A polêmica proposta de trazer médicos formados no
exterior para atuar no país não será suficiente para atender a necessidade de profissionais
na atenção básica.
'Falta tudo', afirma único médico de cidade no Amapá
A avaliação parte do responsável pela coordenação da área
no Ministério da Saúde e foi parar na internet.
Em encontro há três semanas com a Denem, entidade de
representação dos estudantes de medicina do país, o diretor Hêider Pinto
detalhou pontos do programa e defendeu a iniciativa do governo federal.
Ele reconheceu, entretanto, que a vinda desses
profissionais não atenderá a demanda futura. Os alunos gravaram a conversa e a
colocaram no YouTube.
"A presidente Dilma Rousseff exigiu que a gente
fizesse um plano para que, em 2020, cobríssemos toda a população
brasileira", disse.
Para isso, explicou, é preciso um salto dos atuais 33 mil
médicos que atuam na saúde da família para cerca de 50 mil profissionais.
"Mesmo o Provab [programa que envia médicos para o
interior em troca de pontos na residência] dobrando de tamanho no ano que vem,
vai faltar gente. Vamos ter lugares esperando profissionais virem",
afirmou Pinto.
Questionado, o ministério não comentou as falas do
diretor e explicou que a meta consta do plano plurianual proposto pelo
Executivo.
O diretor argumentou que não há desemprego de médicos no
país. A conta da pasta é que enquanto 19 mil empregos foram abertos em 2011
para a categoria, apenas 13 mil profissionais se formaram.
CUBA
Aos estudantes, Pinto esclareceu a polêmica sobre a vinda
de 6.000 médicos cubanos, anunciada pelo ministro Antonio Patriota (Relações
Exteriores).
Segundo ele, esse é o número ofertado pelo governo cubano
ao Brasil. "Na proposta, Cuba está selecionando médicos com mais de nove
anos de atuação, especialistas em saúde da família."
Além dos cubanos, continuou, o país recebeu a oferta de
cem médicos da Universidade de Bolonha (Itália) e mais de mil profissionais da
Espanha.
O diretor fez questão de aproximar esse programa, em
discussão no governo, ao modelo do Provab -que prevê supervisão por
universidades, tutoria e telessaúde, em que as orientações médicas são
repassadas à distância.
Os estudantes questionaram o alcance do entendimento da
realidade brasileira dos médicos estrangeiro. Pinto argumentou que o profissional não estará sozinho no
serviço: "Ele atua numa equipe, e a equipe dele é toda brasileira".
Para o CFM (Conselho Federal de Medicina), essa
estratégia não vai resolver a falta de médicos no interior pela falta de uma
política de fixação, como a melhoria da estrutura de trabalho e a criação de
uma carreira federal.
Roberto D'Ávila, presidente da entidade, criticou o
Provab. "O programa foi desvirtuado, reproduziu a mesma distribuição
demográfica desigual e falta estrutura".
Fonte: Folhaonline/Johanna Nublat/Flávia Foreque
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