Um
implante biodegradável capaz de
liberar uma medicação dentro do olho de forma gradual, por até seis meses,
chegou recentemente ao Brasil e pode ajudar a combater a perda de visão entre
pacientes diabéticos.
O
dispositivo contém dexametasona, um medicamento anti-inflamatório da classe dos
corticosteroides que é capaz de combater o edema macular, acúmulo de líquido na
mácula (parte central da retina, na parte posterior do olho).
O
edema macular é uma complicação grave entre diabéticos e pode levar à perda da
visão. Normalmente, ocorre entre os pacientes que não têm bom controle da
glicemia. Isso porque as variações de açúcar no sangue inflamam os vasos
sanguíneos, que ficam mais permeáveis. Assim, podem ocorrer vazamentos de
líquido para o exterior dos vasos.
O
diabetes é a principal causa de cegueira entre adultos de 20 a 65 anos. No
Brasil, existem 6 milhões de pessoas com baixa visão e 582 mil cegos, segundo o
último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Hoje,
o tratamento para o edema macular é feito com laser e injeções bimestrais. Os
medicamentos injetados, porém, são menos potentes que a dexametasona, segundo
especialistas.
"A
substância não é usada nas injeções convencionais porque sua ação é muito
rápida, de horas", diz Paulo Augusto Mello, oftalmologista e consultor da
Allergan, que fabrica o Ozurdex, nome comercial do implante.
"Seriam
necessárias muitas injeções."
A
principal vantagem do implante, segundo Mello, é a sua tecnologia, que permite
o uso por até seis meses do medicamento sem a necessidade de uma nova
aplicação.
A
implantação do dispositivo ocorre sem cortes, no consultório, com uma injeção
que contém o pequeno implante. O paciente toma anestesia local e todo o
procedimento dura cerca de 30 minutos.
Não é preciso retirar o implante, já que
o organismo absorve o material.
"Esse
tipo de implante é o futuro do tratamento de doenças oculares", afirma
André Marcelo Vieira Gomes, presidente da Sociedade Brasileira de Retina e
Vítreo. "A tendência é que haja mais terapias do gênero."
O
dispositivo já foi liberado nos Estados Unidos e na Europa e, segundo os
estudos que levaram à sua aprovação, também é eficaz contra a uveíte não
infecciosa (inflamação da úvea, camada média do olho).
Riscos
O
implante, porém, não está isento de riscos, que envolvem infecções e o aumento
da pressão intraocular. Esse aumento da pressão pode lesionar o nervo óptico,
estrutura que transmite os sinais do olho para o cérebro.
"Outro
risco é o surgimento de cataratas", afirma Rubens Belfort Júnior,
professor do departamento de oftalmologia da Unifesp. Mas, de acordo com Paulo
Augusto Mello, os riscos são mínimos e podem ser previstos.
Cada
aplicação do Ozurdex custa R$ 3.267,94 e não tem a cobertura por planos de saúde.
Não há previsão de chegada ao SUS.
Grifo nosso
Fonte: Folhaonline / Monique
Oliveira
Imagens: Folhapress
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