Representantes dos
principais Conselhos de Medicina do Brasil se reunirão hoje (26) para definir o
calendário de protestos contra a medida do governo federal de contratar médicos
estrangeiros ou formados no exterior sem a revalidação do diploma.
As mobilizações acontecerão
em todo País sob a direção do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Entre os presentes na
reunião estarão o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de
Goiás (Cremego), Salomão Rodrigues
Filho, o presidente em exercício do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego), Rafael Cardoso Martinez, e
presidentes das entidades médicas
regionais e nacionais.
Para o presidente do
Cremego, a medida anunciada na segunda-feira (24) não resolve o problema da
falta de médicos no interior do Brasil, mas cria dificuldades para o exercício
da profissão.
“Não existe carência de médicos no Brasil, até porque há uma
média de dois profissionais por mil pessoas.
O que existe é uma má distribuição
nacional, por causa da falta de estrutura para trabalhar.”
“Trazer médicos de formação
duvidosa é arriscar oferecer tratamentos de segunda classe ao povo brasileiro”,
comenta Salomão, que garante que o que mais pesa é a falta de estrutura em
cidades do interior e também de um plano de carreira do Estado.
“Hoje os médicos trabalham
em hospitais em que há macas espalhadas pelos corredores, falta instrumentos
básicos para atender, entre outros problemas estruturais, e não têm uma
carreira de Estado, com concursos públicos”, afirma.
Ofertas
nem sempre cumpridas
Segundo site de secretarias
de Saúde e diários oficiais, as prefeituras do interior participam de
verdadeiros leilões de salários para disputar contratação de médicos e oferecem vencimentos que passam de R$ 20 mil, mais que o dobro nas
capitais.
Porém, o
presidente do Cremego afirma que essas ofertas são perigosas e, quando
acontecem, o médico corre o risco de não
receber. “Outra questão é que geralmente essas contratações não são por concurso
público, mas por convite.
Então, o profissional muda
para a cidade com a família, se estabelece, e quando se altera o prefeito, ele
não tem garantias e precisa mudar da cidade”, afirma.
Para o médico Ali El Zein,
libanês inscrito no Cremego desde 1993, o problema é que o Brasil precisa adotar
uma análise padrão e facilitar a volta de brasileiros que estudam fora.
“É
muito caro estudar no Brasil, são cerca de R$ 9 mil por
mês por estudante. Então, é preciso padronizar a revalidação e ajudar os
brasileiros que não puderam pagar cursos tão caros como os que tem aqui.”
Ali El casou-se no país de
origem, com uma brasileira, e decidiu morar no País.
Mas antes, morou oito anos
na França, onde cursou 13 especialidades e diz que trabalhou sob a
responsabilidade do Estado, com revalidação do diploma do Líbano, sem tanta
burocracia como a que viveu quando decidiu mudar para o Brasil.
Segundo dados do Conselho
Federal de Medicina (CFM), hoje são 6.822 profissionais que cursaram Medicina
no exterior e revalidaram o diploma no Programa Revalidar, do governo federal. Em Goiás, há 299 médicos com formação no
exterior.
Entre eles, 146 deles são bolivianos e 37 vieram de Cuba. O pacto
do governo federal prevê a contratação
de 35 mil novos profissionais, um acréscimo de quase seis vezes no número de
médicos estrangeiros.
Grifo nosso
Fonte: O Hoje / Gracciella Barros
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