


Segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), hoje são 6.822 profissionais que cursaram Medicina no exterior e revalidaram o diploma no Programa Revalidar, do governo federal. Em Goiás, há 299 médicos com formação no exterior.

Entre eles, 146 deles são bolivianos e 37 vieram de Cuba. O pacto do governo federal prevê a contratação de 35 mil novos profissionais, um acréscimo de quase seis vezes no número de médicos estrangeiros.

Grifo nosso

Fonte: O Hoje / Gracciella Barros

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